Às vésperas de completar 90 anos de funcionamento, o Hospital São Vicente de Paulo (RJ) acaba de inaugurar um novo serviço voltado para a saúde da mulher: o Ambulatório de Uroginecologia. O setor chega para atender uma demanda e oferecer cuidado especializado às patologias do assoalho pélvico. De acordo com dados do National Institute of Health (NIH), 40% das mulheres com idades entre 60 a 79 anos terão algum distúrbio no assoalho pélvico. Este percentual aumenta para 50%, em mulheres com mais de 80 anos. Em pacientes entre 40 e 59 anos, a incidência chega a 26%.
“Algumas doenças como incontinência urinária, cistite e prolapso genital, muitas vezes deixam as mulheres confusas, sem saber bem qual especialista procurar. A Uroginecologia é a resposta certa para atender a essas pacientes, pois reúne as especializações em Urologia e em Ginecologia”, explica a coordenadora do novo serviço, Rubina Lúcia Fassio, que também é membro da Associação Internacional de Uroginecologia (IUGA) e da Sociedade Brasileira de Uroginecologia e Assoalho Pélvico (Uroginap – BR). “Costumamos receber pacientes encaminhadas por médicos de outras especialidades, como ginecologia, geriatria, clínica geral, urologia, neurologia, endocrinologia, cardiologia e até cirurgia geral”, acrescenta.
Completam a equipe do novo serviço do HSVP os especialistas Rebeka Cavalcanti, que também é membro da IUGA e do departamento de urologia feminina da Sociedade Brasilera de Urologia (SBU-RJ), e José Alexandre Araújo, membro do grupo de Uroginecologia da SBU-RJ e coordenador da Residência Médica em Urologia do Hospital Federal do Andaraí.
Entre as doenças mais prevalentes tratadas pela Uroginecologia estão incontinência urinária, cistite recorrente, prolapso genital, síndrome da bexiga hiperativa e a vulvodínea. Um dos complicadores para o tratamento destas patologias, em particular da incontinência urinária, é que muitas mulheres se sentem envergonhadas em relatar o problema a um médico. “Existe muito constrangimento ao abordar o assunto e muitas pacientes acabam não relatando situações de perda de urina”, explica a especialista salientando que não procurar ajuda médica é extremamente prejudicial à qualidade de vida delas. “Essas doenças mexem muito com o emocional das pacientes. Muitas entram em depressão e sofrem com baixa autoestima, mas é importante que elas saibam que essas patologias têm cura”, afirma.
Há diferentes linhas de tratamento para as patologias do assoalho pélvico. “Os tratamentos podem ser conservador, com fisioterapia pélvica; medicamentoso hormonal sistêmico ou local; terapia comportamental ou cirúrgico. Em alguns casos, podemos utilizar a aplicação de botox ou o implante de dispositivos neuromoduladores para controlar a bexiga. A fisioterapia é uma ferramenta importante e é aconselhada em quase todos os casos”, orienta.
Para o diagnóstico das doenças uroginecológicas, os especialistas contam com um importante aliado: o estudo urodinâmico, que simula o funcionamento do trato urinário baixo. O exame é indolor, demora 40 minutos, em média, e é realizado em nível ambulatorial.