O MTE – Ministério de Trabalho e Previdência, por intermédio da RAIS – Relação Anual de Informações Sociais divulgou um estudo sobre o mercado de emprego formal para trabalhadores do setor rural. Os números se referem a 2014 e revelam que, dos 1.479 mil trabalhadores rurais, 258 mil são mulheres, perfazendo 17,5% do total. Em Mato Grosso do Sul, o percentual atinge 14,7%, equivalendo a mais de 10 mil trabalhadoras rurais.
Se há até pouco tempo as ocupações femininas se concentravam na cozinha e nos cuidados com as criações, esse quadro atualmente está mais diversificado. Estudando ou trabalhando, as mulheres estão presentes em áreas distintas do campo.
No município de Antônio João, por exemplo, um grupo de 12 mulheres se destacou ao participar do curso de Manutenção Preventiva e Operação de Tratores, oferecido pelo Senar/MS – Serviço nacional de Aprendizagem Rural. Com 24 horas/aulas de conteúdo teórico e prático, as participantes demonstraram que estão conscientes da exigência do mercado de trabalho, acerca da profissionalização nos diferentes segmentos da agropecuária.
A instrutora do Senar/MS, Camilla Mission é engenheira agrícola, Técnica em Açúcar e Álcool e natural de Caarapó (MS). Ela relata que desde pequena acompanhou o desenvolvimento do setor e, por isso, definiu logo em qual profissão queria atuar. “Acompanhava o trabalho do meu pai que tinha uma padaria e fornecia alimentação para os trabalhadores que construíram a primeira usina sucroenergética da região. Eu olhava aquela construção majestosa e tantos trabalhadores envolvidos e pensava: quando crescer quero trabalhar aqui”, comenta.
Sobre a turma formada somente por alunas, Camilla explica que comprovou uma determinação que a gratificou enquanto profissional. “Eu me vi em algumas delas, pois, encarava todas as etapas com vontade e desejo de aprender. Tanto que, nos últimos anos, as agroindústrias abriram espaço para contratação de mulheres em razão da disciplina, dedicação e cuidados que elas têm com os equipamentos”, opina.
Setor fortalecido – A presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Ruiz, foi uma das alunas e ressalta que as mulheres se destacam cada vez mais nas atribuições do meio rural. Tanto que, antes de solicitar a capacitação, promoveu um levantamento entre as empresas rurais da região para saber qual a demanda existente no mercado local. “Comprovamos que os empregadores precisavam de profissionais que soubessem operar máquinas agrícolas e que o salário pago era igual para todos. Fiquei satisfeita de fazer parte desse grupo e aprender a observar detalhes como filtro do óleo e do motor, ou ainda, sobre transmissão do filtro de combustível e de ar”, pontua.
Roseli acrescenta que o resultado da qualificação foi positivo e a comprovação é que durante a semana de 28 a 31 de março, as concluintes participarão do curso básico em Agricultura de Precisão. “A força de vontade desse grupo é contagiante e já confirmamos o início de mais capacitações com foco no setor agrícola, entre elas, a Agricultura de Precisão. Estamos nos organizando também para criar uma caravana que visitará a feira Agrishow, uma das mais importantes do setor que acontece em abril, na cidade de Ribeirão Preto (SP)”, revela animada.
Opinião das alunas – Ivonethe Barcellos nasceu e foi criada em Antônio João e conta que a família sempre se dedicou à atividade agrícola. Ela tem três irmãos que sempre estiveram à frente do trabalho no campo, mas, por estar desempregada resolveu se capacitar para auxiliar na lida diária. “Meus irmãos sempre fizeram o trabalho considerado mais pesado, mas, percebi que o mercado rural ampliou e modernizou e tenho chances de conseguir um emprego, se estiver preparada. Fiquei satisfeita com o curso e já me inscrevi para a próxima turma, da Agricultura de Precisão”, afirma.
Liliam Vilalba Ferreira sempre trabalhou com a família na fazenda Panambi, mas resolveu participar do curso para ajudar o pai e os irmãos no processo de plantio e colheita de grãos. “O trabalho deles é muito puxado, começa às 8h da manhã e termina por volta das 22h, se o tempo estiver bom. Eu nasci dentro da fazenda, sempre ajudei nos afazeres diários e gosto muito do que faço. Antes eu cuidava dos animais, mas depois do curso comecei a ajudar no transporte da colheita até os caminhões que fazem o escoamento da nossa produção”, argumenta.