As mudanças climáticas correm o risco de passar uma borracha nos progressos realizados na saúde pública nos últimos 50 anos, de acordo com o relatório The Lancet Countdown in Europe 2024, divulgado nesta segunda-feira (13).
Entre os anos de 1990 e 2022, houve um aumento de 9% na quantidade de mortes ligadas ao calor, mas esse número pode chegar a 11% no sul do continente, incluindo a Itália, que registrou um crescimento de 41% no número de dias de calor extremo.
O estudo da revista científica The Lancet, que acompanha o progresso na saúde e nas alterações climáticas no continente, ainda indicou que a insegurança alimentar moderada ou grave afetou quase 60 milhões de pessoas na Europa. No entanto, para 11,9 milhões, a insegurança é atribuída ao grande número de dias de calor e de seca.
As perdas econômicas em razão de eventos climáticos extremos foram estimadas em 18,7 bilhões de euros, valor que representa 0,08% do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa.
A revista ainda alertou que toda essa situação é propícia para o aumento de doenças sensíveis ao clima, como dengue, chikungunya, leishmaniose, malária e tantas outras.
“As mudanças climáticas estão aqui, na Europa, e matam. No entanto, levando em conta os dados que surgiram, as políticas para sistemas energéticos com emissões zero permanecem tristemente inadequadas e a tendência atual estima que este objetivo na Europa só será alcançado até 2100. São necessárias ações urgentes para proteger a saúde das alterações climáticas”, analisaram os pesquisadores.
O uso de carvão subiu para 13% do fornecimento total de energia da Europa em 2021, em comparação com 12% em 2020. Já 29 dos 53 países da região europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS) continuam a fornecer subsídios para combustíveis fósseis.
“As mudanças já estão causando danos à vida e à saúde das pessoas em toda a Europa. O nosso relatório fornece provas da situação alarmante do aumento dos impactos na saúde relacionados ao clima no continente, incluindo a mortalidade relacionada ao calor, doenças infecciosas emergentes e insegurança alimentar e hídrica”, disse Rachel Lowe, diretora do Lancet Countdown.
A pesquisadora acrescentou que limitar o aquecimento global a menos de 1,5°C através de uma “transição justa e saudável” traria benefícios que salvariam vidas.