São Paulo (SP) – Com a volta do circuito programada para o dia 14 de agosto, algumas exibições têm movimentado o tênis nestes tempos de pandemia do novo coronavírus. Como o Adria Tour, organizado pelo sérvio Novak Djokovic, envolto em polêmica esta semana, por ter sido disputado em meio a aglomerações, com a presença de público, sem as regras de distanciamento social e uso de máscara, e que resultou na contaminação pela Covid-19 de tenistas e pessoas envolvidas com o evento. O mineiro Marcelo Melo não acredita que isso prejudicará a realização dos torneios já programados para a retomada, nos Estados Unidos, e sim mostra a necessidade dos protocolos de segurança, o que já foi anunciado em relação a todas as regras a serem seguidas para o retorno dos jogos.
“Temos de olhar pelo lado positivo. De aprender com os erros que foram cometidos na exibição e que acabam justificando as medidas que estão sendo tomadas para o retorno do circuito em agosto. Agora, o US Open tem ainda mais razão para a adoção das novas regras e que todos sigam isso para jogar. Mostra que realmente temos de usar as máscaras, de seguir o distanciamento social, limitando as pessoas que estarão lá. Deixar os jogadores alertas de que têm de cumprir as normas, senão pode se repetir o que ocorreu na exibição. Nos Estados Unidos, o protocolo será totalmente diferente. Vamos ficar isolados em um hotel. Também não terá público”, afirma Marcelo, patrocinado por Centauro, BMG e Itambé, com apoio de Asics, Orfeu Cafés Especiais, Volvo, VOSS e Confederação Brasileira de Tênis.
O Adria Tour teve etapas na Sérvia e Croácia. Com as contaminações, as duas últimas foram canceladas. O búlgaro Grigor Dimitrov, o croata Borna Coric, o sérvio Viktor Troicki e o próprio Novak Djokovic testaram positivo para o novo coronavírus, assim como suas esposas, o técnico Christian Groh e o preparador físico Marko Paniki. Para Marcelo, o erro foi realizar o Adria Tour fora da realidade que estamos vivendo.
“Acho que eles não tiveram a preocupação que hoje o mundo todo está tendo. De usar máscara, de distanciamento social. De repente, o evento poderia ter sido disputado, mas de outra forma, para minimizar os riscos. A exibição foi feita em um mundo que a gente, infelizmente, não está vivendo. Esperamos voltar a essa realidade o quanto antes, mas agora não podemos jogar desse jeito. Não condiz com o que estamos passando, todas as precauções. Por isso, precisamos ter muito cuidado nesse momento, até realmente sair uma vacina e tudo voltar como era antes”, observa.
Pronto para a retomada – Melo está em Belo Horizonte (MG), desde que voltou dos Estados Unidos, após três meses de treinamentos na Califórnia e na Flórida. Com o técnico e irmão Daniel Melo, o preparador físico Chris Bastos e o fisioterapeuta Daniel Azevedo realiza treinos físicos e em quadra, preparando-se para o retorno do circuito. E garante estar pronto para essa retomada, ao lado do parceiro polonês Lukasz Kubot.
“É um calendário longo, porém tivemos mais que o tempo necessário para preparação. Agora, já com o objetivo do retorno, contamos ainda com mais um mês e meio para chegar lá muito bem preparados. Nós profissionais temos de estar prontos para fazer essa gira completa. O momento é de se adaptar e não ver como desgastante. É estar muito feliz por poder voltar a jogar. Estou pronto para ir a esse circuito e retomar os jogos. Acho que não só nós tenistas, como os fãs também estão loucos para ver o tênis de volta”, explica Marcelo.
O calendário recomeça nos Estados Unidos, em quadras rápidas, e segue para o saibro europeu: 14 de Agosto – ATP de Washington, 22 de Agosto – Masters 1000 de Cincinnati (em Nova Iorque), 31 de Agosto – US Open, 8 de Setembro – ATP 250 de Kitzbühel, 13 de Setembro – Masters 1000 de Madri, 20 de Setembro – Masters 1000 de Roma e 27 de Setembro – Roland Garros.
“Eu e o Kubot vamos jogar, com certeza, os torneios dos Estados Unidos e aí conversar para definir quais os torneios, quais os cenários, pois às vezes mudamos um ou outro dependendo do resultado. Não vejo como sacrificante esse circuito. São três torneios, depois a Europa. Mesmo a mudança de piso, vamos ter um intervalo, provavelmente, dependendo do resultado”, conta.
O tenista está pronto para voltar, seguir as regras e apoiar as mudanças que foram necessárias, como a redução da chave de duplas do US Open de 64 para 32 jogadores. “Impossível hoje, pelas condições, realizar uma chave de duplas completa. É preciso reduzir o número de pessoas para poder seguir todo esse protocolo de segurança. Não tem jeito. Difícil agradar a todos, alguns vão sair prejudicados. Mas, o melhor é estar reorganizando o torneio, movimentando o tênis. Já Cincinnati terá chave normal. O importante é voltar, com as regras novas, que daqui a pouco, quem sabe, mais no final, na Europa, ou no começo do ano que vem, a gente esqueça isso que passou e comece 2021 muito bem novamente”, completa Marcelo.
Recordista em títulos e semanas no topo do ranking – Recordista brasileiro em número de títulos, com 34 conquistas, e também em semanas no topo do ranking da ATP – 56 -, assim como em participações no ATP Finals – completou sete seguidas -, em 2019, Marcelo somou mais um recorde ao chegar a 500 vitórias, na estreia no ATP 500 de Washington, em julho, maior vencedor entre os tenistas do Brasil, passando a ser o 35º jogador de todos os tempos a atingir essa marca.
Entre 2017 e 2018, Marcelo ficou 30 semanas – 25 consecutivas – como líder do ranking mundial individual de duplas da ATP (13 semanas em 2017 – terminando o ano como número 1 – e 17 semanas em 2018). Antes, ocupou a liderança pela primeira vez em 2015, por 22 semanas, também virando o ano na frente, e voltou ao primeiro lugar por mais quatro semanas a partir de maio de 2016.
Agora em 2020, no México, no ATP 500 de Acapulco, Marcelo conquistou o 34º título da carreira, o 14ª com o parceiro polonês Lukasz Kubot. Pelo 14º ano consecutivo comemora no mínimo um título por temporada. Juntos, Melo e Kubot ganharam pelo menos um torneio por ano desde 2015.
Dos 34 títulos, todos em duplas, dois são Grand Slam – Roland Garros, na França (2015) e Wimbledon, em Londres (2017) e nove Masters 1000, além de oito ATP 500 e 15 ATP 250. Marcelo, 36 anos, e Kubot, 37 anos, formam parceria desde o início da temporada 2017. Antes, jogaram em torneios como o ATP 500 de Viena, em que foram campeões em 2015 e 2016.
Oito vitórias em 2020 – Melo e Kubot somam oito vitórias em 2020, nas estreias no Australian Open e no ATP 250 de Adelaide, na Austrália, duas no Rio Open e quatro em Acapulco. Os pontos dos rankings estão congelados durante a paralisação do circuito. Ocupam a sexta colocação na Corrida para Londres, com 815 pontos. No ranking mundial individual de duplas, aparecem empatados em quinto lugar, com 5.140 pontos.
A temporada 2019 teve 46 vitórias em 68 jogos. A dupla fechou o ano passado como a segunda melhor parceria do mundo, com 5.000 pontos – atrás apenas dos colombianos Juan Sebastian Cabal e Robert Farah (8.500). Já no ranking mundial individual de duplas, ficaram entre os top 10 na temporada passada: Marcelo em sétimo, com 4.910 pontos, pela sétima vez consecutiva entre os dez melhores do ano. Kubot, na sexta colocação, com 5.090. Marcelo encerrou 2018 como nono do mundo, foi primeiro em 2017 e 2015, oitavo em 2016 e sexto colocado em 2013 e 2014.
O primeiro título de Marcelo em torneios ATP foi em 2007, no Estoril, em Portugal. Tem dois Grand Slam, além de um vice em Londres (2013) e um vice (2018) e duas semifinais no US Open. Marcelo também lidera no número de títulos em Masters 1000. Em Xangai 2018 chegou ao nono, depois de ganhar Xangai (2013 e 2015), Paris (2015 e 2017), Toronto (2016), Cincinnati (2016), Miami (2017) e Madri (2017).
Temporada 2020
Título
ATP 500 – Acapulco (México), rápida
Temporada 2019
Título
ATP 250 – Winston-Salem (EUA), rápida
Vice-campeonato
Masters 1000 – Indian Wells (EUA), rápida
ATP 500 – Halle (Alemanha), grama
ATP 500 – Beijing (China), rápida
Masters 1000 – Xangai (China), rápida
ATP 500 – Viena (Áustria), rápida
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