Depois de passar um mês na aldeia Marçal de Souza o projeto Remi (Reconstrução de Memória e Identidade) levou suas oficinas para o Centro Comunitário das Moreninhas I e II. O primeiro dia do projeto no bairro foi no sábado (23) e ele segue por lá até o dia 13 de novembro. São ministradas oficinas de fotografia, dança, teatro, música, arte terena e urbana, todas gratuitas e abertas ao público.
A comunidade abraçou a proposta e muitos moradores participaram das oficinas. “Recebi informações do projeto pelas redes sociais, achei interessante e vim fazer a oficina de arte terena”, conta a estudante Mel Figueiró.
Sua escolha não se deu aleatoriamente, já que ela tem raízes indígenas em parte da família. “Temos um lado europeu e outro indígena, mas por conta do apagamento de nossas culturas ancestrais perdemos muito dessa cultura que é muito rica. Aprendi muito aqui neste primeiro dia de aula, como cada elemento artístico tem seu significado e também sobre a resistência deles”, afirma.
Além dela, outros moradores da região também se interessaram bastante pela mesma oficina. A advogada Socorro Matos, presidente da Unegro MS (União de Negros e Negras pela Igualdade de Mato Grosso do Sul) estava bastante animada com a discussão gerada no período da aula.
“Tanto a história indígena quanto a negra é negada em nossa sociedade e trazer essa oficina para a comunidade coloca esse debate em questão. Conhecemos a riqueza dos detalhes da arte indígena na oficina, me identifiquei muito com essas origens. Só tenho a agradecer pelo projeto vir até nosso bairro”, afirma Socorro.
A programação ainda conta com oficinas de arte urbana (com o artista Victor Macaulin); fotografia (com a cineasta Thauanny Maíra); performance (com a bailarina Flora Lira), teatro imaginário e afetivo (com o ator Jefley Maurício), musicalização pelo ritmo (com o músico Anderson Salgado); arte terena em dança, trajes e grafismo (com a artista Bianca Francelino) e arte terena gráfica em tela (com o artista Bryant Soares).
“Quando fiquei sabendo das oficinas logo me interessei também. Sou artesã e me inscrevi na de arte urbana. Foi muito interessante porque é uma arte que transmite uma crítica social, fala sobre a realidade periférica, como esses artistas veem o mundo, como se enxergam e se expressam. Aprendi muito nessa primeira aula e estou ansiosa para as próximas”, frisa Katia Alves.
O Projeto Remi conta com recursos do FMIC (Fundo Municipal de Investimentos Culturais), da Sectur (Secretaria Municipal de Cultura e Turismo), promovido pela Prefeitura de Campo Grande.
O Centro Comunitário das Moreninhas I e II fica situado na Rua Anaca, nº 320, região sul da Capital. Outras informações sobre as oficinas podem ser obtidas pelo telefone (67) 99877-2587 (WhatsApp).