A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fazia parte de um grupo de conselheiros radicais que instigava, “de uma forma ostensiva”, o então presidente Jair Bolsonaro a dar um golpe de Estado.
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Michelle Bolsonaro teria incentivado tentativa de golpe (Foto: Reprodução/Redes Sociais)
A informação consta na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-mandatário brasileiro, que teve sigilo derrubado nesta quarta-feira (19), um dia após a apresentação da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a tentativa de golpe.
No documento, com quase 500 páginas de informações relatadas à Polícia Federal, Cid diz que Michelle integrava a ala radical que pedia a Bolsonaro a decretação de um golpe de Estado, logo após as eleições de 2022.
Entre os participantes do grupo também estavam o ex-ministro Onyx Lorenzoni, o atual senador Jorge Seif, o ex-ministro Gilson Machado, o senador Magno Malta, o deputado federal Eduardo Bolsonaro e o general Mario Fernandes.
Segundo o ex-ajudante de ordens, “Fernandes atuava de forma ostensiva, tentando convencer os demais integrantes das forças a executarem um golpe de Estado. […] Tais pessoas conversavam constantemente com o ex-presidente, instigando-o para dar um golpe de Estado. Eles afirmavam que o ex-presidente tinha o apoio do povo e dos CACs para dar o golpe”, afirmou.
Além disso, Bolsonaro recebia no Palácio do Alvorada outros dois grupos distintos: um conservador e um moderado. O primeiro – formado pelo advogado-geral da União na época, Bruno Bianco, e pelo então ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, além do brigadeiro Baptista Júnior – aconselhava o então mandatário a “mandar o povo para casa” e para colocar-se como um líder da oposição.
Já os moderados, que apesar de não concordarem com o resultado do pleito contra o petista Luiz Inácio Lula da Silva, já tinham aceitado a derrota. Para eles, qualquer coisa diferente disso seria considerado um golpe armado.
Ontem, a PGR denunciou Bolsonaro e mais 33 pessoas por uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com a denúncia, o ex-presidente cometeu os crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado de direito, dano qualificado por violência e grave ameaça contra patrimônio da união, além de deterioração de patrimônio tombado.