A Internazionale de Milão entra em campo nesta terça-feira (20) contra o Atlético de Madri, em duelo válido pelas oitavas de final da Liga dos Campeões da Europa. O sonho é de voltar a conquistar o principal torneio de clubes do mundo, algo que não acontece desde 2010. Na ocasião, quem estava presente era o zagueiro brasileiro Lúcio, que concedeu entrevista ao Torcedores.com e relembrou detalhes da temporada histórica sob o comando de José Mourinho.
“É um clube que tenho muito carinho e sempre que possível estou por lá. Recentemente, inclusive, fui convidado para um evento do clube. Eu me encaixei muito bem na equipe, vindo de ótimas temporadas no Bayern. Eu era capitão na seleção brasileira na época. E, se tratando da Itália, a cultura é próxima da nossa, principalmente na alimentação. Isso ajuda um pouco. No clube tinha o Júlio César, o Maicon e o Thiago Motta também. A passagem foi histórica, batendo recordes e conseguindo a tríplice coroa”, conta.
Sobre sua relação com José Mourinho, o ex-defensor ressaltou o comandante e apontou que o português é extremamente profissional no trato com os jogadores.
“Tínhamos uma relação muito boa. É um cara excelente de grupo, mas cobra muito respeito e disciplina. Não confunde as coisas. O contato dele com os jogadores era mais no grupo. Ele era reservado e tranquilo, mas muito profissional. No entanto, criamos uma amizade bacana pois passamos muito tempo juntos viajando, já que o time estava em três competições a temporada toda. Existia uma união bem legal entre membros da comissão técnica e jogadores”.
Lúcio recorda uma ocasião em que Mourinho perdeu o controle e culminou em uma situação cômica.
“Mourinho é muito competitivo, então, quando o time começava a cair um pouco de rendimento, ele ficava muito nervoso, gritava. Ficávamos um pouco assustados às vezes, mas entendíamos que era a vontade de ganhar. Teve uma vez que ele entrou com tudo no vestiário e até escorregou, aí ficou com mais raiva ainda, ficou engraçado. Mas o Mourinho foi o melhor treinador que tive na carreira. Taticamente ele era muito bom também, mas não inventava muita moda. Ele armava um time seguro na defesa, fazia ajustes pontuais e algumas trocas que surpreendiam os adversários”, aponta.
A respeito da classificação épica da Nerazzurri na semifinal da Liga dos Campeões 2009/10 no Camp Nou, diante do Barcelona treinado por Pep Guardiola, o pentacampeão do mundo com a Seleção Brasileira relembrou o poder superação necessário para conseguir a ida para a final com um jogador a menos.
“Saímos perdendo na ida e conseguimos virar para 3 a 1. Isso nos deu a vantagem de poder perder por um gol na Espanha. Mas, no Camp Nou, o Thiago Motta foi expulso antes dos 30 minutos do primeiro tempo. E aquele time do Guardiola ficava com a bola o tempo todo dando trabalho. O Mourinho deixou apenas o Milito na frente e recuou o Eto’o para a segunda linha pela direita para fechar o time. Em nenhum momento ele contestou e acatou de prontidão a ordem do Mourinho. Jogamos 70 minutos com um jogador a menos e nos superamos. Foi um jogo muito difícil, inclusive mais difícil que a própria final. Isso foi um consenso entre os jogadores depois que fomos campeões”, recorda.
A Inter de Milão campeã da tríplice coroa (Campeonato Italiano, Copa da Itália e Liga dos Campeões) na temporada 2009/10 tinha um ambiente de muito foco, de acordo com Lúcio. Nos tempos livres, os jogadores assistiam aos jogos da equipe e dos adversários.
“No nosso tempo livre tínhamos o hábito de assistir aos nossos jogos juntos e ficávamos comentando, dávamos risada por algumas situações e encontrávamos o que poderíamos melhorar também. Contávamos muitas histórias um para o outro, nós falando do Brasil e os outros jogadores de seus países”.
Nos treinamentos, o camisa 6 da Inter de Milão na época conta que o nível era muito elevado e elege os mais difíceis de atuar contra.
“Nos treinos, era difícil enfrentar o Sneijder, ele sempre se antecipava, e o Eto’o também, assim com o Milito, muita força e persistência. O Zanetti era uma referência lá dentro e atuava em mais de uma posição”.
Pela Inter de Milão, Lúcio atuou de 2009 a 2012, totalizando 136 partidas, com cinco gols marcados. Ele conquistou um Campeonato Italiano, duas Copas da Itália, uma Supercopa da Itália, uma Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes.
Depois do título conquistado com Lúcio em campo, a melhor campanha da Internazionale na Champions ocorreu na temporada passada, quando a equipe surpreendeu e chegou à decisão contra o Manchester City. O time italiano acabou derrotado no jogo final por 1 a 0.