Livro ilustrado narra a viagem de Charles Darwin ao Brasil

Em 19 de agosto de 1836, Charles Darwin deixou o litoral brasileiro depois de uma viagem de quase cinco anos pelo mundo. O jovem naturalista já havia passado pelo Brasil antes, entre fevereiro e julho de 1832, nos primeiros meses da empreitada a bordo do HMS Beagle. Durante sua excursão por terras e águas brasileiras, ele registrou uma porção de anotações e enviou cartas para familiares e amigos. Ao retornar para a Inglaterra, Darwin reuniu parte deste material em um livro sobre a viagem, traduzido desde então para dezenas de idiomas e com novas edições lançadas até os dias de hoje.

Foto: Divulgação

Mas essa não é apenas mais uma tradução do Diário do Beagle, como o livro ficou conhecido. Primeiro título publicado pela editora Duas Aspas, ‘Darwin no Brasil’ traz uma proposta diferente: uma versão editada e comentada, com 24 ilustrações coloridas e destaque para a passagem do naturalista pelo maior país da América do Sul. O relato pessoal de Darwin, neste formato, é intercalado por textos baseados em outras obras de sua autoria (incluindo A origem das espécies), além de correspondências, artigos e notas que ele escreveu ao longo da vida.

Ao recontar o Diário do Beagle em retrospectiva, Darwin no Brasil nos permite acompanhar a história de uma posição privilegiada – distante o bastante para entender como a experiência brasileira de Darwin contribuiu para a teoria da evolução, mas sem perder aquele clima de aventura tão característico nas narrativas de viagem do século XIX. É como se o próprio Darwin, mais velho, comentasse as descobertas de sua versão mais jovem, enquanto nos guia em uma jornada que mudaria para sempre o rumo da ciência.

Preço e onde comprar

Darwin no Brasil pode ser adquirido no site da editora Duas Aspas: www.duasaspas.com

A viagem de Darwin ao Brasil

O que será que o futuro Darwin diria a respeito do Brasil para o Darwin do passado? Tudo indica que ele aconselharia a si próprio para embarcar na aventura. Afinal, apesar de algumas impressões negativas do Brasil (especialmente a escravidão), Darwin deixou o país com muitas histórias para contar sobre a nossa biodiversidade.

Logo na chegada, ele se tornou o primeiro explorador científico a visitar o Arquipélago de São Pedro e São Paulo, um dos pontos mais a leste do Brasil. Depois, ao ancorar em Salvador, ficou tão maravilhado com a exuberância da floresta tropical, que mal achou palavras para descrever o que viu. Na Mata Atlântica do Rio de Janeiro, Darwin encontrou seu primeiro macaco dos trópicos, pendurado pelo rabo no galho de uma árvore. Ainda no Brasil, ele descobriu novas espécies de planárias terrestres coloridas na Floresta da Tijuca e coletou uma infinidade de insetos e plantas.

Mas nem tudo foram flores e borboletas. Os horrores da escravidão deixaram Darwin cada vez mais revoltado, a ponto de jurar nunca mais pisar num país escravagista novamente. Ele também reclamou dos modos de nossos compatriotas, ficou assustado com a insegurança e a precariedade nas estradas brasileiras e chocado com a perícia de inocentes crianças no manejo de facões. O forasteiro tampouco se empolgou no carnaval baiano, nem ficou impressionado com a vegetação de Fernando de Noronha e achou as ruas de Recife imundas. Neste aspecto, ao pesar prós e contras de sua viagem, Darwin foi um visitante como qualquer outro, mesmo sendo um de nossos turistas mais ilustres.

Foto: Divulgação

O autor

Darwin no Brasil é uma tradução editada dos relatos de Charles Darwin ambientados no Brasil, o que inclui todo o segundo capítulo do Diário do Beagle e partes do primeiro e do último. Também foram usados trechos de outros capítulos, nos quais Darwin descreve espécies que poderia ter encontrado em território brasileiro (como os animais da região do Pampa) ou discorre sobre fenômenos que aconteciam similarmente no Brasil (por exemplo, o extermínio de povos nativos).

Como forma de mostrar as contribuições da viagem de Darwin para a teoria da evolução, as passagens do Diário são intercaladas por breves textos baseados no restante da obra do naturalista. A principal fonte aqui é A origem das espécies, entre outros livros de autoria de Darwin, bem como cartas, artigos, ensaios, contribuições e anotações que ele escreveu ao longo da vida. Os textos do livro são, portanto, do próprio Charles Darwin, com organização, tradução e textos complementares de Pedro Alencastro, jornalista e editor da Duas Aspas.

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