Cerca de 200 militantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) ocuparam na manhã desta quarta-feira (17) a sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e da Reforma Agrária) em Campo Grande. A ação faz parte de uma movimentação nacional em defesa do avanço da reforma agrária.
A concentração em frente ao órgão iniciou por volta das 7h. De forma pacífica, cerca de uma hora mais tarde, os manifestantes ocuparam o interior da sede, localizada na rua Jornalista Belizário Lima, 263.
O MST redigiu também uma carta que servirá de ponto de partida para as negociações em Mato Grosso do Sul. “Nossa ocupação é uma ação organizada com o objetivo de avançarmos na negociação com o Incra em MS e no Brasil, rumo à Reforma Agrária”, manifesta Laura Santos, dirigente estadual do movimento
Reivindicações
A mobilização tem como objetivo pressionar pela distribuição de terras para Reforma Agrária em áreas que já estão em negociação, que possuem ocupações ou cujos proprietários possuem irregularidades para com a União.
A Constituição Federal de 1988 prevê a realização de Reforma Agrária em terras improdutivas, ou seja, onde não há utilização pelos proprietários. Ela também pode ser realizada em localidades que possuam irregularidades.
O movimento reivindica assentamentos em áreas localizadas em Sidrolândia, Ponta Porã, Nova Andradina, Corguinho, Itaquiraí, Japorã, Batayporã e Dourados, além de elencar uma lista de fazendas com denúncias de trabalho escravo em Anastácio, Antônio João, Nioaque, Iguatemi, Naviraí e Jardim.
Confira a Carta de Reivindicações
Abril Vermelho
Abril é o mês da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, engajada pelo MST com mobilizações de caráter massivo, com marchas, atos, protestos e ações de formação. O objetivo é enfrentar a concentração de terras no Brasil, a partir do lema “Ocupar para o Brasil alimentar”. As ações também se inserem nas celebrações pelos 40 anos da fundação do Movimento.
Ao longo do mês de abril, haverá atividades em todas as regiões do país, nos territórios onde o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) está mobilizado. O período entre 15 a 19 de abril foi definido como o de maior intensidade das mobilizações.
A campanha Abril Vermelho faz referência ao massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará, quando 21 trabalhadores rurais foram mortos pela Polícia Militar, a mando de latifundiários. A chacina ocorreu em 1996 e é relembrada anualmente como símbolo da violência contra os camponeses no Brasil.
As ações, sobretudo, enfatizam a importância da Reforma Agrária como alternativa urgente e necessária para a produção de alimentos saudáveis para a população do campo e da cidade, para combater a fome e avançar no desenvolvimento do país, no contexto agrário, social, econômico e político. O movimento pontua que o orçamento da pasta dessa política pública é, por dois anos consecutivos, o menor dos últimos 20 anos.
De acordo com o movimento, as iniciativas do Governo Lula voltadas para a Reforma Agrária se mostraram insuficientes e ainda há 70 mil famílias sem-terra vivendo em acampamentos, à espera de terra e de fomento agrícola para produção de alimentos.
*Norberto Liberator e Walter Queiroz, via RED