Depois de registrar elevação no mês de julho, a inflação de Campo Grande voltou a cair. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG), divulgado mensalmente pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas (NEPES) da Universidade Uniderp, ficou em 0,31%, abaixo do índice de julho, que foi de 0,51%. O índice do mês passado superou em 0,08% o mesmo período de 2014, quando o indicador registrado foi de 0,23%.
O grupo Habitação atingiu 0,38%, sendo o que mais contribuiu para a elevação da inflação na capital. Ainda, com inflações positivas estão Saúde, com 0,76%, Despesas Pessoais 0,64%, Vestuário 0,46% e Transportes, com 0,32%. O grupo Alimentação teve índice negativo de -0,18%, algo muito esperado pela comunidade.
Segundo o coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas da Uniderp, Celso Correia de Souza, a inflação acumulada, que atualmente é de 9,47% pode atingir os dois dígitos, ou seja, se tornar maior que 10%, um impacto negativo na vida das famílias campo-grandenses. “Certamente, as medidas heterodoxas até agora adotadas pelo atual governo, com crédito fácil a juros baratos subsidiados pelo governo para incentivar o consumo fez com que o endividamento crescesse muito. É hora do retorno à ortodoxia, mantendo os juros mais elevados, reduzindo o papel dos bancos oficiais, diminuindo a quantidade de créditos por eles ofertadas, fazendo diminuir o consumo. Com isso, a inflação deve ceder”, acredita o professor.
Inflação acumulada – A inflação acumulada nos últimos doze meses, em Campo Grande, é de 9,47%, muito acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 6,5%. As maiores inflações no período, por grupo, foram: Habitação 12,43%, Despesas Pessoais 11,49%, Alimentação 11,26% e Transportes 10,63%.
Ponderando os oito meses de 2015 a inflação acumulada já ultrapassou o teto da meta, chegando a 7,57%. Destacam-se com as maiores inflações acumuladas os grupos: Habitação 11,92%, Despesas Pessoais 10,18% e Educação 8,07%. O grupo Vestuário está com deflação acumulada em 2015, de (-0,51%).
Em análise do cenário, o professor Celso Correia acredita que só haverá contenção da inflação acumulada caso os próximos índices sejam menores que os registrados nos últimos meses de 2014. Se essa expectativa se concretizar “a partir de outubro pode até ocorrer que a inflação acumulada deste ano não ultrapasse os 10%, resultado que seria muito interessante às autoridades governamentais. Se, realmente, as medidas do CMN surtirem os devidos efeitos, o retorno ao centro da meta, que é de 4,5%, com bastante otimismo, só acontecerá durante o ano de 2016”, diz o pesquisador.
Os dez mais e os dez menos do IPC/CG – Os responsáveis pelas maiores contribuições para a inflação do mês de agosto foram: Sabão em pó (0,08%), tênis (0,07%), gasolina (0,07%), acém (0,06%), bebidas alcoólicas (0,04%), papelaria (0,03%), pão francês (0,03%), sabonete (0,03%), aluguel apartamento (0,02%) e esponja de aço (0,02%).
Já os dez itens que mais ajudaram a segurar a inflação nesse período com contribuições negativas foram: batata (-0,09%), impressora (-0,08%), pescado fresco (-0,04%), arroz (-0,03%), óleo de soja (-0,03%), laranja pêra (-0,03%), papel higiênico (-0,02%), tomate (-0,02%), alface (-0,02%) e linguiça fresca (-0,02%).
Segmentos
Com índice bem menor que o mês anterior, o grupo Habitação apresentou uma moderada elevação de 0,38%. Alguns produtos/serviços deste grupo que sofreram majorações de preços foram: esponja de aço (8,59%), sabão em pó (7,14%), forno micro-ondas (6,07%), entre outros com menores aumentos. Quedas de preços ocorreram com: impressora (-6,82%), carvão (-6,22%), desinfetante (-1,75%), entre outros.
Considerada a vilã da inflação na maior parte do ano, em agosto a Alimentação fechou o período com índice negativo: -0,18%. Os produtos desse grupo que obtiveram elevação de preços foram: sopa desidratada (18,15%), goiaba (15,50%), cebola (13,14%), melancia (11,90%), entre outros com menores aumentos. Fortes quedas de preços ocorreram com os seguintes produtos: batata (-24,50%), chuchu (-19,41%), salsa (-17,55%), laranja pera (-14,26%), entre outros.
O pesquisador da Anhanguera-Uniderp explica os motivos da variação. “O grupo Alimentação sofre muita influência de fatores climáticos e da sazonalidade de alguns de seus produtos, principalmente, verduras, frutas e legumes. Alguns produtos aumentam de preços ao término da safra, outros diminuem de preços quando entram na safra. Quando o clima é desfavorável há aumentos de preços, ocorrendo quedas quando o clima se torna favorável”, diz Correia.
Quando o assunto é carne, dos quinze cortes bovinos pesquisados, treze deles sofreram aumentos de preços. São eles, acém (5,87%), cupim (4,80%), lagarto (4,68%), ponta de peito (4,58%), paleta (4,47%)patinho (4,33%), filé mignon (3,99%), costela (2,95%), músculo (2,65%), contrafilé (1,43%), alcatra, picanha (0,46%), vísceras de boi (0,18%). As quedas de preços foram registradas no coxão mole (-0,35%) e no fígado (-0,30%).
O frango resfriado também teve aumento de 1,08% e os miúdos 6,61% de reajuste. A carne suína registrou o mesmo comportamento em dois cortes: costeleta, com 5,94% de elevação no preço, e pernil com aumento de 1,48%. A bisteca teve deflação de -4,77%.
“A valorização da carne bovina está atrelada principalmente à baixa oferta de boi gordo para o abate e a entrada de boi de confinamento, que historicamente tem um preço mais elevado do que o boi de engorda a pasto. Ao mesmo tempo, a demanda no varejo deve ter sido maior. Está havendo uma migração de consumidores dos cortes mais caros para cortes mais baratos. Por outro lado, a exportação de carne bovina tem aumentado, favorecida pela desvalorização do real frente ao dólar”, analisa o pesquisador da Uniderp, Celso Correia.
Apresentando moderada inflação estão os grupos Transportes, com índice da ordem de 0,32%, devido aumentos nos preços da gasolina (1,83%), e pneu novo (0,08%); e Educação com 0,35%, resultante de elevações em produtos de papelaria (4,45%).
O grupo Vestuário também não teve grande elevação, em torno de 0,46%. Itens com maiores aumentos foram: tênis (7,36%), short e bermuda masculina (1,72%), camiseta masculina (1,51%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: saia (-4,39%), bermuda e short feminino (-4,17%), lingerie (-2,17%), entre outros.
O grupo Despesas Pessoais apresentou uma forte alta em seu índice, da ordem de 0,64%. Alguns produtos/serviços desse grupo que tiveram aumentos de preços foram: absorvente higiênico (8,39%), xampu (5,44%), sabonete (5%), entre outros. Reduções de preços ocorreram com papel higiênico (-5,31%), creme dental (-2,26%) e produto para limpeza de pele (-0,76%).
Sem nenhuma queda de preço registrada em agosto, o grupo Saúde também fechou em alta com o índice de 0,76%. Entre os itens pesquisados com reajustes mais expressivos estão: material para curativo (5,26%), vitamina e fortificante (3,94%), antidiabético (3,93%), antigripal e antitussígeno (3,58%), entre outros.
IPC/CG – O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC / CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O Índice busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Universidade Anhanguera-Uniderp divulga mensalmente o Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande.
Fonte: Alfapress Comunicações