Poucas horas antes do início do Salão de Frankfurt, o Grupo Volkswagen anuncia sua iniciativa mais ousada em direção à eletrificação de sua linha de automóveis. O grupo promete ter apenas carros elétricos até 2030. Isso quer dizer que pelo menos uma versão de seus 300 modelos à venda no mercado será movido a eletricidade. Uma virada e tanto para ser feita em 13 anos por uma companhia desse porte.
Para o discurso ser mais do que uma promessa vazia, a Volkswagen AF afirma que investirá mais de 50 bilhões de euros no desenvolvimento e produção desses novos produtos. “Isso não é uma vaga declara de intenção. É um compromisso que a partir de hoje que começa” disse Matthias Müller, CEO do Grupo Volkswagen.
Até 2025, as marcas Audi, Porsche, Seat lançarão 80 novos veículos elétricos e 30 híbridos plug-in. Os primeiros modelos da “nova” Volkswagen serão da família VW I.D. e Audi e-tron, além do Porsche Mission E. “O Salão de Frankfurt acontece em novas circunstâncias. Estamos debatendo o banimento de carros, o futuro do diesel e novas formas de mobilidade. Nosso negócio não pode ser mais o mesmo”, disse Matthias Müller.
Um dos símbolos do processo de eletrificação dos carros fabricados pelas empresas do grupo Volkswagen é a minivan autônoma Sedric. Apesar de ainda ser um modelo conceitual, já que sua venda ainda nem seria permitida por não contar com pedais e volante, o veículo será utilizado dentro da fábrica da Volkswagen, em Wolfsburg. Nos próximos meses, ele será utilizado para fazer pequenas viagens no local, levando os funcionários da empresa de um ponto a outro.
Dieselgate
O compromisso de só vender carros elétricos nos próximos anos é mais uma tentativa do grupo Volkswagen de deixar para trás o escândalo que envolveu a fraude nos níveis de emissões de motores a diesel. O caso foi descoberto em setembro de 2015 pela agência de proteção ambiental dos Estados Unidos e levou à demissão do então CEO da empresa, além de prejuízos bilionários para as montadoras do grupo VW. A fraude ficou mundialmente conhecida como Dieselgate.
O esquema consistia em instalar um equipamento nos motores a diesel que seria capaz de identificar quando um teste de emissão está sendo feito em um laboratório. Assim, o motor era automaticamente ajustado para emitir menos poluentes do que emitiria em uma situação de rodagem no dia a dia. Na prática, Volkswagen, Audi, Porsche e outras empresas do grupo venderam em diversos países carros que poluíam mais do que permitem as leis ambientais em vigor atualmente.
O escândalo atingiu também o Brasil. Por aqui, 17.057 unidades da picape Amarok fabricadas entre 2009 e 2013 contam com o dispositivo. A VW confirma a presença do equipamento, mas nega que ele esteja ativo. Assim, os índices de emissão estariam dentro dos padrões exigidos pela legislação. No entanto, testes feitos pela Cetesb a pedido do Ibama apontam que essas picapes poluem acima dos limites permitidos. A empresa recorreu e aguarda decisão final do Ibama.