O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) fechou novembro em 0,38%, segundo o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp. A taxa é mais alta que a do mês outubro, quando registrou 0,28%, e, no comparativo da série histórica dos meses de novembro é a menor desde 2015, quando atingiu 1,14%.
De acordo com o coordenador do Nepes/Uniderp, Celso Correia de Souza, os principais responsáveis pelo resultado do índice foram os grupos Transportes (2,78%) e Habitação (1%). As maiores baixas ocorreram com Vestuário (-1,95%), Alimentação (-0,55%) e Despesas Pessoais (-0,53%).
“A inflação ainda permanece controlada, pois na análise do acumulado as taxas estão bem abaixo da meta inflacionária fixada pelo governo, o que indica que as medidas econômicas tomadas pelas autoridades vêm dando certo, surtindo os efeitos esperados. Com isso, tem diminuído o valor da taxa Selic. Recentemente o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central realizou o corte da taxa básica de 7,5% para 7% ao ano, resultando na décima queda seguida, o que pode dinamizar o setor econômico brasileiro, com geração de emprego e renda, caso os bancos realmente adotem a medida”, explica.
A inflação acumulada nos últimos 12 meses ficou em 2,57%, índice abaixo do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. No período, a maior taxa em relação aos grupos é do Vestuário, com 8,19%, seguido de Transportes e Habitação, com inflações acumuladas de 7,49% e 4,15%, respectivamente.
No acumulado do ano, ou seja, em 11 meses, a inflação registrada subiu de 1,78% (até outubro) para 2,17%, taxa ainda baixa quando comparada com anos anteriores. “Observamos que o único grupo que está destoando em relação às inflações acumuladas é Vestuário, que teve inflação acumulada de 5,99%, muito acima do índice acumulado geral do período. Ele voltou a ter deflação no seu índice, indicando uma acomodação dos preços, certamente devido à baixa demanda que deve estar ocorrendo no mercado”, avaliou Celso.
Aparecem também com altas inflações acumuladas os grupos Transportes (7,21%) e Habitação (3,93%). Com altas deflações no período, aparecem Despesas Pessoais (-2,89%) e Alimentação (-2,76%). Os demais grupos têm inflações/deflações dentro da normalidade.
Maiores e menores contribuições
Os 10 “vilões” da inflação, em novembro:
- Gás em botijão, com inflação de 9,69% e contribuição de 0,23%;
- Gasolina, com inflação de 4,32% e contribuição de 0,14%;
- Diesel, com inflação de 3,65% e participação de 0,10%;
- Etanol, com variação de 4,35% e colaboração de 0,08%;
- Ônibus urbano, com acréscimo de 4,23% e contribuição de 0,07%;
- Ovos, com variação de 13,21% e colaboração de 0,03%;
- Queijo-de-Minas, com acréscimo de 8,33% e contribuição de 0,02%;
- Fogão, com reajuste de 13,61% e participação de 0,02%;
- Short e Bermuda masculina, com elevação de 3,34% e colaboração de 0,02%.
- Linguiça fresca, com aumento de 8,23% e participação de 0,01%;
Já os 10 itens que auxiliaram a reter a inflação, com contribuições negativas foram:
- Tênis, com deflação de -7,82% e contribuição de -0,08%;
- Refrigerador, com redução de -13,33% e colaboração de -0,07%;
- Camisa Masculina, com diminuição de -9,25% e participação de -0,06%;
- Papel higiênico, com decréscimo de -12,05% e contribuição de -0,05%;
- Acém, com baixa de -6,28% e colaboração de -0,05%;
- Açúcar, com diminuição de -9,07% e participação de -0,05%;
- Blusa, com redução de -3,87% e contribuição de -0,04%;
- Carne seca/charque, com decréscimo de -18,48%e colaboração de -0,04%;
- Máquina de lavar roupa, com queda de -14,13% e participação de -0,03%;
- Alcatra, com baixa de -2,13% e contribuição de -0,03%.
Segmentos
O grupo Habitação, que possui o maior peso de contribuição para o cálculo do índice mensal, apresentou inflação de 1%. “O aumento do gás de cozinha vem se destacando neste grupo, cujo aumento neste mês de novembro foi de 9,69%, com uma alta contribuição para o índice mensal de inflação. Por outro lado, algumas promoções de eletrodomésticos na campanha Black Friday, fez com que alguns preços tivessem quedas acentuadas”, revela Celso.
Além do gás de cozinha, os produtos/serviços com aumentos de preços neste grupo foram desinfetantes (1,89%), detergente (1,52%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: máquina de lavar roupa (-14,13%), refrigerador (-13,33%), pilha (-4,39%), entre outros.
Contrariando o comportamento apresentado em setembro e outubro, o grupo Alimentação registrou deflação em novembro: – 0,55%. Os maiores aumentos de preços que ocorreram em produtos/serviços desse grupo foram: couve-flor (41,89%), goiaba (25,03%), cheiro-verde (17,23%), entre outros. Fortes quedas de preços ocorreram com: pepino (-22,80%), limão (-20,16%), abobrinha (-19,02%), entre outros com menores quedas.
O professor da Uniderp explica que apesar da chegada do final do ano, em que ocorre aumento no consumo de alimentos e a consequente elevação de preços, há sinais de que esse ano esse comportamento não ocorrerá, “devido à supersafra de alimentos colhida em 2017, e à crise econômica que vive o país atualmente, o que provoca um freio pelo consumidor, até mesmo em produtos de alimentação. Para o ano de 2018, isso pode não ocorrer, pois, parece que o clima não estará tão favorável às lavouras e o país, aos poucos, está retomando o crescimento econômico, com aumento no nível de emprego e da renda. Talvez a inflação não ficará tão comportada quanto neste ano de 2017”, diz.
Dos quinze cortes de carnes bovinas pesquisados pelo Nepes da Uniderp, nove tiveram aumentos de preços. São eles: fígado (5,80%), ponta de peito (2,60%), patinho (2,29%), contrafilé (1,55%), lagarto (1,48%), filé mignon (0,74%), vísceras de boi (0,47%), picanha (0,43%) e cupim (0,01%). Quedas de preços ocorreram com acém (-6,28%), coxão mole (-2,69%), alcatra (-2,13%), músculo (-1,50%), paleta (-0,81%), e costela (-0,08%).
Quanto aos cortes de carne suína, aumentou de preço a costeleta suína (2,46%) e baixaram de valor a bisteca (-6,08%) e o pernil (-4,16%). Miúdos de frango tiveram aumento de preço de 4,80% e frango congelado queda de -1,68%.
O grupo Transportes apresentou forte inflação: 2,78%, devido a elevação dos preços de combustíveis etanol (4,35%) e gasolina (4,32%) ônibus urbano (4,23%), diesel (3,65%), entre outros. Queda de preço ocorreu somente com ônibus interestadual (-2,63%), “certamente, motivada por promoções de passagens”, complementa Celso.
Deflação foi registrada com Educação, que fechou em -0,32%, devido a quedas de preços de produtos de papelaria, bem como, com o grupo Despesas Pessoais, que fechou em -0,53%. Os principais produtos/serviços que tiveram aumentos de preços nos segmentos foram: xampu (3,87%), creme dental (3,67%), hidratante (1,99%), entre outros. Reduções de valor ocorreram com: absorvente higiênico (-4,72%), produto para limpeza de pele (-2,25%), sabonete (-0,92%), entre outros.
Já o grupo Saúde ficou índice estável: 0,01%, mas alguns produtos/serviços que tiveram aumentos de preços foram exame de laboratório (0,66%) e psicotrópico e anorexígeno (0,32%). Quedas foram identificadas com material para curativo (-2,36%) e antimicótico e parasiticida (-1,26%).
Completando o estudo, Vestuário encerrou o mês com queda de -1,95%, devido, principalmente, a liquidações de artigos da estação primavera que está no fim. “Deve-se levar em conta a grande promoção de roupas com o advento da grande liquidação da Black Friday que ocorreu no dia 24 de novembro. Em dezembro, a tendência é de aumento do índice com a chegada da nova estação, o verão”, contextualizou o coordenador do Nepes/Uniderp, Celso Correia.
IPC/CG
O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG via Nepes.