Inflação de setembro volta a subir em Campo Grande (MS)

IPC/CG fecha em 0,57% e inflação acumulada se aproxima dos 10%.

Os consumidores campo-grandenses sentiram a alta dos produtos nos supermercados da cidade. – Foto: Álvaro Barbosa

Os consumidores campo-grandenses sentiram a alta dos produtos nos supermercados da cidade. – Foto: Álvaro Barbosa

A inflação de setembro voltou a subir na Capital. O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG), divulgado mensalmente pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas (NEPES) da Uniderp, ficou em 0,57%, valor bem maior que o registrado em julho, que foi 0,31%. O indicador ocupa a sexta posição de maior índice do ano.

No comparativo com setembro de 2014, quando o índice registrado foi de 0,25%, o indicador de 2015ficou 0,32% maior.

Segundo o coordenador do Nepes e pesquisador da Uniderp, Celso Correia de Souza, “essa tendência de elevação é preocupante tanto pelo lado do consumidor, que perde poder aquisitivo, quanto pelas autoridades monetárias, preocupadas com essa vigorosa escalada da inflação”.

Com índice de 0,70%, o grupo Habitação foi o que mais contribuiu para a elevação da inflação na Capital, seguido dos grupos Alimentação (1,15%), Transportes (0,90%), Educação (0,24%) e Saúde (0,11%). “Os dois primeiros grupos colaboraram com 0,23% para a inflação de setembro em Campo Grande. O grupo Alimentação começa a preocupar novamente e os motivos de sua alta tem sido o clima, a elevação do dólar frente ao real e a aproximação do final de ano, em que normalmente o consumo de alimentos é maior”, completa o professor Celso.

Deflações em setembro foram identificadas nos grupos Despesas Pessoais (-0,53%) e Vestuário (-0,05%).

Inflação acumulada –  A inflação acumulada nos últimos doze meses, em Campo Grande, é de 9,82%, muito acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 6,5%. As maiores inflações no período, por grupo, foram: Habitação com 13,07%, Alimentação e Transportes, ambos com 11,65%, e Despesas Pessoais com 10,71%.

Considerando os nove meses de 2015 a inflação acumulada já ultrapassou o teto da meta, chegando a 8,18%. Destacam-se com as maiores inflações acumuladas os grupos: Habitação, com 12,70%, Despesas Pessoais, com 9,60% e Alimentação, com 8,18%, com índices iguais ou superiores à inflação acumulada de 2015. O grupo Vestuário está com deflação acumulada em 2015, de -0,27%.

Para o pesquisador da Uniderp, o retorno da inflação ao centro da meta estabelecido pelo CMN, só deverá ocorrer em meados de 2016, se as medidas tomadas pelas autoridades do governo forem bem-sucedidas. “Certamente, as medidas heterodoxas adotadas pelo atual governo, com crédito fácil a juros baratos subsidiados pelo governo para incentivar o consumo, não incentivando a poupança interna, fez com que o endividamento do consumidor crescesse muito. Desse modo, faz necessário o retorno à ortodoxia, mantendo os juros mais elevados, diminuindo a quantidade de créditos ofertados, fazendo diminuir o consumo. Com isso, a inflação deve ceder,” analisa Celso.

Os dez mais e os dez menos do IPC/CG – Os responsáveis pelas maiores contribuições para a inflação do mês de setembro foram: gás em botijão (0,24%), gasolina (0,11%), batata (0,09%), contrafilé (0,03%), biscoito (0,03%), laranja pera (0,03%), etanol (0,02%), aluguel apartamento (0,02%), alcatra (0,02%) e costela (0,02%).

Já os dez itens que mais ajudaram a segurar a inflação nesse período com contribuições negativas foram: energia elétrica (-0,08%), tênis (-0.05%), arroz (-0,03%), tomate (-0,03%), vassoura (-0,03%), cebola (-0,02%), cera para assoalho (-0,02%), short e bermuda masculina (-0,01%), xampu (-0,01%) e protetor solar (-0,01%).

Segmentos

Em setembro, o grupo Habitação apresentou uma forte elevação em seu índice, de 0,70% em relação ao mês anterior. Alguns produtos/serviços deste grupo que sofreram majorações de preços foram: gás em botijão (10,25%) – ainda não houve o repasse total de preço feito pela Petrobras -, água sanitária (3,88%), esponja de aço (3,46%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: cera para assoalho (-5,21%), máquina de lavar roupa (-2,44%), lâmpada (-1,58%), entre outros.

O índice de preços do grupo Alimentação apresentou forte alta em relação ao mês anterior, da ordem de 1,15%. Os maiores aumentos de preços que ocorreram em produtos desse grupo foram: batata (34,55%), manga (28,22%), limão (27,97%), entre outros. Fortes quedas de preços ocorreram com os seguintes produtos: cebola (-15,81%), tomate (-14,41%), pepino (-9,17%), entre outros.

O pesquisador da Uniderp explica os motivos do sobe desce de preços. “O grupo Alimentação sofre muita influência de fatores climáticos e da sazonalidade de alguns de seus produtos, principalmente, verduras, frutas e legumes. Alguns produtos aumentam de preços ao término da safra, outros diminuem de preços quando entram na safra. Quando o clima é desfavorável há aumentos de preços, ocorrendo quedas quando o clima se torna favorável”, diz Correia.

Dos quinze cortes de carnes bovinas pesquisados pelo NEPES da Uniderp, dez deles sofreram aumentos de preços. As maiores elevações ocorreram com: músculo (7,0%), contrafilé (5,19%), costela (4,28%), patinho (2,78%), alcatra (1,86%), coxão mole (1,30%), paleta (0,88%), lagarto (0,77%), fígado (0,31%) e cupim (0,09%). As quedas de preços foram: ponta de peito (-5,58%), picanha (-2,72%), filé mignon (-2,52%), vísceras de boi (0,76%) e acém (-0,11%).

Segundo o pesquisador da Uniderp, apesar do alto valor da carne bovina no varejo, o consumidor continua comprando o produto, aumentando a demanda e, consequentemente, o seu preço.“A valorização da carne bovina, além da alta demanda, está atrelada principalmente à baixa oferta de boi gordo para o abate e a entrada de boi de confinamento, que historicamente tem um preço mais elevado do que o boi de engorda a pasto. Ao mesmo tempo, a demanda no varejo deve ter melhorado neste mês, principalmente, por cortes mais baratos, pois, tiveram as maiores altas. Está havendo uma migração de consumidores dos cortes mais caros para cortes mais baratos. Por outro lado, a exportação de carne bovina tem aumentado, favorecida pela desvalorização do real frente ao dólar”, avalia Celso Correia.

A carne suína também ficou mais cara em setembro. A costeleta teve aumento de preço de 1,97%, o pernil 2,24% e a bisteca 6,55%.

Optar pelo frango pode ser uma alternativa para os consumidores. O levantamento do NEPES aponta que essa carne registrou queda de preço de -0,43%, bem como o miúdo de frango, que apresentou deflação de -0,53%.

Com relação ao grupo Transportes houve alta de 0,90%, devido aumentos nos preços da gasolina (3,26%), passagens de ônibus intermunicipal (1,54%) e etanol (1,25%). Queda de preço ocorreu com automóvel novo (-0,05%).

Elevação também foi constatada com o grupo Educação, que apresentou moderada inflação 0,24%, devido a aumentos de preços em produtos de papelaria, de 2,29%.

Já no grupo Despesas Pessoais observou-se deflação, da ordem de -0,53%. Alguns produtos/serviços desse grupo que tiveram aumentos de preços foram: fio dental (9,02%), absorvente higiênico (6,15%), sabonete (0,75%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: protetor solar (-5,64%), xampu (-4,78%), revelação fotográfica (-0,75%), entre outros.

O grupo Saúde registrou elevação de 0,11%. Os produtos deste grupo que tiveram os maiores aumentos foram: antiinflamatório e antireumático (2,53%), material para curativo (2,22%), psicotrópico e anorexígeno (0,57%), entre outros. As maiores quedas de preços ocorreram com os produtos: antigripal e antitussígeno (-1,26%), analgésico e antitérmico (-0,73%), hipotensor e hipocolesterínico (-0,53%), entre outros.

Ao contrário de Saúde, o grupo Vestuário apresentou pequena queda de -0,05%. Aumentos de preços ocorreram com: camisa masculina (2,28%), sandália/chinelo feminino (1,22%), sapato masculinho (1,05%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: tênis (-4,95%), short e bermuda masculina (-2,16%), camiseta masculina (-1,66%), entre outros.

IPC/CG – O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC / CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O Índice busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Universidade Uniderp divulga mensalmente o Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande.

Fonte:  S2Publicom

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