Mostra de filmes na Biblioteca Isaías Paim proporciona acessibilidade com audiodescrição e legendas descritivas

Campo Grande (MS) – Na tarde deste sábado, 8 de outubro, foi realiza a primeira exibição da Mostra de Filmes “Sábado da Acessibilidade”, na Biblioteca Isaias Paim, que tem por objetivo ampliar a acessibilidade no âmbito das ações inclusivas da biblioteca. O filme de hoje foi “Os Inquilinos- Os incomodados que se mudem”, do diretor Sérgio Bianchi.

Os filmes da mostra são todos em audiodescrição, recurso que permite que aqueles que necessitam recebam a informação contida na imagem ao mesmo tempo em que esta aparece, possibilitando que a pessoa desfrute de toda a obra, seguindo a trama e captando a subjetividade da narrativa, da mesma forma de alguém que tenha o sentido da visão.

As legendas descritivas também são disponibilizadas nas exibições para permitir a inclusão de pessoas com deficiência auditiva. As legendas possibilitam, por meio das imagens e legendas descritivas, a captação da narrativa com êxito.

João Marcos Tavares Ferreira, mais conhecido como professor Tavares, tem 48 anos e é deficiente visual desde os 26, devido a um acidente de trabalho. Pedagogo, bacharel em Direito e teólogo, ele é gestor da ong Federação Inclui Brasil, que presta consultoria e assessoramento para o terceiro setor em projetos em várias áreas, uma delas voltada à inclusão de pessoas com deficiência.

Professor Tavares ouviu o filme hoje na Biblioteca Isaias Paim, e disse que a audiodescrição ajuda bastante a ampliar o campo de observação do deficiente visual. “Para o cego de nascença fica mais difícil, porque ele sempre está no mundo abstrato. Mas mesmo assim ajuda bastante. Quanto mais conhecimento de mundo a pessoa tem, melhor. E quando eu ofereço acessibilidade, não é só para o deficiente, é para todos. É uma forma de acesso universal à informação. A rampa não é só para o cadeirante, é para o idoso, a gestante, a mãe com filhos pequenos. Eu não tenho que pensar só no meu umbigo. Assim, você desconstrói um pensamento comum. Quando você está disposto a colaborar, produz um novo saber para a sociedade. Tem muitas coisas que precisam ser desmistificadas”.

Para Tavares, oferecer conteúdo cultural acessível aos deficientes é uma forma de cumprir um papel social. “Existe muito preconceito e discriminação com o cego. Você tem que provar o tempo todo que você é bom. Existe um problema sério no mercado de trabalho, as pessoas não querem contratar. É necessário que os empresários e gestores públicos sejam melhor capacitados para saber como aproveitar o deficiente no mercado de trabalho. E a sociedade não oferece infraestrutura, não está preparada para ser acessível, você tem que se virar nos 30. Quando a Fundação de Cultura me oferece os livros em braile, audiolivros e filmes com audiodescrição, está não só cumprindo a lei, está cumprindo um papel social”.

Também presente na exibição, o jornalista e cientista social Igor Moura veio porque se interessou pelo filme e queria ter uma experiência com a audiodescrição e as legendas descritivas. “É uma experiência que eu não tinha vivido antes, queria ver como é a audiodescrição no cinema, saber como funciona e aproveitar a programação cultural proporcionada pela Fundação de Cultura. A sinopse do filme me chamou atenção, pelo conflito entre a vida na favela e a classe média”.

Igor disse que em alguns momentos fechou os olhos para saber como é ouvir um filme sem a imagem. “É diferente do que a gente está acostumada. A imagem ainda é muito forte, a gente se perde um pouco, mas a descrição como é feita esclarece sobre o que está em cena. A mistura de maneira sincronizada da fala dos personagens com a narração foi interessante”.

A próxima exibição da Mostra “Sábado da Acessibilidade” será no dia 22 de outubro, às 14 horas, na Biblioteca Isaias Paim. Será exibido o filme “Mutum”, de Sandra Kogut. A entrada é franca e aberta a toda a comunidade.

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