Em um movimento inédito que simboliza um passo significativo para a inclusão social e política em Campo Grande, o Partido Social Democrático (PSD) lançou a candidatura coletiva de Juliano Varela, um jovem com síndrome de Down, e Márcio Ximenes, professor, ativista com deficiência visual e ex-presidente do Instituto Sul-Mato-Grossense para Cegos (ISMAC). Esta iniciativa, que reúne duas figuras comprometidas com a causa das pessoas com deficiência, promete não apenas ampliar a representatividade na Câmara Municipal, mas também trazer novas perspectivas para a formulação de políticas públicas na capital.
O vice-governador de Mato Grosso do Sul, também filiado ao PSD, José Carlos Barbosa, o Barbosinha, vê com otimismo e entusiasmo essa nova forma de fazer política. “Acredito que estamos rompendo barreiras e estabelecendo novos paradigmas em nossa sociedade. A candidatura coletiva de Juliano e Márcio não é apenas um marco para o nosso partido, mas para toda a população de Campo Grande. Ela representa a força da inclusão e a importância de darmos voz àqueles que historicamente foram silenciados”, afirma Barbosinha.
A proposta inicial da candidatura de Juliano Varela surgiu a convite do deputado estadual Pedro Pedrossian e do senador Nelsinho Trad. No entanto, a família de Juliano, inicialmente hesitante devido às limitações de comunicação e intelecto de Juliano, viu na proposta de uma candidatura coletiva a solução ideal para garantir a efetividade na defesa das pautas relacionadas à inclusão das pessoas com deficiência.
Márcio Ximenes, com vasta experiência no ISMAC, se mostrou o parceiro perfeito para essa empreitada. “Temos uma chance única de transformar a maneira como as pessoas com deficiência são vistas e tratadas em nossa sociedade. A combinação de nossas experiências pessoais e profissionais nos dá uma compreensão profunda das necessidades e desafios enfrentados por essa parcela da população e pautaremos isso na Casa de Leis. Assim, Juliano e eu podemos contribuir significativamente para uma Campo Grande mais inclusiva e justa”, declara Márcio.
Essa candidatura coletiva no PSD desafia o modelo tradicional de campanhas políticas, e se alinha com os princípios de governança participativa e democrática defendidos por Barbosinha. “Essa iniciativa tem o poder de mudar a política como a conhecemos. É uma forma de garantir que as vozes mais vulneráveis sejam ouvidas e respeitadas. Campo Grande, e todo o Mato Grosso do Sul, só têm a ganhar com essa representação direta de quem vive diariamente a luta pela inclusão”, destaca o vice-governador.
O movimento de candidaturas coletivas, que vem ganhando força em diversas partes do Brasil, é uma resposta ao desejo crescente por uma política mais inclusiva e representativa. No caso de Juliano e Márcio, essa nova modalidade eleitoral promete dar visibilidade às causas das pessoas com deficiência e criar um ambiente mais acolhedor e justo na Câmara de Vereadores da Capital.
Com uma história de vida marcada pela militância, tanto Juliano, através da Associação Juliano Varela, quanto Márcio, pelo ISMAC, têm sido vozes ativas na luta pela inclusão social em Campo Grande. Agora, essa militância ganha um novo palco, com a expectativa de transformar a Câmara em um espaço onde os direitos das pessoas com deficiência sejam defendidos com ainda mais vigor e eficácia.
“Para mim, como mãe, ver o Juliano se tornar um candidato é algo que jamais imaginei quando ele nasceu. É um orgulho imenso e uma prova de que a inclusão verdadeira é possível. A proposta de uma candidatura coletiva, nos trouxe a segurança de que as demandas das pessoas com deficiência serão realmente representadas. Essa candidatura não é apenas sobre política, mas sobre mostrar que as pessoas com deficiência têm voz e capacidade de transformar o mundo ao seu redor”, destaca Maria Luiza Fernandes, a ‘Malu’, mãe de Juliano Varela e fundadora da Associação que leva o nome do filho no atendimento ao segmento.
Candidatura coletiva
Inovadora no cenário político brasileiro, a candidatura coletiva acontece quando um grupo de pessoas se une para disputar uma eleição, compartilhando as responsabilidades e decisões do mandato. Embora o cargo seja oficialmente ocupado por uma única pessoa, todas as decisões são tomadas de forma conjunta pelos integrantes. Essa forma de representação permite uma maior diversidade de vozes e perspectivas dentro do processo legislativo. Em Campo Grande, essa será a primeira candidatura coletiva inclusiva.
Amizade forjada na inclusão
A história com Juliano Varela começou em 2007, quando Barbosinha assumiu a presidência da Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul (Sanesul) e conheceu o trabalho realizado pela Associação Juliano Varela. Desde então, uma conexão especial se formou, baseada na admiração mútua e no respeito pelas causas que ambos defendem. Barbosinha sempre destacou o compromisso da associação em proporcionar um futuro melhor para crianças com síndrome de Down, acompanhando de perto as ações de inclusão e apoio desenvolvidas pela equipe, que hoje também atende pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Esse vínculo cresceu ao longo dos anos, especialmente quando Barbosinha foi pioneiro na contratação de pessoas com deficiência na estrutura da Sanesul, inspirando outras instituições a seguirem o exemplo. Juliano, com sua presença cativante e determinação, tornou-se uma figura querida e respeitada por todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
Para Barbosinha, apoiar a candidatura de Juliano ao lado de Márcio Ximenes é mais do que um compromisso político; é a celebração de uma jornada compartilhada em prol da inclusão, onde o amor, a dedicação e o cuidado moldaram uma amizade que transcende o tempo e as adversidades.
“Acredito que essa candidatura será um divisor de águas na política local. Mais do que eleger representantes, estamos construindo um futuro onde todos possam ter vez e voz. Juliano e Márcio são exemplos de que a verdadeira inclusão é possível, e estou orgulhoso de fazer parte desse movimento”, finaliza o vice-governador.