O Sistema Famasul – Federação da Agricultura e Pecuária de MS acaba de finalizar um importante levantamento econômico e de produção sobre as principais cadeias produtivas de Mato Grosso do Sul, dos últimos 40 anos.
O material é um anuário elaborado com a finalidade de apresentar aos produtores rurais, profissionais do setor, pesquisadores, lideranças, jornalistas e entidades representativas, o desenvolvimento do Agro a cada ano.
Dentre os destaques está a bovinocultura de leite nas microrregiões de Iguatemi, município localizado na região do extremo sul de MS, e Campo Grande, compostas por 21 municípios.
Nas duas, o estudo observou que, mesmo com as dificuldades enfrentadas pelos produtores para se manter na atividade, a evolução de produção juntas somam um crescimento percentual de 59,8%, no mesmo período da análise. O volume produzido atingiu 520 milhões de litros no Estado em 2015, resultando em R$ 444 milhões.
O presidente do Sistema Famasul, Mauricio Saito, reforça que o resultado apresentado é o reflexo do empreendedorismo dos bovinocultores de leite sul-mato-grossenses. “Ao observar o aumento no desempenho do volume produzido, conferimos que os produtores têm se empenhado e também investido em gestão. O desafio, certamente, é aumentar a produtividade e a rentabilidade, o que exige tecnificação e, cada vez mais, gerenciamento”, observa.
A analista do Departamento de Economia do Sistema Famasul, Eliamar Oliveira, avalia que a maior dificuldade enfrentada pelo produtor é o valor pago pela indústria, que ainda é insuficiente para cobrir os gastos produtivos, além de inviabilizar a margem de lucro.
“Em 2016 houve um cenário atípico: apesar do aumento expressivo na cotação deste segmento, superando o cenário que naturalmente já ocorre no período de inverno em razão da queda na oferta. Entretanto, o produtor teve sua rentabilidade comprometida, devido à falta de milho para produção de ração que elevou os custos produtivos”, detalha Eliamar.
A economista lembra que, no primeiro semestre deste ano, os preços de mercado permaneceram relativamente estáveis e atrativos, no entanto, dificilmente atingirá a máxima registrada em 2016. “No ano passado, a cotação paga ao produtor chegou ao máximo de R$ 1,27. Até o mês de maio houve uma valorização de 4,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que demonstra um melhor planejamento do bovinocultor de leite”.
Ações do Sistema Famasul – Na avaliação da gestora do Departamento de Assistência Técnica e Gerencial do Senar/MS, Mariana Urt, o desempenho obtido pelas duas microrregiões também pode ser analisado a partir do atendimento oferecido pelo programa Mais Leite. “Com menos de três anos, o trabalho realizado por nossa equipe técnica tem contribuído no sentido de oferecer ao produtor de leite uma mudança de comportamento que começa no planejamento da atividade, passando por capacitações em pontos do manejo que ainda apresentam dificuldades até a gestão econômica do negócio. Atualmente, temos 900 produtores atendidos em 30 municípios, o que demonstra a necessidade de investimento em qualificação, gerenciamento e controle de custos produtivos”, pontua.
Desde 2014, o Senar/MS oferece a metodologia de ATeG – Assistência Técnica e Gerencial. Denominado programa Mais Leite, a iniciativa tem objetivo de contribuir com o desenvolvimento desta cadeia, oferecendo orientação técnica, capacitação e apoio gerencial na atividade. Atualmente 900 famílias são atendidas em 39 municípios sul-mato-grossenses.