Inflação de janeiro é a menor dos últimos 25 anos

Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Uniderp aponta que a habitação e a alimentação pesaram no bolso do consumidor.

O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) encerrou janeiro com índice de 0,24%, o menor valor para a inflação já constatado para o primeiro mês do ano, desde o início da série histórica do plano real, em 1994. O indicador é do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp, que mede a inflação em Campo Grande há 16 anos.

O coordenador do Nepes da Uniderp, revela que as altas dos índices em Habitação, Alimentação e Despesas Pessoais foram os grandes responsáveis pelo aumento da inflação em Campo Grande nesse mês de janeiro. “O grupo Habitação, teve aumento de preços de dois produtos/serviços influenciados pelo governo, como taxa de água e esgoto e gás em botijão, que causaram alto impacto na inflação. Já, os grupos Transportes e Vestuário foram os principais grupos que seguraram a inflação, pois, tiveram altas deflações em seus índices (-0,96% e -1,97%, respectivamente). Essa nova política de preços da Petrobrás tem feito cair paulatinamente os preços dos combustíveis, principalmente, gasolina e diesel”, analisa o pesquisador.

O grupo alimentação foi um dos que pesaram no bolso do consumidor – Foto: Álvaro Barbosa

A inflação acumulada nos últimos doze meses está em 3,69%, abaixo da meta inflacionária do Conselho Monetário Nacional (CNM) para o país no ano de 2019, cujo centro da meta é de inflação de 4,25%.

“A estabilidade do dólar, em torno de R$3,70, com tendência de queda, pode continuar trazendo um alívio para a economia brasileira, pois, deixará de impactar a inflação com aumentos dos preços de produtos importados como trigo, máquinas de alta precisão, eletroeletrônicos e gasolina. E os fatores que ajudaram na redução da inflação neste ano são nível de desemprego, os juros praticados na economia e o alto nível de endividamento da população, fazendo com que haja queda de consumo”, complementou Celso.

Maiores e menores contribuições 

Os 10 “vilões” da inflação, em janeiro:

  • Taxa de esgoto/água, com inflação de 7,84% e contribuição de 0,37%;
  • Gás em botijão, com inflação de 5,33% e contribuição de 0,16%;
  • Mensalidade de clube, com inflação de 2,99% e participação de 0,04%;
  • Aluguel em apartamento, com variação de 0,63% e colaboração de 0,04%;
  • Cenoura, com acréscimo, de 49,89% e contribuição de 0,04%;
  • Contrafilé, com variação de 6,09% e colaboração de 0,03%;
  • Alcatra, com acréscimo de 2,78% e contribuição de 0,03%;
  • Feijão, com reajuste de 7,30% e participação de 0,03%;
  • Sapato masculino, com elevação de 5,62% e colaboração de 0,03%.
  • Sabonete, com aumento de 4,67% e participação de 0,03%;

Já os 10 itens que auxiliaram a reter a inflação, com contribuições negativas foram:

  • Gasolina, com deflação de -2,71% e contribuição de -0,11%;
  • Tomate, com redução de -21,92% e colaboração de -0,05%;
  • Patinho, com diminuição de -6,22% e participação de -0,04%;
  • Calça masculina, com decréscimo de -7,37% e contribuição de -0,04%;
  • Arroz, com baixa de -3,46% e colaboração de -0,04%;
  • Ovos, com diminuição de -13,31% e participação de -0,03%;
  • Cabeleireiro (corte e pintura), com redução de -2,13% e contribuição de -0,03%;
  • Batata, com decréscimo de -8,03%e colaboração de -0,03%;
  • Diesel, com queda de -0,68% e participação de -0,02%;
  • Sapato feminino, com baixa de -4,49% e contribuição de -0,02%.

Segmentos

O grupo Habitação, que possui o maior peso de contribuição para o cálculo do índice mensal, apresentou alta de 1,21%. Itens e serviços como limpa vidros (8,71%), taxa de água e esgoto (7,84%), álcool para limpeza (5,85%), e foram os destaques em aumento de preços em janeiro. Já o inseticida (-7,78%), a água sanitária (-1,64%), e a esponja de aço (-1,58%) ficaram com as maiores reduções.

O grupo Alimentação apresentou uma forte inflação: 0,54%. “Esse resultado é devido ao clima muito severo nas regiões produtoras de alimentos, principalmente, frutas e legumes, que tiveram reajustes de preços e quedas na qualidade dos produtos. Quando o clima é desfavorável há aumentos de preços”, explica Celso. O pesquisador também completa orienta que o grupo Alimentação é o melhor termômetro para explicar o comportamento da inflação ao longo do ano, pois, tem a segunda ponderação na formação do índice inflacionário geral, e tem grande importância para o consumidor, por se tratar de alimentação.

Os aumentos mais expressivos neste grupo foram com: cenoura (49,89%), manga (49,09%), chuchu (41,53%), entre outros. Fortes quedas foram constatadas com: tomate (-21,92%), ovos (-13,31%), costeleta suína (-8,94%), entre outros.

Dos quinze cortes de carne bovina pesquisados pelo Nepes/Uniderp, nove tiveram aumentos de preços. São eles: contrafilé (6,09%), cupim (3,45%), acém (3,33%), picanha (2,96%), vísceras de boi (2,85%), alcatra (2,78%), filé mignon (1%), coxão mole (0,53%) e lagarto (0,01%). “A tendência dos preços da carne bovina ainda não está bem delineados, alguns cortes baixam e outros sobem, uma oscilação reflexo da oferta e a demanda do produto. É possível que haja um aumento extra no preço da carne bovina devido o levantamento do embargo dessa carne por parte da Rússia, que está retomando”, analisa o professor.

Quedas de preços ocorreram com patinho (-6,22%), paleta (-4,36%), ponta de peito (-1,31%), costela (-1,07%), músculo (-0,30%) e fígado (-0,20%).

Quanto aos cortes de carne suína, tiveram quedas de preços a costeleta (-8,94%) e a bisteca (-8,21%). O pernil aumentou em 6,29%. O frango resfriado teve queda de preço de -1,81% e os miúdos redução de -0,48%.

O grupo Transportes se destacou pela deflação de -0,96%, devido a quedas nos preços de alguns de seus produtos / serviços.

O grupo Educação fechou negativo, -0,33%, puxado pela a redução em artigos de papelaria.

Já o grupo Despesas Pessoais que aumentou 0,67%. Os principais produtos/serviços que tiveram elevações de preços foram: sabonete (4,67%), creme dental (4,17%), xampu (4,10%), entre outros. Reduções ocorram produto para limpeza de pele (-4,27%), hidratante (-3,09%) e cabeleireiro (corte e tintura) (-2,13%).

A Saúde registrou índice de 0,01%, devido à elevação nos preços preço da radiografia (6,90%). Material para curativo, (-1,82%), analgésico e antitérmico (-0,02%) e psicotrópico e anorexígeno (-0,01%) registaram de diminuição de valor.

Vestiário começou o ano com deflação de (-1,97%). Entre os principais aumentos do grupo estão: sapato masculino (5,62%), lingerie (4,99%), camiseta feminina (4,89%), entre outros. Quedas de preços aconteceram com calça comprida masculina (-7,37%), camiseta masculina (-6,97%), vestido (-6,24%), entre outros.

IPC/CG

O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.

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