No Dia Mundial da Poesia, autores falam sobre a valorização do gênero literário em Mato Grosso do Sul

A orquestração das palavras, o colorido das imagens e a contundência de uma boa métrica outorgan à poesia um poder sem comparação. Como forma de expressão íntima que permite abrir-se aos demais, a poesia enriquece o diálogo que catalisa todo progresso humano e é mais necessária que nunca em tempos turbulentos”. Estas são as palavras da diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, em comemoração ao Dia Mundial da Poesia.

Esta data, 21 de março, foi o dia escolhido, na XXX Conferência Geral da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em 1999, para homenagear a poesia, promover a diversidade das línguas e intensificar os intercâmbios entre culturas.

O Dia Mundial da Poesia é uma ocasião para honrar os poetas, reviver tradições orais de recitais de poesia, promover a leitura, a escrita e ensino da poesia, fomentar a convergência entre a poesia e outras artes como o teatro, a dança, a música e a pintura, e aumentar a visibilidade da poesia na mídia. À medida que a poesia continua unindo pessoas em todos os continentes, todos estão convidados a unir-se.

Livro ‘Vias do Infinito Ser’, do escritor Rubenio Marcelo – Foto: Editora Divulgação

O consagrado poeta sul-mato-grossense Rubenio Marcelo declarou que o gênero literário poesia está cada vez mais sendo valorizado. “A poesia está conquistando mais leitores – isso tanto em MS, como em termos de país (Brasil), onde atualmente cerca de 30 milhões de pessoas leem poesia. A Poesia é atualmente, segundo pesquisa, o sexto gênero na preferência dos leitores. Esta valorização da poesia deve-se muito às atividades literárias em sala de aulas, aos eventos culturais e literários que semeiam a palavra poética (feiras, bienais, mesas literárias etc.), e também aos pais que estimulam a leitura no seio familiar”.

Segundo o autor, existem bons livros de poesia sendo lançados no Estado, mas os autores necessitam de efetivos apoios para a publicação e fomento das respectivas obras. “Tive um dos meus livros de poesia (o meu livro ‘Vias do Infinito Ser’) indicado pela UFMS como leitura obrigatória para o Vestibular e também para o triênio do PASSE 2021/2022/2023, isso é um efetivo exemplo da valorização do gênero Poesia”.

Rubenio convida aos interessados sobre o tema poesia para um evento aberto ao público na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, no próximo dia 30 de março, às 19h30, que contará com a sua participação. “Nós, que atuamos na arte da Palavra, temos também que fazer a nossa parte. Já foi dito que ‘a arte existe porque a vida não basta’ (foi Ferreira Gullar que disse isso)… Pois bem: a Poesia é a arte da palavra que fecunda a nossa essência. É arte fundamental para o senso crítico, para despertar o pensar e a imaginação, fecundar a criatividade, gerar entretenimento e enfim amenizar o caos mundano”.

Henrique Alberto de Medeiros Filho publicitário, jornalista, escritor, membro permanente de Análise de Candidatos (CPAC) da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, disse que Mato Grosso do Sul tem muitos bons escritores: “A literatura que a gente produz é muito boa, temos pessoas envolvidas com os processos da escrita e com os acontecimentos literários e a produção tem muita qualidade. Nós temos grandes talentos, temos boas pessoas realmente escrevendo, participando da literatura, e cada vez mais interessadas em poder fazer com que Mato Grosso do Sul tenha, também, um destaque dentro da literatura nacional com a sua poesia”.

 Para o autor, valorizar a poesia é valorizar também a cultura e a educação. “É evidente que, quando a gente fala em valorização da poesia, a gente fala em valorização da cultura e da educação. O trabalho com relação ao incentivo à leitura no sentido do interesse com a educação, com a literatura, até mesmo nas nossas grades escolares, é algo que precisa ser trabalhado muito junto às nossas administrações públicas do Estado e do Município, no sentido de valorizar, também, o que se produz em Mato Grosso do Sul entre os alunos, a rede docente e discente, que tenha conhecimento do que se faz, porque é a produção do nosso próprio Estado, seria valorizar a poesia aqui no nosso Estado. Eu costumo dizer que ultimamente está faltando poesia no mundo. Então, esse interesse por escrever, esse interesse pela poesia, pela literatura, é algo que a gente tem que fazer o possível para passar o máximo, tanto na formação de novos leitores, como a todos que tenham possibilidade de melhor compreender e entender o sentimento, que é o que a gente tem, principalmente, na poesia. O sentimento do mundo fica ali”.

Poetisa Alessandra Coelho – Foto: Karina Lima/Divulgação

A jovem poetisa Alessandra Coelho, de 22 anos, acadêmica do último ano de Letras da UEMS, esteve presente na manhã desta terça-feira na Biblioteca Pública Estadual Dr. Isaias Paim, para fazer a doação de seu primeiro livro de poesias, “Usamos tudo para poesia”. “Esse meu primeiro livro foi editado pela Hámor Edições, uma editora independente aqui de Campo Grande, MS, e como o título já diz mais ou menos, tem um pouco de tudo, eu uso tudo para escrever meus poemas neste livro, tanto coisas absurdas, como morte, tragédias, assim como coisas do dia-a-dia, tomar um café, ler um livro, ver o pôr do sol… Tem um pouco de tudo, mas principalmente tem muito de mim, é um livro muito intimista neste sentido ode ter muitas coisas do meu interior, do meu dia-a-dia e coisas mais psicológicas dentro da minha própria mente”.

A poesia sempre esteve presente na vida de Alessandra, desde quando ela era criança. “A minha avó materna, que eu considero mãe também, ela era poetisa, ela tem um livro de poesias publicado, e durante a infância ela lia muito para mim, ela adorava Vinícius de Moraes, tinha antologias várias dele, então meu primeiro contato foi me formando como pessoa, com a poesia, acho que por isso ela é tão importante na minha vida, porque desde criança eu tinha uma relação de afeto com a literatura”.

Quando eu leio eu reflito muito sobre a minha vida, meus posicionamentos, as minhas incoerências, principalmente. Quando eu leio poesia eu percebo muito traços meus que não estão exatamente no lugar que eu queria. E quando eu escrevo, eu consigo me confortar disso, quando eu escrevo eu me sinto muito amparada pela poesia. Por mais que eu tenha minhas falhas, como toda pessoa, por mais que eu esteja passando por algum momento, com alguma perturbação da vida, escrever poesia sempre me ampara e ler me denuncia essas falhas e escrever fala que está tudo bem ter essas falhas”.

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