Uma parcela considerável de brasileiros ainda convive com problemas dentários, seja por falta de informação adequada ou pelo medo do consultório odontológico. De acordo com uma pesquisa do Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mais de 48% dos entrevistados com idade entre 35 e 44 anos precisam de tratamento odontológico imediato.
Para o odontólogo e doutor em Endodontia Vinícius Caixeta, o processo periodontal é decorrente da má higienização bucal e, em estágio inicial, poderia ser controlado apenas com a escovação e acompanhamento com o dentista. “Normalmente as pessoas buscam o consultório apenas quando sentem um incômodo intenso, mas isso já é um sistema de alarme, que indica alguma alteração de normalidade e vai demandar um tratamento mais complexo”, alerta.
Por trás das dores
O especialista ressalta que a higiene bucal – assim como a falta dela – é um processo cumulativo. Se por um lado a rotina diária adequada aumenta a proteção dos dentes, o descuido tende a deixar a boca cada vez mais exposta. “Tudo é uma sequência de fatores que vão levando a uma piora do quadro de doença do paciente e que se inicia realmente com a higienização inadequada. Por isso, a escovação e o uso do fio dental são os principais métodos de cuidado”, argumenta.
Para pessoas adultas, o especialista em endodontia Vinícius Caixeta recomenda a escovação diária ao acordar, após o almoço e antes de dormir, complementada pelo uso do fio dental ao menos uma vez ao dia. “É ele que vai conseguir adentrar as regiões interdentais, entre os dentes mesmo”, pontua.
Outra estratégia básica para manter a eficácia do processo de escovação é a substituição da escova a cada três meses ou quando as cerdas começam a ficar desgastadas. Contudo, o especialista alerta que quando o paciente passa por um período de doença, como em casos causados por vírus, é recomendado que a escova seja substituída como medida para ajudar a conter a contaminação.
Quando a defesa falha
Quando o paciente descuida da higiene bucal, os dentes acabam se tornando vítimas de bactérias que rompem camadas de sua estrutura em busca de um ambiente mais propício para seu desenvolvimento.
Tudo começa pelo acúmulo de placa. No início, ela pode ser facilmente removida até mesmo com a escovação e o uso de fio dental, contudo, à medida em que endurece, torna-se necessária a intervenção de um profissional de odontologia para fazer a remoção com métodos mecânicos. “Isso tudo gera o acúmulo de bactérias e a mudança de pH bucal. A partir do momento em que temos uma infiltração com a colonização das bactérias nos dentes, podemos ter um quadro de desmineralização, conhecido com cárie, e que pode evoluir”, explica.
Porém, essas bactérias estão sempre seguindo rumo ao interior do dente, passando do esmalte para a dentina até atingir a polpa. Nesses casos, quando o paciente finalmente busca auxílio profissional podem ser necessários tratamentos mais interventivos como o endodôntico, também conhecido como tratamento de canal.
O endodontista Vinícius Caixeta explica que embora seja comum o paciente chegar ao consultório com casos de hipersensibilidade relacionada a alimentos frios, quentes, doces e salgados ou mesmo ao toque e à mastigação, alguns casos também podem ser assintomáticos, levando à necrose da polpa. Diante disso, a melhor proteção passa inevitavelmente pela manutenção de uma rotina de cuidados básicos e acompanhamento periódico com um profissional.
Para pacientes que já passaram por algum tipo de tratamento, a recomendação é ainda mais enfática. “Sempre é possível que haja um agravamento de um caso prévio se não houver o cuidado necessário. Quando isso acontece, geralmente lidamos com tratamentos mais complexos. Um paciente que já fez uma restauração ou até um tratamento endodôntico que precisa ser refeito apresenta sempre uma situação de solução mais complicada”, conclui.