Uma pesquisa realizada pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM), com respondentes em todo o Brasil, mostrou que 85,8% das pessoas têm algum eletrônico em casa e não sabem como descartar. A maioria, 53,4% tem pilhas e baterias. Em segundo lugar, vêm os aparelhos de telefone, fixo ou celular, com 41,1% e depois aparelhos de computação, como tablets, desktops, com 39,8%. Era possível responder mais de um item, que ainda englobam aparelhos da linha branca, lâmpadas, painéis fotovoltaicos, eletrônicos de pequeno porte, entre outros.
Os dados foram apresentados no VI Seminário Internacional sobre Resíduos Eletrônicos, que reuniu em outubro mais de 40 palestrantes, de 8 países diferentes, falando sobre gestão dos resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, ao longo de três dias.
De acordo com cálculos realizados pelos pesquisadores do grupo de pesquisa REMINARE do CETEM, o Brasil gera 2,3 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos por ano. “Esse número é baseado em dados do Instituto Brasileiro de Geografia de e Estatística (IBGE) com volume anual desses produtos colocados no mercado, além dos dados de importação e exportação de equipamentos eletroeletrônicos, disponibilizados pela Receita Federal e pelas associações de indústrias produtoras, a Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica (ABINEE) e a ELETROS. O setor produtivo representa mais de 3% do PIB nacional. Com a vida útil média estimada em cinco anos para os equipamentos eletroeletrônicos consumidos no país, e o peso de cada um deles, conseguimos calcular e chegar a esse volume”, explica a pesquisadora do CETEM, Lúcia Helena Xavier. Ela informa também que esse número coloca o Brasil na segunda posição na geração de resíduos eletrônicos nas Américas, atrás apenas dos EUA. “Em nível global, o país está em 5º lugar”, disse ela.
Ainda não se tem dados consolidados sobre a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos eletrônicos, porém, a meta exigida pelo governo para esse ano é de que seja de pelo menos 6% do peso dos equipamentos colocados no mercado no ano-base de 2018. E esse percentual apesar de baixo, representa um desafio para o setor e não só financeiro, mas de gestão de recursos naturais também “Quando se recupera alumínio, aço e cobre das sucatas e se recicla, diminui-se a necessidade de extração de desses recursos da natureza, além de reduzir a demanda por energia e de água nesse processo”, esclarece ela.
E, para que ações efetivas de logística reversa possam ser adotadas, o VI Seminário Internacional sobre Resíduos Eletrônicos culminou com a elaboração e a leitura de um documento propositivo para instalação de soluções para gestão de resíduos eletroeletrônicos na América Latina, um esforço colaborativo de muitos participantes. São 22 recomendações, que incluem várias áreas: legislativa, tributária, comunicação, bonificações e incentivos.
“O documento foi elaborado como subsídio para o estabelecimento e fortalecimento das políticas públicas em alinhamento com as demandas latino-americanas, definição dos critérios para o lançamento de editais e chamadas públicas para a elaboração de projetos de P,D&I no setor, bem como para o amadurecimento do setor possibilitando a geração de emprego e renda a partir de novos modelos de negócio pautados na economia circular e economia de baixo carbono”, finalizou Lúcia.