É triste de quem todo dia,
Somente com dinheiro se ilude
Se pra Deus só tem valor
O bem, a fé, o amor e a virtude
Mesmo com tanta inquietude
Devemos sempre apreciar
A promissora juventude
Que luta por seu lugar
Se tu gozas de uma boa saúde
E se tens paz e tranquilidade
Não queiras que a via mude
Pois já tens a felicidade!
In Verdades / João Riel – Jornal Zero Hora 21.02.22
Muitas vezes, as dificuldades da vida, o dinheiro que não alcança os trinta dias, as empresas de água, luz, saneamento criando situações novas de gastos e controle, a alta dos combustíveis, os problemas de inserção no mercado de trabalho; fazem com que o nosso cotidiano nos leve a pensar com mais agilidade, mas pecando em generosidade e um olhar afetuoso com o próximo. Assim, depois de chegar ao doutorado em Literatura, retomei meus estudos para fazer gerontologia e isso ampliou um pouco meu olhar sobre o mundo e principalmente sobre a saúde das pessoas. O aumento dos miseráveis no país e as dificuldades de se alimentar com parcimônia e saudavelmente, além das sequelas do pós-Covid nos trará muitos problemas ainda. Entretanto não podemos esmorecer. A vida é bela e o amanhã depende de nossas decisões hoje. As escolhas que fazemos a cada situação de decisão. E assim uma forma de facilitar a vida da pessoa que necessitam de algum nível de suporte, é a utilização do “Colar de Girassol” como instrumento auxiliar de orientação para a identificação de pessoas com deficiências ocultas, visto que a pessoa com deficiência não visível e não aparente não é possível de ser identificada de maneira imediata.
O Colar de Girassol: faixa estreita de tecido ou material equivalente, na cor verde, estampada com desenhos de girassóis. As pessoas com deficiências ocultas, também chamadas de deficiências invisíveis, como Deficiências Intelectuais, Transtorno de Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), Doença de Crohn, Colite Ulcerosa, o Alzheimer que é um distúrbio cerebral irreversível e progressivo que afeta a memória e as habilidades de pensamento, e muitas vezes nem a própria família percebe seu início, momento em que o tratamento se torna mais difícil. Outrossim, posso citar as pessoas que sofrem de fobias extremas e passam por constrangimentos desnecessários para explicar sua situação e podem possuir dificuldade de se manterem por muito tempo em determinados locais. Essa interessante ideia teve origem na Inglaterra. Foi iniciativa de funcionários do segundo maior aeroporto de Londres, o Gatwick, em 2016 e tem ganhado espaço no Brasil em vários municípios. Acredito que em breve será uma medida legislativa com razoável propagação e é útil para garantir e proporcionar a algumas distintas pessoas a acessibilidade atitudinal, pois constituiria instrumento de conscientização coletiva de que a pessoa portadora do Colar de Girassol possui demandas específicas da sua deficiência “ invisível”.
Particularmente eu espero que a brisa sopre partículas de amor como pólen, aos corações daqueles que se aproximarem de um indivíduo que esteja utilizando um cordão de girassóis e o auxilie incontinenti em sua demanda. Posso concordar que certas deficiências e transtornos não são facilmente perceptíveis visualmente, pois não são morfologicamente evidentes e não requerem suportes físicos que indiquem a deficiência de forma clara, como o uso de bengalas, cadeiras de rodas ou utilização da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais.
Contudo, pessoas com deficiências ocultas, ou invisíveis, possuem impedimentos permanentes ou de longo prazo, os quais, em interações com diversas barreiras, obstruem sua participação plena e efetiva na sociedade com as demais pessoas, tendo assim, dificuldades adicionais para a realização de atividades ordinárias. E o oferecimento pelo Poder Público desse instrumento de promoção do entendimento e oferecimento de gentileza a pessoas com deficiências ocultas é de suma relevância. O uso do Cordão de Girassol, em alguns aeroportos permitiu que os funcionários reconhecessem, de maneira discreta, pessoas com deficiências ocultas. A partir dessa identificação, a iniciativa buscou propiciar condições para que estas pessoas em particular realizassem viagens de forma independente, contando com a segurança de que se precisassem de suporte adicional durante a jornada, obteriam o devido auxílio sem necessidade de emitirem explicações pormenorizadas acerca de suas condições particulares, passando, então, a ser apresentado como símbolo de apoio às pessoas com deficiências ocultas, e resgatando sua cidadania.
Alguns municípios brasileiros, como Juiz de Fora e Ouro Branco/MG; Rio de Janeiro/RJ; Foz do Iguaçu/PR; Sumaré, Ibirá, Presidente Prudente, São Carlos, Caieiras, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul/SP já dispõem de legislação municipal, bem como o Estado do Amapá e o Distrito Federal, que instituíram em suas legislações o uso do Colar de Girassol, a exemplo da Lei nº 6.842, de 29 de abril de 2021, de autoria do Deputado Robério Negreiros, no Distrito Federal. Em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul foi apresentado pelo vereador Ayrton Araújo, semana passada, o PROJETO DE LEI N. 10.678/22, SUBSTITUTIVO AO PROJETO DE LEI N. 10.642/2022 ALTERA A LEI Nº 6.711 DE 09 DE NOVEMBRO DE 2021, PARA DISPOR SOBRE A GARANTIA DA ACESSIBILIDADE COMUNICATIVA À MULHER COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA E/OU VISUAL VÍTIMA DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. E como adjuntório o PROJETO DE LEI N. 10.681/22 DISPÕE SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL, O ATENDIMENTO E A PRESENÇA INTEGRAL DE PROFESSOR AUXILIAR AOS ESTUDANTES QUE APRESENTEM NECESSIDADES ESPECIAIS NOS DIFERENTES NÍVEIS, ETAPAS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO que preconiza disponibilizar, em salas de aula, assentos na primeira fila aos alunos comtemplados pela educação especial que se trata o parágrafo único do art. 1º da lei, em comento, assegurando seu posicionamento afastado de janelas, cartazes e outros elementos, possíveis potenciais de distração. Por derradeiro, entendo que o Colar de Girassol é um sutil lembrete, de que o prejulgamento tende a propiciar equívocos imensuráveis. E quando se deparar com um cidadão utilizando o colar, seja o aedo da generosidade. Já pensou se lá na frente nós mesmos poderemos estar precisando? Será que as milhares de mortes oriundas do trânsito, das mazelas brasileiras e do coronavírus nestes últimos dois anos, não nos ensinaram nada? Quantas pessoas queridas se foram e tantos continuam com a mesma ingratidão, distância, arrogância, descaso e falta de tato? O distanciamento social fez esquecer como se abraça? A rememoração é uma instância modelar da narrativa mítica, ou seja, a lição sabemos de cor…só nos resta aprender!
*Articulista