João Bosco de Medeiros

Desde sua origem até nossos lares, o rádio veio conquistando a atenção e carinho de seus ouvintes. E sua invenção ainda é uma rivalidade entre dois países: Itália e Brasil. Os europeus atribuem seu surgimento na Itália sob a responsabilidade de Guglielmo Marconi, italiano nascido na Bologna em 1874. Já os brasileiros se orgulham de que o rádio foi inventado pelo padre gaúcho Roberto Landell de Moura, nascido em Porto Alegre em 1862.

João Bosco de Medeiros recebendo homenagem – Foto: Acervo Pessoal

Em 1893, Landell inventou um aparelho que recebia a voz humana, sem a utilização de fios condutores. Sua primeira experiência ocorreu em São Paulo, naquele mesmo ano. Foi considerado louco por muitos. Não conseguiu apoio do governo brasileiro. Viajou para os EUA, em 1901, onde patenteou o telégrafo sem fio, o telefone sem fio e o transmissor.

A primeira transmissão radiofônica (considerada) no país deu-se no ano de 1922, em comemoração ao Centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro daquele ano, sendo que o primeiro programa foi o discurso do, então, presidente da nação, Epitácio Pessoa. Oficialmente, a primeira emissora foi a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923, fundada por Roquete Pinto, o responsável por trazer a radiodifusão ao Brasil. O dia 25 de setembro, dia em que se comemora o Dia do Rádio, foi criado em homenagem à data de nascimento de Roquete Pinto.

O rádio começou a fazer parte da vida cultural da sociedade com programações variadas como notícias políticas, econômicas, esportivas, música, entrevistas com cantores, radionovelas e a inclusão da publicidade com a presença de muitos “jingles”. Esse meio eletrônico de comunicação perdeu seu posto majoritário com o surgimento da televisão no mundo a partir da década de 40 e, no Brasil, na década de 50. Mas suportou   com muita humildade e firmeza a sua chegada. E sobreviveu. Não apenas à televisão, mas sobreviveu ao CD e à internet

Não tem como falar do rádio sem falar do aparelho, que passou por inúmeras modificações, de acordo com as novas tecnologias. São diferentes modelos, com diversos tamanhos e designers. Os rádios mais antigos funcionavam a manivela, e eram maiores para conseguir suportar todas as peças de que precisava para funcionar. Do cristal de galena à era da convergência tecnológica, o aparelho percorreu um longo caminho. E os modos de ouvi-lo também foram ganhando novos contornos. O consumo de rádio passa a incorporar também, além da mobilidade, a escuta individual, os telefones celulares conectam o ouvinte a diversas possibilidades de escuta via internet.

E não há como falar de rádio sem falar de João Bosco de Medeiros. O primeiro programa do radialista, na antiga rádio Educação Rural chamava “Juventude em Brasa” e remetia os ouvintes ao efervescente movimento musical entre as décadas de 1950 e 1960, quando o tango, o bolero, a balada, bossa nova e tropicália demarcavam os movimentos sociais.  Uma curiosidade: A vinda de Roberto Carlos para uma festa de formatura de quartanistas do Colégio Batista em Campo Grande é uma das suas recordações.

Fui entrevistado por este ícone do rádio, recentemente, quando lancei minha música mais recente e sobre a comenda Mestre da Cultura que recebi na Assembleia Legislativa do Espírito Santo; e ao conversarmos ao vivo, ele lembrava: “Rádio é um mundo encantado, é emoção. A audiência da rádio permanece porque o ser humano necessita de cumplicidade na comunicação. O rádio traz além da música, o relacionamento do ser humano através do áudio. Trazemos entretenimento, notícias, alegria, sonho e a emoção que o público precisa. É por isso que o rádio não cai e jamais cairá”, asseverou.

Posso dizer que João Bosco de Medeiros é um dos radialistas que há mais tempo está no ar. Desde a época de porteiro da rádio Educação Rural, até chegar a Comenda Antônio Tonanni, João Bosco de Medeiros inaugurou um dos programas mais longevos do Rádio em Mato Grosso do Sul. O Alto Astral está no ar desde 1987. O programa dominical é transmitido pela Cidade 97,9 para nada menos que 35 cidades, entre elas Dourados, Ponta Porã e Bonito, além da Capital. É o primeiro programa de rádio via satélite em uma emissora que se tornou uma potência. Não poderia ser diferente. Vida longa ao nosso “Totem da Radiofonia”. O “Juventude em Brasa” e o “Alto Astral” nunca serão esquecidos. E para finalizar, dirijo estas duas últimas linhas ao Comunicador João Bosco de Medeiros quando me indagou o que significa ser “Mestre da Cultura’. Hoje eu posso responder, com propriedade e exemplo. É justamente isso. Eternizar, registrando através das palavras, um pouco da sua história e principalmente, do sentimento que as donas de casa, que os enamorados, que os viajantes, enfim seus ouvintes tiveram ao longo destas seis décadas. Que venham muitos primeiros de maio!

 *Articulista

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