Mais de 60% do território brasileiro possui vegetação nativa, segundo dados calculados pelo GITE (Grupo de Inteligência Territorial Estratégica), da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Dessa porcentagem, 20,5% corresponde à vegetação preservada dentro de propriedades rurais.
O levantamento, elaborado em maio de 2017, aponta ainda que apenas 30,2% das terras brasileiras correspondem a áreas exploradas. Nesses pouco mais de 30%, a porcentagem de 13,2% corresponde a pastagens plantadas, 9% a lavouras e florestas plantadas, 8% a pastagens nativas) e 3,5% a cidades, infraestruturas e outros.
Já nos 66,3% de vegetação nativa, a maior porcentagem pertence a vegetação preservada dentro de propriedades rurais (20,5%), seguida de vegetação nativa em terras devolutas e não cadastradas (18,9%), vegetação nativa em terras indígenas (13,8%) e vegetação nativa em unidades de conservação (13,1%).
Importância da Agricultura
De acordo com pesquisador Evaristo Eduardo de Miranda, coordenador do GITE, esses resultados obtidos surpreenderam e trouxeram à tona o papel fundamental das atividades agrícolas para preservação e recuperação do meio ambiente no País.
“Este estudo nos permitiu avançar no sentido de identificar, qualificar, quantificar, cartografar e monitorar o uso das terras, a preservação da vegetação no País e, principalmente, o papel incontornável e insubstituível da agricultura na preservação da vegetação nativa”, destaca o pesquisador.
“Na média, os agricultores brasileiros exploram cerca de metade da área de seus imóveis rurais. Ninguém no País preserva mais o meio ambiente do que o agricultor brasileiro”, frisa Miranda.
Levantamento inédito
De acordo com o pesquisador, o resultado é inédito e fundamental, pois detalha todas as áreas preservadas nos imóveis rurais.
“Até então, em bases fundiárias, apenas os dados do Censo forneciam informações declaratórias, sem base cartográfica e em intervalos de tempo muito dilatados (10 anos). Agora, o planejamento rural e a gestão territorial podem dispor de números, mapas e fatos, graças aos dados existentes no SICAR e aos métodos de tratamento geocodificados dessa informação, desenvolvidos e testados pela equipe técnica do GITE Embrapa”, detalha Miranda.
Método de pesquisa
A equipe do GITE, segundo o pesquisador, construiu, testou e validou progressivamente um método para mapear e calcular por geoprocessamento todas as áreas de vegetação nativa preservada nos imóveis rurais.
“Ele foi testado inicialmente em alguns estados da Federação, depois validado em duas regiões para, finalmente – sempre incorporando novas rotinas que corrigiam erros de registros, duplicidades, sobreposições – ser aplicado com precisão de forma homogênea a todos imóveis, municípios, microrregiões, estados e regiões do País, reunidos no CAR até dezembro de 2016”, explica o coordenador.
Para a construção do relatório, o GITE projeto unificou e cartografou dados da própria Embrapa, do SFB (Serviço Florestal Brasileiro), do Sicar (Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Ministério do Meio Ambiente, Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Funai (Fundação Nacional do Índio), DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) e ANA (Agência Nacional de Águas).
“Por meio de operações aritméticas básicas, foi possível realizar a comparação absoluta e relativa dos dados numéricos e de superfície dos imóveis rurais, bem como estimar suas evoluções”, finaliza Miranda.
Fonte: Assessoria de Imprensa - Aprosoja/MS