Nuno Baez

Nuno Baez – Foto: Acervo Pessoal

Estou sentindo tanta falta de você

Estou morrendo de vontade de te ver
A gente se completa por inteiro

Com o peso certo e a medida
O nosso Amor se encaixa feito luva

Um presente da vida
E se completa feito o sal e o oceano
O sol que rasga a aurora atrevida

Nos céus os anjos fazem festa a favor

Um presente da vida

O meu louco amor

Minha flor carmim

Arco-íris multicor

A melhor parte de mim

O meu cobertor

O beija-flor e o jardim

É assim o nosso amor

A melhor parte de mim

Com a letra de “O beija flor e o Jardim” de Nuno Baez, quero fazer referência neste primeiro artigo do ano a nossa cultura, nossas tradições e costumes, que são os elementos que moldam a nossa identidade e que promovem a diversidade cultural de uma sociedade. Mas, por quê a diversidade cultural é importante? A cultura é um conceito bastante amplo e discutido ao longo da história da humanidade, pois é ela quem dá sentido à nossa vida em sociedade.  Nuno Baez é um “gentleman representante” da cultura cigana. Estive presente na criação da Academia Cigana de Letras, no Instituto Histórico, em Campo Grande e naquela ocasião pude conferir de perto.

Grupo ‘Ciganeando Por Aí’, de São Pedro da Aldeia (RJ) – Foto: Acervo Pessoal

Por assim dizer, o país é lar de três grandes grupos: os Rom, os Sinti e os Calón. A etnia Rom é o grupo originado no norte da Índia ainda no século VI, que atravessou o Oriente Médio e chegou na Europa no século XVI. A etnia Sinti é encontrada principalmente na Alemanha, Itália e França, onde também é conhecida como Manouche. E os Calón, palavra que deriva do Romani caló, que significa negro, passaram pela Turquia, Grécia, Espanha e Portugal até chegarem ao Brasil. O nome da etnia faz referência ao tom de pele do povo Calón. A expressão “baixo calão” vem da língua falada pelos Calón. A contribuição foi em vários aspectos, não só culturais, como históricos, socioeconômicos.

Desta feita, se pararmos para pensar em uma sociedade sem cultura, sem tradições, ela não existe, mesmo porque, o homem começa a viver efetivamente em sociedade não só porque ele começa a dominar as ferramentas e a domesticar animais, mas também ele vai desenvolver aspectos culturais que vão fazer sentido para aquela comunidade. Quando falamos em cultura é difícil nos referirmos a algo universal, porque cultura é identidade.

E Nuno Baez, representa esta musicalidade cultural. Cantor e violonista, seu repertório passeia por diversos gêneros e estéticas: em italiano, inglês e espanhol, flamenco, MPB, música regional, música sertaneja e composições autorais. Baez canta profissionalmente desde os 13 anos, iniciou sua trajetória na capital paulista em apresentações no Terraço Itália. Dos 24 aos 30 anos morou na Espanha, na França, Itália e Portugal, período em que pesquisou a cultura e a musicalidade desses países, em especial o flamenco. Veio para Campo Grande em 2004. Atualmente, possui mais de 1.600 músicas autorais de gêneros e estilos variados e idiomas como espanhol e italiano, além de buscar e preservar os ritmos ciganos.

Para finalizar, não é preciso ir muito longe, para encontrarmos representantes da etnia cigana. Elvis Presley e Charlie Chaplin eram descendentes diretos da etnia Rom. A mãe de ambos os artistas compartilhavam o mesmo sobrenome: Smith. Além dos astros do rock e do cinema, o 21º presidente do Brasil Juscelino Kubitschek também vinha de uma família cigana por parte de seu bisavô materno Jan Kubíček. Apesar do Brasil ter sido, um dos poucos, talvez o único país a eleger um presidente cigano. E por fim para desmistificar duas situações que seriam a bebida para indígenas, peço que entendam que apesar de terem aprendido a consumir o álcool seguindo os valores e rituais manifestados por seu grupo, muitos povos indígenas viram seu estilo de beber mudar e perder o vínculo com sua cultura. Assim, o uso das tradicionais bebidas fermentadas marcado pelos limites socioculturais deixou de ocorrer em boa parte das comunidades indígenas sul-americanas. Muitos passaram a beber outras substâncias em suas festas tradicionais, bem como em novos contextos. Essa nova forma de consumo é resultado das mudanças que ocorreram dentro das comunidades, como o contato interétnico, o aumento da circulação de bebidas na região das aldeias e o advento das bebidas industrializadas. Em contrapartida no que se refere ao estigma que o povo cigano já sofreu eu complemento da seguinte forma. Quando alguém “falar mal” de outro alguém principalmente se essa pessoa não está presente, acautele-se.  Mas posso afirmar que cada um tem seus defeitos e qualidades, e sempre dê luz maior as qualidades seja quem for. Entretanto, se precisar de um apoio de um amigo cigano, tenho certeza que ouvirá: Diga quando, onde e que horas?  Simples assim!

Vídeo gentilmente cedido pela TV Brasil Pantanal

*Articulista

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