É a primeira vez que representantes do Governo do Estado, da indústria e produtores do leite se reúnem para buscar alternativas para alavancar os números do setor lácteo em Mato Grosso do Sul. O “I Workshop do Leite”, realizado nesta quinta-feira (10), no auditório da Sindicato Rural de Campo Grande, aconteceu com a finalidade de colocar em discussão os principais gargalos de cada lado cadeia produtiva, apresentar diferentes cenários a cada integrante e, buscarem soluções conjuntas.
Entre as principais preocupações, está a relação entre o consumo e a produção no Estado. MS produz 528,7 milhões de litros de leite por ano, 78 milhões a mais do que o consumo, segundo o Conselho Paritário de Produtores e Indústrias de Leite em Mato Grosso do Sul (Conseleite/MS).
De acordo com o presidente da entidade, Wilson Igi, a participação do leite na economia estadual poderia ser muito mais significante. “ O leite em Mato Grosso do Sul está andando de marcha ré, estamos diminuindo a produção de leite inspecionado, e isso é muito grave. Então essa reunião é pra isso, para corrigir essas distorções e facilitar a saída de leite fluido do Estado, porque produzimos mais do que consumimos, e devemos resolver os problemas da cadeia”, afirmou Igi, representando também a diretoria do Sindicato Rural de Campo Grande no Workshop.
Um dos fatores que dificultam a saída do leite produzido aqui, segundo os produtores e representantes da indústria, é o Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), maior do que o de estados vizinhos. O valor cobrado em MS é de 12% e tira a competitividade do produto.
Em relação a produção, o Estado que já esteve na 11° posição no país, ocupa agora a 15° colocação entre os que mais produzem. De acordo com os dados da Federação da Agricultura e Pecuária (Famasul), entre 1990 e 2000, o crescimento da produção no Estado foi muito inferior à média nacional. Enquanto o Brasil registrou um aumento de 118% na produção, e o Centro-Oeste, 158%, Mato Grosso do Sul elevou apenas 28%.
Edgar Rodrigues Pereira, membro do Sindicato da Indústria de Laticínios de Estado de Mato Grosso do Sul, enfatizou a importância da união do setor. “Nós precisamos nos organizar para poder crescer. A indústria depende dos produtores e vice-versa. Estamos dispostos a ouvir e a falar, ajudando a mudar algumas situações.”
O produtor do Estado também recebe abaixo da média nacional. Em setembro deste ano, o preço foi 24,8% menor do que a média nacional, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea – ESALQ/USP).
Ana Carla Castelo consultora de gestão de empresas do Serviço de Aprendizagem Rural (Senar/MS), aprova a metodologia da reunião a favor da cadeia leiteira. “As propostas precisam movimentar o todo, o sistêmico. O produtor, a indústria e as políticas públicas que poderão fazer com que o preço seja mais acessível ao consumidor.”
Os participantes se dividiram em oito painéis de discussões. Os grupos foram formados por membros de toda a cadeia. As propostas elaboradas por cada um foram discutidas e transformadas em diretrizes, que ainda serão documentadas e apresentadas por uma comissão formada no I Worshop do Leite.