Diante de um público de 1,6 milhão de pessoas, Madonna transformou a icônica praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em seu teatro particular, onde encenou a reconstrução dos “primeiros” 40 anos de sua carreira.
“A história da minha vida, a história de uma mulher corajosa, um tanto ingênua, idealista e às vezes ridícula que foi de Michigan para Nova York há 40 anos com um sonho e apenas 35 dólares no bolso”, disse a cantora para um público em delírio, consciente de participar daquele que é considerado o maior show da história da artista americana.
Os grandes telões de LED ladeados por um complexo jogo de luzes deram um grande impacto visual a todo o espetáculo. Com a música confiada a bases pré-gravadas, foram os corpos que ocuparam o espaço. Muita dança e coreografias articuladas em uma performance enérgica da show woman, em que não faltaram provocações e transgressões graças à interação sensual com os bailarinos, incluindo alusões sexuais, cenas eróticas e beijos apaixonados que enlouqueceram os fãs.
A balada “Live to Tell” foi trilha sonora de um interlúdio mais intimista em que a cantora homenageou amigos e famosos – entre eles os brasileiros Renato Russo e Cazuza – que morreram de Aids. Uma lembrança de 1989, quando Madonna decidiu incluir uma referência à doença no encarte do álbum “Like a Prayer”, em uma época em que falar sobre a epidemia de HIV ainda era um tabu.
Alegorias e referências sacrílegas à religião cruzaram o palco durante a apresentação de “Like a Prayer”, seguida de “Erotica”, “Justify My Love”, “Hung Up” e “Bad Girl”, em que a rainha do pop foi acompanhada no piano pela filha Mercy James, de 18 anos.
Os eventos mundanos da comunidade LGBT da Nova York dos anos 1980 – inspiração para o trabalho de Madonna – foram lembrados no bloco composto por “Human Nature” e “Crazy for You”, em que a diva homenageou os ativistas da Queer Nation, “que sempre estiveram lá para mim”, com agradecimentos a “todos aqueles que lutam e se arriscam pela liberdade e pelo amor”.
“Não tenham medo, lutarei por vocês até o dia de minha morte”, disse. Coube à sua filha Estere Ciccone, de 11 anos, apresentar um set de DJ, enquanto a estrela internacional do funk carioca Anitta fez sua aparição no palco durante a música “Vogue”.
Com imagens de favelas projetadas nos telões e a chegada ao palco da histriônica cantora drag queen Pabllo Vittar, o hit “Music” foi revisitado ao ritmo de samba graças à participação de um grupo de jovens percussionistas das escolas de samba da cidade.
No fim, Madonna fez uma homenagem a Michael Jackson cantando “Billie Jean” com uma citação de “Like a Virgin”, antes de encerrar o show com “Celebration”.