São Paulo (SP) – Dia 24 de janeiro é comemorado o Dia Nacional do Aposentado. A data homenageia os profissionais que dedicaram anos de sua vida ao mercado de trabalho e que agora encerraram mais um ciclo. Mas, engana-se quem pensa que na aposentadoria não surgem novas ideias e projetos.
Segundo o diretor superintendente do Sebrae-SP Wilson Poit, em uma entrevista ao Estadão, a ‘economia prateada’, ou seja, o mercado que envolve a população com mais de 60 anos, movimenta R$1,6 tri por ano no Brasil. Ainda de acordo com o executivo, entre 2012 e 2021, 12,2 milhões de pessoas ingressaram neste grupo de pessoas e a expectativa é que esse crescimento seja ainda mais acelerado nos próximos anos devido ao envelhecimento da população brasileira.
A afirmação corrobora com a pesquisa Tsunami60mais que apontou que em pouco tempo o Brasil será o sexto país com mais idosos do mundo, e nesta década terá mais pessoas acima dos 60 anos do que adolescentes até 14. O estudo feito pela consultoria de marketing Hype60+ foi apresentado por sua fundadora Layla Vallias durante a 19ª Convenção ABF do franchising.
Abaixo, conheça histórias de aposentados que realizaram o sonho de abrir um negócio por meio de franquia.
5àsec
Engenheiro civil aposentado, Virgílio Lara Resende, de 60 anos, é morador de Belo Horizonte (MG). Após anos atuando em uma empresa privada e com uma rotina definida, viu a oportunidade de investir em seu primeiro negócio próprio. A ideia de ingressar no segmento de franquias se deu por entender que ainda tinha muito com o que contribuir com a economia mineira, além de poder gerar mais empregos para os habitantes da capital de Minas Gerais. “A ideia de abrir uma 5àsec me veio à mente por alguns motivos: sou cliente há mais de 15 anos da marca, e sempre admirei a qualidade dos serviços oferecidos e, ao entrar em contato com a área comercial, conheci e gostei do plano de negócios. Todo o profissionalismo me chamou a atenção. Em oito meses após a primeira aproximação, abri a unidade no bairro de Gutierrez, localizado na capital”, conta.
Água Doce Sabores do Brasil
Para realizar um dos seus sonhos antigos, Sueli Fragoso, de 67 anos, trabalhou por mais de 30 anos como bancária. A chegada da tão sonhada aposentadoria permitiu o investimento em um negócio de alimentação que proporcionava a realização de um objetivo antigo. “Era moradora de Bauru, no interior de São Paulo, e frequentava assiduamente a Água Doce da cidade. A estrutura, pratos e bebidas de qualidade sempre me chamaram a atenção. Quando me aposentei, estudei algumas alternativas e vi que era em uma franquia da rede que iria realizar o meu mais antigo sonho. Como atuei por cinco anos em um banco na cidade de Lençóis Paulista, notei que muitos moradores iam até Bauru para frequentar a unidade da marca. Não pensei duas vezes em investir em restaurante da franquia na cidade”, comenta Fragoso, que junto com o marido José Eduardo, administram a unidade desde 2007.
Casa do Construtor
Preservar a saúde mental e manterem-se ativos. Estes são dois dos motivos que levaram a executiva da área financeira, Maria Luiza Silva e o químico industrial da área têxtil, Marcelo Gomes, a empreenderem após a aposentadoria. Na casa dos 60 anos, a vontade de ter um negócio próprio vem desde a juventude, mas o sonho foi adiado por vários motivos. Hoje, donos de duas unidades da Casa do Construtor, eles se veem realizados e sem vontade de parar. “Não dá para aposentar, vestir o pijama e pronto. Temos muito a viver e muito que fazer ainda”, conta Maria Luiza.
Outro ponto que os levou a empreender foi o mercado de trabalho que se mostra escasso para profissionais na faixa etária deles. “Se fôssemos tentar trabalhar, não conseguiríamos emprego. Isto porque, pela idade, o mundo corporativo não nos veria mais como mão de obra útil”, diz. Apesar disso, ela acredita que empreender nesta idade traz um risco maior. “Sempre digo à nossa filha que é muito melhor empreender antes dos 50. Isto porque nesta idade não se pode quebrar e recomeçar, não há tempo para isso. É preciso pensar muito antes de se tomar uma decisão e ter os pés bem firmes no chão”, acrescenta.
Divino Fogão
Aposentado desde 2000, Luiz Carlos Sacchi, de 73 anos, não pretendia ‘vestir o pijama’ com a chegada da aposentadoria e, para que isso não acontecesse, foi em busca de alternativas para continuar ativo fora do mundo corporativo. Junto com a esposa, buscou negócios como um café, para ser algo mais leve e para ganharem vivência com a nova experiência. A opção de investir em uma franquia foi a solução encontrada pelo casal pela estrutura e segurança oferecidas para a gestão de uma operação. “Sempre tive uma paixão por cozinha. Dentre inúmeras marcas visitadas, nos encantamos pela São Paulo I, que hoje é o Divino Fogão. O que mais nos chamou a atenção para a operação foi o desafio de ter que produzir todos os produtos na loja, diferente da maioria das redes de fast food que operam com tudo pronto”, relembra Sacchi, que está na rede há 21 anos e administra o restaurante da marca no SuperShopping Osasco, no estado de São Paulo.
iGUi TRATABEM
Rosana Figueiredo, 60 anos, era professora universitária aposentada nas áreas de Marketing e Administração quando decidiu com o marido Marcos Diamente (60), administrador de empresas, empreender. Assim tornaram-se franqueados da iGUi TRATABEM há cinco anos. Na época, Marcos havia se desligado do emprego em uma concessionária de automóveis e procurava trabalhar numa atividade que gostasse. O casal, então, começou a pesquisar negócios em franquias. Por indicação de amigos, decidiram pela TRATABEM. Formada em Administração, Marketing e Planejamento Estratégico, mesmo aposentada Rosana lecionou cerca de um ano e meio após a abertura da loja. Com o sucesso da primeira franquia e pela visão de mercado do Marcos, há um ano o casal abriu uma loja de piscinas Splash, outra marca da rede iGUi. “Hoje fazemos um trabalho completo: temos as duas franquias, vendemos as piscinas e continuamos com o serviço de TRATABEM, não só de limpeza como de manutenção técnica”, explica Rosana. Atualmente, o casal emprega 13 colaboradores fixos e um free lancer em ambas as lojas localizadas no bairro do Tucuruvi, região da Serra da Cantareira, em São Paulo.
Maple Bear
Roberto Fragoso, 72 anos, se aventurou no mercado educacional após sua aposentadoria em 1995. Formado em Administração de Empresas e com experiência no ramo de TI, abriu uma consultoria administrativa acadêmica para atuar com reestruturação de escolas e universidades. Apaixonado pelo segmento de educação, Fragoso investiu, junto com sócios, em uma escola bilíngue em Alphaville, bairro nobre da Grande São Paulo, em 2003. Com a chegada da metodologia canadense no Brasil, trazida pela Maple Bear, uma rede de escolas bilíngue por imersão fundada no Canadá, o empresário incluiu, em 2006, um dos melhores métodos de ensino do mundo em sua operação. Roberto foi o responsável pela primeira instituição em parceria com a rede no Brasil. “Quando me aposentei, não planejava parar de atuar no mercado. Por isso, investi em um negócio próprio para atender um ramo que me identificava, que é o de educação. Fomos a primeira escola da Maple Bear em território nacional, sendo os responsáveis pelo lançamento da marca no País. Já são mais de 15 anos fazendo parte da rede e sempre me impressiono com a infinidade de oportunidades que este setor nos oferece, por ser mais estável e proporcionar uma receita recorrente, além da excelência do programa acadêmico”, comenta Fragoso.
Mr. Cheney
Por mais de 30 anos, Antônio José Aydar, o Toninho, 64 anos, foi professor de Física para alunos do Ensino Médio e de Teoria das Estruturas para futuros engenheiros civis. Apaixonado pelas salas de aula, ele não se via fazendo outra coisa. No entanto, após se aposentar em 2017, ele descobriu uma nova paixão: o empreendedorismo. Convidado por seu filho para abrir uma franquia, eles encontraram o Mr. Cheney e se identificaram de imediato. Hoje, eles são donos da unidade do Shopping Iguatemi de São José do Rio Preto. “Enxergo este meu negócio como um filho. Amo trabalhar aqui, receber amigos, ex-alunos e clientes”. A vida de professor foi deixada de lado, mas por conta da recém-descoberta veia empreendedora, ele viu (re)nascer um estudante. “Com esta nova ocupação, passei a estudar muito sobre gestão empresarial e de pessoas para me aprimorar cada vez mais”.