Em junho, o Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) registrou deflação e ficou em -0,15%, segundo o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais (Nepes) da Uniderp. No comparativo da série histórica dos meses de junho, é a menor taxa desde 2011, quando atingiu – 0,19%. Em maio, a inflação ficou em 0,10%.
De acordo com o coordenador do Nepes, Celso Correia de Souza, os principais responsáveis pelo resultado do índice foram os grupos Transportes e Alimentação, que encerram o mês com quedas acentuadas nos preços dos combustíveis e dos alimentos, respectivamente. Apenas os grupos Despesas Pessoais e Vestuário registraram elevação em suas taxas em junho. “Nos próximos meses, esperamos que a inflação continue em patamares bem baixos, propiciando decréscimo dos juros e a retomada do crescimento econômico pelo país”, analisa o pesquisador.
Acumulado
A inflação acumulada nos últimos 12 meses, na capital de Mato Grosso do Sul, é de 3,19%, índice abaixo do centro da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. No período, o maior índice em relação aos grupos é do Vestuário, com 14,13%. Segundo o especialista, “está havendo uma recomposição de preços em relação ao ano passado”.
No acumulado de 2017, ou seja, em seis meses, a inflação registrada foi de 1,29%, taxa ainda baixa quando comparada com anos anteriores. A maior inflação no período foi com Vestuário: 8,14%.
Maiores e menores contribuições
Os 10 “vilões” da inflação, em junho, foram:
- Feijão, com inflação de 20,93% e contribuição de 0,08%;
- Pescado fresco, com inflação de 13,56% e contribuição de 0,08%;
- Batata, inflação de 22,52% e participação de 0,07%;
- Sabonete, com variação de 10,41% e colaboração de 0,05%;
- Pneu fresco, com acréscimo de 3,18% e contribuição de 0,04%;
- Calça comprida masculina, com aumento de 2,56% e participação de 0,03%;
- Hidratante, com variação de 4,66% e colaboração de 0,02%;
- Carne seca/charque, com acréscimo de 9,87% e contribuição de 0,02%;
- Maçã com reajuste de 10,48% e participação de 0,02%;
- Leite pasteurizado, com elevação de 1,31% e colaboração de 0,02%.
Já os 10 itens que auxiliaram a reter a inflação, com contribuições negativas, foram:
- Gasolina, com deflação de -2,82% e contribuição de -0,10;
- Etanol, com redução de -2,91% e colaboração de -0,06%;
- Alcatra, com diminuição de -4,22% e participação de -0,05%;
- Arroz, com decréscimo de -4,36% e contribuição de -0,05%;
- Laranja Pera, com baixa de -22,81% e colaboração de -0,05%;
- Acém, com diminuição de -6,04% e participação de -0,05%;
- Patinho, com redução de -9,33% e contribuição de -0,04%;
- Contrafilé, com decréscimo de -5,36%e colaboração de -0,03%;
- Costela, com queda de -4,64% e participação de -0,03%;
- Sabão em pó, com baixa de -1,85% e contribuição de -0,03%.
Segmentos
O grupo Habitação, que possui o maior peso de contribuição para o cálculo do índice, apresentou redução de -0,04%. Os principais produtos com elevação de valor foram: amaciante de roupas (3,13%), fósforos (3,09%), vela (1,33%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: carvão (-3,22%), lâmpada (-2,99%), desinfetante (-2,80%), entre outros.
Seguindo o comportamento de maio, o grupo Alimentação apresentou queda e fechou maio com índice -0,42%. As maiores altas de preços ocorreram com: chuchu (34,61%), abobrinha (26,94%), batata (22,52%), entre outros com menores aumentos. Fortes quedas de preços ocorreram com os seguintes produtos: laranja pera (-22,81%), cenoura (-13,49%), cebola (-12,69%), entre outros.
O coordenador do Nepes esclarece que este grupo é o melhor termômetro para o comportamento da inflação ao longo do ano, pois tem a segunda ponderação na formação do índice inflacionário. “Com a melhora do clima no país, vários dos produtos de alimentação têm diminuído de preços, principalmente, os hortifrútis. Se a tendência continuar, certamente a inflação ficará em torno, ou mesmo, abaixo da meta do CMN para o ano de 2017, de 4,5%”, expõe Celso Correia.
Queda de preços também foi constata com a carne vermelha, já que todos os 15 pesquisados pelo Nepes da Uniderp apresentaram reduções. São eles: coxão mole (-10,81%); patinho (-9,33%); acém (-6,04%); contrafilé (-5,36%); lagarto (-4,90%); costela (-4,64%); alcatra (-4,22%); peito (-3,49%); paleta (-3,36%); músculo (-2,78); picanha (-2,59%); vísceras de boi (-2,34%); filé mignon (-1,54%); cupim (-1,28%); e fígado (-0,84%).
“O cenário de quedas expressivas foi motivado pelo baixo consumo de carne em nossa cidade e às dificuldades em exportar o produto devido a problemas sanitários, problemas com frigoríficos de maiores portes do MS que não vêm abatendo regularmente e o início da entressafra que se aproxima, e que promete um clima com riscos de geadas e secas mais intensas, com redução de pastagem. Isso tudo fez com que a oferta de bois aos frigoríficos aumentasse e, consequentemente, o valor da arroba do boi gordo baixasse antes da porteira (para o pecuarista), com reflexos de baixa do produto no varejo”, explica o professor Celso.
Quanto aos cortes de carne suína, a costeleta aumentou 1,74%. Quedas de preços acentuadas ocorreram com pernil (-5,26%) e bisteca (-4,23%). Já, miúdos de frango tiveram elevação de 1,80% e o frango congelado redução de -0,91%.
Além da alimentação, o grupo Transporte apresentou queda de -1,05%, reflexo de reduções do etanol (-2,91%), gasolina (-2,82%) e diesel (-0,56%). O grupo Educação seguiu a mesma tendência, com índice negativo de -0,12%, devido a pequenas reduções nos preços de produtos de papelaria.
O grupo Despesas Pessoais fechou com elevação de 0,89%. Alguns produtos deste grupo que tiveram aumentos de preços foram: hidratante (4,66%), xampu (3,18%), absorvente higiênico (1,59%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com: produto para limpeza de pele (-1,46%), creme dental (-0,41%) e fio dental (-0,37%).
O grupo Saúde fechou com redução de -0,05%. Os principais aumentos de preços foram constatados com: material para curativo (3,80%) e analgésico de antitérmico (0,09%). Tiveram quedas os produtos antimicótico e parasiticida (-1,67%) e anti-infeccioso e antibiótico (-1,01%).
Completando o estudo, o Vestuário encerrou o mês com índice de 0,40%, já que não houve nenhuma queda de preços em produtos desse grupo. Peças como calça comprida masculina (2,56%), sapato masculino (0,82%) e camisa masculina (0,21%) foram os destaques em elevação de valores.
IPC/CG
O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O IPC busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos. A Uniderp divulga mensalmente o IPC/CG via Nepes.