Apesar de possuir o maior rebanho comercial de gado do mundo e ser um dos líderes mundiais em exportações de carne, o comércio e a qualidade dos produtos bovinos brasileiros voltou a ser amplamente discutido em todo território nacional, desde a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal. A ação denunciou o comércio de carne adulterada no mercado externo e interno, além das delações realizadas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, detentora de marcas como Friboi e Seara, que acabaram abalando ainda mais a confiança dos brasileiros e de compradores internacionais.
Mas, em meio à crise, o pecuarista e Presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antônio Pitangui de Salvo, em entrevista à Web Rádio Agromundi, afirmou que as inflações denunciadas pela Operação Carne Fraca são atos isolados, que afetaram, basicamente, apenas o mercado nacional de embutidos. “Esses acontecimentos não nos atingiram de forma direta, o bife que comemos no dia a dia e a carne que usamos no churrasco continuam com a qualidade de sempre. É claro que tivemos alguns problemas, como a queda no preço dos nossos produtos, mas é um episódio que já passou e que nada tem a ver com a classe produtora”, declarou Antônio.
Quanto à influência das delações dos irmãos Batista no mercado nacional e internacional, Antônio afirmou que o clima de apreensão irá permanecer por mais alguns meses, devido à grande quantidade de frigoríficos brasileiros comandados pela JBS, mas acredita que em breve o mercado conseguirá se recuperar. “Não vejo isso como um problema que se estenderá por muito tempo, o mercado brasileiro de carne já está se adaptando e se equilibrando, com novos e pequenos frigoríficos aumentando o número de abates. É claro que essa adaptação não acontecerá da noite para o dia, pois a queda de credibilidade foi realmente muito grande, mas até o final de 2017 acredito que grande parte do mercado já terá voltado a sua competitividade natural”, declarou.
E para auxiliar que o mercado de carne continue em expansão, Antônio explica que a Comissão Nacional de Pecuária de Corte da CNA tem trabalhado nos avanços de diversas questões sanitárias, entre elas a finalização das ações de vacinação contra a febre aftosa. “Com essa ação concluída, será possível adquirir preços melhores e novos mercados internacionais, principalmente relacionados à carne gourmet”, afirmou.
Crescimento
Apesar de menor do que o previsto no início do ano, uma avaliação realizada pela consultoria Agroconsult constatou que as exportações de carne bovina do Brasil deverão apresentar um aumento de 10% em comparação ao ano anterior. A empresa também divulgou que, até o final de 2017, o país conseguirá ter mais de 5 milhões de cabeças de gado confinadas. Esses valores se devem, principalmente, pela queda no preço do milho, que desde o início do ano caiu 32%.
Para mais informações sobre o atual contexto da pecuária bovina brasileira e ouvir a entrevista completa com Antônio Pitangui de Salvo, basta acessar o portal Agromundi (http://www.agromundi.com.br/), e clicar na aba “Podcast”.