Bonito (MS) – O Grupo Omstrab, de São Paulo, aproveitou sua passagem por Bonito para realizar uma performance no balneário municipal na manhã desta sexta-feira, dia 29 de julho. Esta intervenção é baseada no novo projeto do grupo, a pesquisa sobre o “fluxo invisível”, que aborda a relação das águas com a cidade.
Fernando Lee, o criador do grupo, fala que a pesquisa é sobre os “rios invisíveis que passam pela cidade de São Paulo, a maioria soterrados ou cobertos por avenidas”. A intervenção combinou música ao vivo e dança contemporânea, com o objetivo de fazer um paralelo com os “rios internos do nosso corpo, o fluxo de líquido, como o sangue”.
O grupo pensou em ampliar sua participação no Festival, já que estava prevista somente a apresentação do espetáculo “Cidade”, na Praça da Liberdade, nesta sexta, às 18 horas. “Já que vamos apresentar no Festival, pensei em aproveitar para ter contato com a água, que é importante não só em São Paulo, mas no Brasil e no mundo todo. Cada povo tem uma problemática diferente com a água. Ela é importante para nossa sobrevivência. Li uma matéria antes de vir para cá dizendo que as fazendas próximas do parque [balneário] estão poluindo o rio. Mas isso é em todo lugar, só que de um jeito diferente. Em São Paulo as nascentes dos rios estão fora da cidade e vêm sendo poluídas”.
Para o diretor do Omstrab, o Festival de Bonito é importante em todos os sentidos pela descentralização das capitais. “Isso é o principal do Festival, mudar o foco de atenção, um festival desse porte sendo realizado fora do circuito tradicional das grandes capitais. Como integrar a área turística e ambiental com o Festival é importante também”.
O percussionista do grupo, Pedro Peu, explica que os músicos também entram em cena, também têm ação cênica nos espetáculos do grupo. Ele está há 13 anos no Omstrab, desde sua fundação. “Bonito é um sonho, é uma cidade da qual que ouvimos falar muito. É um festival bacana, de referência, é tudo de bom”.
O percussionista de Feira de Santana, na Bahia, radicado em São Paulo há 29 anos, diz que, como o “Cidade” é um espetáculo de intervenção do espaço, eles buscam interagir dialogando com as pessoas, “no parque, na praça, é um espaço espontâneo, algumas pessoas passam, outras ficam. Eu venho da cultura popular, capoeira, samba de roda, maculelê. Então quem toca também dança. Esse diálogo com outras culturas fortalece teu olhar artístico e cultural”.
Para a gestora da área de Dança da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, Júlia Aissa, é interessante ter um grupo como o Omstrab no Festival. “É um grupo que tem a proposta de dança feita para a rua e tem música, combina muito, é a cara do Festival. A intervenção de hoje é proposta deles, fazer uma atividade onde tivesse água”.
Com 20 anos de atividade continuada, o grupo Omstrab já realizou onze produções. Sediado na cidade de São Paulo, conta com a participação de mais de uma centena de profissionais das mais diversas áreas do universo cultural paulista. Sempre desenvolveu um trabalho de pesquisa seguindo um conceito de integração de linguagens – dança contemporânea, música ao vivo e teatro -, dedicando-se à criação de um Musical Brasileiro Contemporâneo.
O diretor, Fernando Lee, já esteve no Festival de Inverno de Bonito como artista convidado em 2014, e agora participa com o grupo que dirige. Quem desejar conferir o trabalho do Omstrab basta comparecer nesta sexta-feira, 29 de julho, às 18 horas, na Praça da Liberdade, durante o Festival de Inverno de Bonito. A entrada é franca.