Nicolau Maquiavel e o Comando Brasileiro

A grande fraude governamental da potência Sul-Americana é antes de tudo uma crise de ideais. Destas, passadas por seus transmissores e absorvidas pelos epígonos desde o antigo renascimento italiano.

Nascido na região de Florença, Nicolau testemunhou em toda a sua vida a instabilidade monárquica dominante no território. Muitos se esquecem de recordar esse fato histórico como importante justificativa para sua corrente de pensamentos escritos na obra “O Príncipe”, conhecido como MANUAL DA POLÍTICA. Uma observação detalhada, não muito breve, pode trazer à sirga semelhança àquela trajetória histórica da instabilidade vislumbrada pelo escritor florentino com o comando político experimentado cotidianamente no Brasil. Esta tem o poder de desencadear incentivos a métodos maquiavélicos representados pelo livro, resultantes no irreal sistema de democracia brasileiro.

Dividido entre de esquerda e de direita, vermelhos, azuis ou verdes, o sistema político nacional experimenta apenas ideais estanques, incomunicáveis e improdutivos, resultando na aridez da mera democracia formal e em todo tipo de corrupção e desorientação ao bem-estar da sociedade. Nesta esteira, está a lição de Maquiavel ao aconselhar a classe dominante a realizar alianças com outros principados, mentir e honrar, moldar a ética e o caráter ao sabor das conveniências dos acontecimentos. Ou seja, ser flexível às mudanças e ideologias de seus filhos. Manter a paz política pelo equilíbrio, substanciada na corrupção maquiada.

Interessante notar que os derradeiros séculos estão marcados e influenciam a vida política no mundo contemporâneo, com reflexos em nosso âmbito nacional, seja na forma como o ser humano vive, até as eivas dos quais ainda não superamos, não nos livramos e dificilmente nos livraremos.

No século XXI persistem guerras por território, intolerâncias de toda ordem; convicções alheias díspares não podem ser aceitas. Tomos somos vítimas de nossa própria espécie, independente de qualquer classe social. O ser humano parece não evoluir. Continua a produzir suas idiossincracias pelos séculos. Seja consciente ou inconsciente, a soturna concepção compartilhada por todos os regentes políticos, ao largo de todo o tempo, o principal objetivo dado à POLÍTICA jamais foi o BEM COMUM. TOMAR EMANUSEAR O PODER, esse sim, o translúcido estofo da compleição objetivada. Nisso se observa que os conceitos de ETHOS e CHARAKTER, tão importantes na plataforma democrática ao conceito original da POLÍTICA, foram deixados em plano segundo; ou melhor, em plano nenhum.

A classe política brasileira se mantém em profunda sintonia com esse pesado e infausto fardo a que submete o povo brasileiro.

A denominada “Operação Lava Jato” demonstra que o povo brasileiro busca encontrar meios, através do Judiciário e da Polícia Federal, para enfrentar políticas nefastas, inspiradas num maquiavelismo TUPINIQUIM medíocre, não somente dominador, mas também alienador da sociedade brasileira.

Os fatos políticos que recentemente vieram à tona, reforçam a crença que na frase originada pela ideologia de VIRTU “Os fins justificam os meios”, expressão nunca dita por Nicolau, embora possa ser fruto de sua filosofia, reflete a melhor representação do repugnante Governo Federal e a classe política brasileira.

Importante lembrar que a antiga Itália originariamente era composta por pequenas repúblicas na linha do tempo vivida por aquele pensador; ou seja, era inexistente a unificação do grande território. Em decorrência desse fato histórico, surgem alianças entre principados na busca de apoio de um regente ao outro, visando sobretudo interesses pessoais.  Por simples proposição seria essa a teoria da mais pura atualidade política vivenciada pela sociedade brasileira, onde alianças entre partidos, PP, PT, PMDB, PSDB, dentre outros, são os donos de nossa humilhação.             Em pleno século XXI, tornam realidade os conceitos de VIRTU e FORTU, para, através da corrupção institucionalizada, desviar bilhões de reais por meio de empreiteiras contratadas.

FORTU é a ideologia de que para obter as rédeas da gestão e necessário sorte, reconhecer as oportunidades e agarrá-las.

VIRTU são as ações/passos para alcançar o objetivo principal.

Os ordinários procedimentos maquiavélicos andam de par com o poder de alienação popular, por isso algo como a Revolução Francesa é tão temido por seus beneficiários políticos.

O extremo poder desses métodos acaba, mais cedo ou mais tarde, por resultar na revolta da miserável população, enquanto seus pseudos representantes estão a degustar o que jamais seus filhos poderão sequer sonhar. A metodologia utilizada pelos falsos representantes políticos, com intenção de evitar a revolta da massa ignara e sofrida, é agir de forma sutil e flexível, procurando iludir integrantes dos oprimidos pela miséria e por todo tipo de desatenção social, para assim obter apoio de integrantes da população desassistida, de maneira inconsciente. Por exemplo, a metodologia das denominadas Cotas Raciais serve para empalidecer, usurpar da consciência social, a realidade absurda do secular atraso em investimento para a educação popular. Através das tais ´cotas´ o sistema político responde a tal lapso, e cospe nas melhores universidades estudantes despreparados, cuja formação estruturada deveria iniciar-se desde as primeiras mesas escolares. Mas ali são jogados, sem assistência alguma.

É importante refletir sobre a tese de a corrupção ser característica da população no Brasil. Na verdade, sofre-se desse mal como um efeito passivo; ou melhor, anestésico. A atual escala corrupta da área política chega a tal grau que já não se faz mais surpreendente o desvio do dinheiro público; o teatro do absurdo tornou-se paisagem normal na realidade brasileira. Nesse seguir da trajetória histórica, mantido o atual sistema político, verifica-se do passado que brasileiros herdaram, e do futuro os novos herdarão, a cegueira cultural e a cidadania, perpetuando-se por gerações.

Vivemos num país em que a leitura é mínima e a Rede Globo, propondo em suas produções o pouco pensar, substancia a máxima de informes à massa ignara. A inexistência de um sistema educacional sólido desde as bases, torna uma nação facilmente influenciável e flexível para os interesses escusos. Daí resulta o discurso contra si próprio, tanto que não é raro ouvir a expressão, indene de constrangimento, do político que “rouba mas faz”, ou até mesmo o critério eletivo ser a característica física do candidato. O simples fato de seu físico se enquadrar no mais fútil padrão de beleza pode ser a opção de quem tem o poder do voto, sem falar das patéticas campanhas dos despreparados, que ornamentam o sistema político em vigor.

A democracia atual apenas demonstra a aridez formal do povo ser convocado, de quando em quando, para decidir sobre seus governantes. Com isso se está num ciclo vicioso e quase sem salvação.

A classe política é espelho de seu povo. A alienação da grande massa popular é o fruto adocicado que tanto agrada aos que se dedicam aos desmandos da coisa pública. Enquanto a grande maioria continuar alienada, garantida está a manutenção do atual status quo. A esperança, e que não seja vã, é ver nascer dentro de cada lar o poder da conscientização e a exigência da sólida educação, de que é tão carente a nação brasileira.

*Maria Eduarda Del Debbio Degani Neder Meneghelli, é integrante do Corpo Discente da EF ACADEMY – New York

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