Confesso que jamais desejei estar vivo para ver tamanha truculência, covardia e cinismo misturados! Que ‘civilização’, que sociedade, que mundo mais injusto e pérfido!
Como um dos exércitos mais poderosos e bem treinados (e a bem da verdade, corruptos!) pode se passar por ‘vítima’, quando todos conhecem, reconhecem e temem seu poder. A maioria dos estadistas ocidentais teme o establishment israelense pelas ameaças claras que faz a quem os contradiz. Já vimos muitos políticos europeus, norte-americanos (estadunidenses e canadenses, sobretudo; mas mexicanos também), asiáticos (japoneses e sul-coreanos), africanos e da Oceania se borrarem de medo — e que medo! — da pressão econômica, midiática e política exercida pelas organizações sionistas.
Foi eloquente a falta de educação e de tato diplomático com o Brasil e o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O indivíduo que se diz ‘chanceler’ de Netanyahu, um extremista que não tem qualquer iniciação na diplomacia, vomitou ofensas e humilhações diante do embaixador do Brasil em Tel Aviv, em público, rasgando protocolos e convenções internacionais.
O Presidente Lula, com a coragem que lhe é peculiar, falou o que os covardes ‘líderes’ ocidentais, verdadeiros serviçais dos sionistas e colonialistas de plantão, sabem, mas têm medo de dizer a verdade. Borram-se todos, de olho nas próximas eleições e os riscos que podem correr senão cumprirem com o script. Isso não é democracia, é plutocracia.
Maldição é o mínimo que me vem à consciência quando vejo essas bestas em forma de gente a fazer teatrinho de gosto duvidoso para verdadeiros monstrengos que dizem ser parte majoritária do eleitorado israelense. Esse é o tal ‘povo eleito’? Não, jamais! Deus, o Criador, não seria injusto, insensível e, muito menos, desumano.
E por falar em maldição, aparecem nas redes sociais uns mercadores da fé formados em cadeias, nunca em seminários, para amaldiçoar a Nação, o Brasil, por ter escolhido livre e secretamente o Presidente Lula, e não o seu inominável, serviçal mercenário desses monstros travestidos de gente. Covardes, todos ainda vão pagar pelas suas canalhices; se antes a impunidade protegia criminosos, hoje não.
Esses indivíduos, cujos similares estão espalhados em outros países, são os extremistas. É a extrema-direita que, como cadáver insepulto, saiu da cova para assombrar sem dó nem piedade as novas gerações. Em pacto com o capiroto, tergiversam as Sagradas Escrituras, de todas as denominações, credos, confissões e seitas. Passam-se por sacerdotes, mas não passam de mercadores da fé.
Passou da hora de fazer vista grossa a essas figuras demoníacas. Para começar, nunca se dedicaram ao estudo da Teologia, Filosofia, Exegese e Hermenêutica, sem as quais tentam interpretar ao bel prazer as Sagradas Escrituras, independentemente de sua denominação. Os seus fiéis, de boa-fé, acabam induzidos a verdadeiros delírios: a fé é libertadora, não instrumento de dominação e aprisionamento.
Até dá impressão de que num passe de mágica voltamos à Idade Média e ao obscurantismo assassino, aterrorizador. Quem não aceitava o que era doutrinado era submetido a toda forma de tortura sem qualquer comiseração, benevolência.
A tirania intolerante que se gestou ao longo da interminável noite de horrores com que se travestiram os tempos medievais nos ensinou, com o Humanismo advindo do Renascimento que a espécie humana é uma só e que não há ninguém, absolutamente ninguém, superior a outrem.
Portanto, esse supremacismo europeu sionista que querem impor na Palestina não vingará. O jugo colonial, que entregou a Palestina entre fins do século XIX e a primeira metade do século XX, cessará, leve o tempo que levar. Mas Netanyahu e seus assemelhados estarão condenados, senão nos tribunais penais internacionais, pela História.
Curiosamente, o Renascimento foi possível graças à preservação, pelos árabes, dos livros produzidos na Antiguidade Clássica. Ou de onde foram resgatados os escritos cujas cópias eram queimadas como satânicas pelos europeus intolerantes e obscurantistas? Por que os dois Estados remanescentes da Península Ibérica desenvolvida ao longo da Idade Média pelos ‘mouros’ foram os vanguardistas nas grandes navegações e cuja herança até hoje está imponente e explícita como testemunha de um tempo de esplendor cultural efetivo e inquestionável?
Pois os descendentes desses mesmos árabes que na Renascença promoveram a luz, o saber e a concórdia por meio do legado clássico protegido das hordas medievais, por conta do igualmente europeu império turco, acabaram vítimas da cobiça, deslealdade e truculência europeia, e deu no que deu: os árabes, então protetores dos judeus, hoje vitimados pelos seguidores de uma quase seita chamada sionismo, bem como de sua interface ocidental (o sionismo cristão, patrocinado por seitas estadunidenses desde fins da década de 1930), sempre em aliança com as correntes de ultradireita.
Se o carniceiro de Gaza usa como ameaça o ‘antissemitismo’, é oportuno refrescar-lhe a memória, dele e de seus assessores e correligionários pelo mundo: os árabes, portanto, os palestinos, também são semitas, pela ascendência de Ismael, o filho de Abraão com Hagar que todas as Sagradas Escrituras tidas como fonte do monoteísmo existente na atualidade narram com todas as letras.
Antissemitismo, sim, é o que estão fazendo em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém. Sim, e também na Palestina toda, Líbano, Síria, Iraque, Líbia, Iêmen, enfim, em toda a Arábia, hoje dividida em mais de 22 Estados, fruto do Acordo Sykes-Picot, o mesmo que permitiu que o barão Rotschild e seu Movimento Sionista Internacional recebessem como moeda de troca a Declaração Balfour.
Finalmente, serviçais sionistas e congêneres, aprendam a ler — ler em profundidade, com critério e muita atenção — os velhos livros de história deixados nas maiores bibliotecas do ocidente pelos colonizadores europeus com o saque descarado feito em todos os países árabes destruídos e roubados em seu patrimônio maior, o seu patrimônio cultural, histórico e arqueológico.
Óbvio, o conhecimento é restrito a eles, em sua obsessão de dominar o mundo. Coisa feia, mas como eles continuam a se achar ‘superiores’, eles nos veem como inferiores, gentios, por isso não veem crime algum ao dizimar populações inteiras na Palestina, na África, em outros países árabes (até porque Israel não tem oficialmente fronteiras demarcadas e, pior, não tem constituição escrita: só é cidadão quem for admitido por eles, dentro de seus critérios). Isso não dizem para todos, mas eles têm ciência disso.
Em outras palavras, a ira de Netanyahu decorre da ‘heresia’ cometida pelo Presidente Lula, que com coragem e galhardia, chamou de genocídio o que ocorre em Gaza. Aliás, objeto de julgamento pelo Tribunal Penal Internacional de Haia, que — por coincidência? — o governo sionista não reconhece, e, portanto, não se submete a seus julgamentos.
Aliados dos nazistas e de todos os extremistas de direita, os sionistas querem ver o Messias (deles) vir logo. Portanto, quanto antes o Apocalipse vir, para eles melhor. Só que não. Para nós, o ‘resto’ da humanidade interessa este mundo bem conservado, justo, solidário, com distribuição de renda, feliz e, sobretudo, com muito conhecimento para que o bem-estar decorrente do progresso chegue a todas e todos. E que viva a diversidade, a pluralidade e a solidariedade! Amém e aleluia!
*Ahmad Schabib Hany