Depois de cinco meses de espera, Daniel Schmalz ficou bastante decepcionado quando foi informado pela concessionária Volkswagen onde reservou seu novo Polo que não receberia mais o carro na configuração que gostaria. Durante a espera, o automóvel sofreu seu primeiro aumento de preços e passou a custar mais de R$ 70 mil. Schmalz havia escolhido um carro com valor abaixo disso, para poder ter direito à isenção de imposto destinado ao público PCD.
Em novembro de 2011, ele reservou o Polo 1.0 turbo Comfortline, a versão intermediária equipada ainda com o pacote Tech II, que custaria no fim das contas R$ 69.350. O carro novo deveria ser entregue até fevereiro de 2018, mas o prazo de entrega de três meses foi estendido e, em março, toda a gama do Polo teve seu primeiro aumento de preços. Como o carro ainda não havia sido faturado, a concessionária entrou em contato com Schmalz para avisá-lo de que a aquisição da versão solicitada com o pacote opcional Tech 2 não seria mais possível, pois seu valor final havia aumentado para R$ 70.650.
A loja então ofereceu duas opções: o cancelamento do pedido ou a troca pelo Polo Comforline com pacote tecnológico inferior (Tech I), que sairia por R$ 69.350. “É um absurdo nós clientes entrarmos com a compra em 24/11, por exemplo, e após 3 meses a fábrica nos impor isso: ou aceitamos o Comfortline com o pacote 1 ou o cancelam o pedido”, conta Schmalz.
O pacote opcional Tech 1 não conta com ar-condicionado digital, câmera de ré, detector de fadiga, sistema de frenagem pós-colisão, porta-luvas refrigerado e porta-malas com rede, itens presentes no kit Tech 2.
Mas Schmalz não foi o único consumidor a se sentir lesado. O mesmo aconteceu com Anderson Araújo, que considera o Polo um bom carro, mas não gostou da postura da concessionária durante a negociação. “O pacote Tech 1 não é ruim, Mas acontece que escolhemos um carro mais equipado e agora estamos sendo forçados a regredir nossos pedidos”, afirma.
Em busca de esclarecimentos, outros clientes tomaram a iniciativa de entrar com processos judiciais contra a montadora, outros decidiram aceitar o carro com um pacote inferior de equipamentos para não perder o prazo do processo para aquisição do modelo com isenção de impostos. “Pensei em entrar com processo, mas seria desgastante” conta o consumidor Dini Nelson. “Pedi o Polo com o pacote mais completo de equipamentos, mas me ligaram e ofertaram o menos equipado sem ônus. Já que teria que desembolsar em torno de R$ 700 a mais pela nova tabela, acabei aceitando”, afirma.
Para remediar a situação, algumas lojas tem oferecido o Polo Comfortline com o pacote Tech 1 sem o rejuste de preço sofrido em março. Mas esse negociação é apenas para os clientes que haviam feito o pedido até 28 de fevereiro.
Em nota, a Volkswagen afirma que os clientes que perderam o benefício da isenção após os reajustes de preço estão sendo individualmente contatados pelas concessionárias para negociação dos pedidos e “estão recebendo proposta para adequação dos modelos e opcionais de seus pedidos, a fim de ajustá-los às faixas de valores estabelecidos por lei para o benefício das isenções”.