O glamour do mundo fashion e as luzes e flashes sobre a passarela quase nos ocultam de um lado sombrio e infelizmente real do mundo da moda, que também poucos profissionais do meio tem coragem de falar, que é o ‘book azul’, o assédio e a exploração não apenas de mulheres, mas também masculina nos bastidores da fama.
A Novela ‘Verdades Secretas’ da Rede Globo em 2015 levantou para todo o Brasil a questão do ‘book rosa’, que é a apresentação feita por agências de modelos a pessoas ricas com intuito de exploração sexual.
O modelo Eduardo Rodrigues é um dos jovens que ingressaram no mercado da moda com esperança de se tornarem reconhecidos por seu trabalho, mas que se depararam com essa triste realidade. Recusando-se a participar do chamado ‘book azul’, Eduardo pensou em abandonar tudo e deixou São Paulo de volta para sua cidade, Divinópolis, em Minas Gerais: “São Paulo era pra mim a cidade aonde tudo acontecia e por isso eu fui para lá, em busca de um sonho e com o objetivo de me consolidar como modelo. Porem tive uma grande decepção com a agência e com o mercado, pois eu não estava lá para fazer ‘book azul’ e sim para trabalhar a sério como modelo. Nunca aceitei me prostituir por dinheiro nenhum do mundo, e por isso voltei para minha cidade”, revela.
Eduardo Rodrigues conta que esteve por um ano em São Paulo e que algumas agências ao verem que era um rapaz de boa aparência e vindo do interior tentavam oferecê-lo como acompanhante para clientes dispostos a pagar para ter uma noite com ele: “achei aquilo um absurdo. Acontecia que a cada vez que eu negava participar disso me deixavam um tempo mais na ‘geladeira’, sem trabalho. Sou muito ético e infelizmente ter que admitir que existe o ‘book azul’ fez meu mundo cair”.
No entanto a carreira de Eduardo estava longe de acabar. Hoje o modelo é um influenciador digital em sua região e afirma que os trabalhos como modelo vão muito bem: ”quando eu voltei para minha cidade quis me dedicar a terminar os estudos e focar na área de saúde e fitness, e até mesmo deixar de lado o mundo da moda, devido a tudo que aconteceu em São Paulo. No entanto, surpreendentemente, assim que eu cheguei a Divinópolis comecei a ser procurado por empresas para fazer trabalhos como modelo, desfiles, ensaios fotográficos e tive reconhecimento muito grande também nas redes sociais, especialmente no Instagram, e me tornei um influencer aqui. Desde então tenho trabalhado com ambas as coisas, moda e fitness, e tem sido muito bom”.
Além disso, o modelo aponta que ao voltar para sua cidade também saiu debaixo de uma ‘ditadura’ que era imposta pela agência e pode ser ele mesmo: “Vivíamos uma ditadura da moda. A agência mandava no corte de cabelo, na forma como fazíamos a barba e dizia que tínhamos que ser mais magros. Hoje eu posso usar o meu cabelo como me agrada, malhar e ter um corpo com mais músculos e manifestar minha personalidade através da minha aparência, e ainda assim atender às expectativas das empresas que me contratam para suas campanhas e desfiles”.