Mecanização e Segurança: capacitação do Senar/MS consolida plantio de florestas

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Por anos a matriz econômica do Mato Grosso do Sul foi sustentada no binômio soja-boi. No campo, estes dois segmentos se fortaleceram com métodos e tecnologias precisos para impulsionar a produção de grãos e/ou de carne, e até mesmo de leite. A inovação tecnológica que impulsionou o setor agropecuário, deu força também à silvicultura em solos sul-mato-grossenses. Segundo os últimos dados do Siga/MS – Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de MS, Mato Grosso do Sul apresenta 950 mil hectares de plantio com eucalipto.

“As tecnologias do campo avançam a cada dia e, paralelamente a isso, há a necessidade de aprimoramento da mão de obra, por isso renovamos o catálogo de cursos voltados para o setor florestal para acompanhar as tendências de mercado, principalmente no que se refere à viabilidade dos custos de produção, com foco na mecanização e na operação preventiva”, afirma a diretora-secretária do Sistema Famasul e coordenadora educacional do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/MS), Terezinha Cândido.

De acordo com a IBÁ – Indústria Brasileira de Árvores, o estado é o terceiro no ranking nacional em área plantada com eucalipto, perdendo apenas para Minas Gerais e São Paulo, e ainda apresenta a quarta maior produção de árvores plantadas por espécie, tais como pinus, mogno e seringueira. Essa produção destina-se basicamente à obtenção principal de papel e celulose, carvão vegetal e lenha.

Três Lagoas lidera o ranking nacional dos 20 principais municípios produtores de madeira em tora para papel e celulose. Conforme os últimos resultados da Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura – PEVS, publicados pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dos 77 milhões de metros cúbicos produzidos no país, Três Lagoas produziu 2,1 milhões de metros cúbicos, o que correspondem a 2,9% da produção total no cenário nacional.  Entram nesse ranking também outros munícipios do estado: Brasilândia (2,1%), Ribas do Rio Pardo (2,1%), Água Clara (2,0%) e Dois Irmãos do Buriti (1,1%).

Terezinha Cândido – Foto: Divulgação

Em 2016 a receita com as exportações de produtos florestais somou US$ 993,7 milhões, alta de 102% em quatro anos, correspondendo ao segundo item principal na pauta de vendas internacionais do agronegócio sul-mato-grossense, perdendo apenas para a soja que somou US$ 1,17 bilhão.

“Os 18 novos cursos para o reflorestamento já foram lançados para todo o Estado e agora estamos trabalhando com a mão de obra que já existe nas empresas do setor.  Queremos capacitar as pessoas que ainda vão ingressar e também preparar aquelas que migram e deixam o serviço em busca de outro trabalho. O importante é que vamos aprimorar a mão de obra local sem precisar trazer pessoas de fora para trabalhar aqui”, afirma Terezinha.

Desde fevereiro o Senar/MS vem qualificando trabalhadores de uma multinacional em Três Lagoas, são quase 500 operadores passando pelos cursos voltados para mecanização florestal. “Já recebemos um feedback sobre a diferença de quando começou o curso para hoje. Um exemplo é que foi percebida a diminuição na manutenção e prejuízo com a quebra das máquinas. Buscamos atender desde o pequeno produtor, que trabalha com um simples trator até as máquinas amarelas (patrola, esteira, pá carregadeira e escavadeira hidráulica) das multinacionais voltando toda nossa capacitação para a agricultura de precisão”, aponta a coordenadora educacional do Senar/MS.

“O painel de qualquer máquina, de baixa ou de alta precisão, dá informações do que acontece com sua máquina e há uma dificuldade por parte dos operadores de interpretar essas simbologias universais. É preciso informação para evitar os riscos de quebra e aumentar a produtividade. Nosso objetivo é corrigir possíveis vícios dos operadores para evitar desgastes de máquinas e gastos desnecessários. A capacitação ensina desde como subir corretamente no trator à limpeza da máquina”, explica analista educacional do Senar/MS, Elisa Rodrigues.

Até as florestas recebem adaptações para a parceria entre instituição e empresa. Enquanto o Senar/MS oferece os instrutores, os empregadores fornecem a estrutura. Além das máquinas que ficam expostas no campo para o treinamento prático, as árvores dão espaço a contêineres que viram salas de aula para os trabalhadores, formando um centro de treinamento. “Isso vai muito além do maquinário, porque com essa capacitação o funcionário se sente valorizado. É uma grande motivação profissional e pessoal também”, reforça Terezinha Cândido.

Os cursos são divididos por módulos graduais e interligados, somando uma carga horária de 160 horas, e abrangem temas como: operação e manutenção preventiva e corretiva de tratores florestais; agricultura de precisão e piloto automático; implementos florestais; metrologia aplicada e entre outros. E as capacitações não param por aí, outro foco do Senar/MS é na saúde do colaborador no trabalho com máquinas e equipamentos florestais por meio das normativas regulamentadoras – NR 12; NR 20; e NR 31.12 – que abrangem desde a segurança na operação até manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis.

“Nenhuma pessoa pode operar uma máquina sem que tenha, minimamente, um curso de NR 31.12 – Segurança e Saúde na Operação de Máquinas e Implementos Agrícolas – e a Carteira Nacional de Habilitação categoria ‘B’”, explica Elisa.

Ainda é cedo para saber do resultado da capacitação em mecanização florestal, mas o Senar/MS já busca outras iniciativas. “É um projeto ousado que vem a somar com a economia e com o setor. Primeiramente estamos focando no maquinário e no operador e nesse meio tempo identificamos outros gargalos, por isso vamos planejar pro futuro novas capacitações no cultivo e colheita do eucalipto”, adianta a coordenadora educacional.

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