A história de um país que remete-nos a antiguidade histórica também leva-nos a homenagear nesse 22 de novembro a história de um povo que carrega em sua bagagem a marca das lutas, das dificuldades, e mas também não tão menos importante uma sequência de muitas conquistas, alegrias e glórias. Propugnavam, apesar de desgastado pelas guerras que travou para conquistar, não territórios ou riquezas, mas, sim, uma identidade, uma cultura e o respeito dos outros povos. A história libanesa remonta há mais de seis mil anos de cultura e escrita, herdando todo o arcabouço adquirido pelas viagens de comércio do antigo povo fenício, que tantas contribuições nos legou.
Foi cultuando os valores que consagram a liberdade e o amor ao próximo que adquiriram sua identidade política, consolidando uma realidade que já se projetara na história. Criou o alfabeto fonético, o Alfabeto de Biblos, com 22 letras, e propagou-o pelo mundo. Também Biblos é a cidade mais antiga do mundo a editar a Bíblia.
Já no século II depois de Cristo, Beirute era chamada de a Mãe das Leis, porque já possuía sua Escola de Direito, que teve um papel preponderante no Código de Justiniano. Nessa Constituição, Papiniano, ensinou que a igualdade de todos é a liberdade de cada um. Regra que se fosse seguida à risca, facilitaria enormemente nossas relações interpessoais
Seguindo a história, quando o império otomano ruiu, a França e a Reino Unido disputaram o território entre si. Depois de alguns desentendimentos, chegaram a um acordo em 1916: a Síria e o Líbano ficariam com a França, e o Egito, a Jordânia e o Iraque, com os britânicos. Com fulcro no lema “dividir para governar”, a França tratou de separar administrativamente o Líbano da Síria, formando dois Estados.
No que tange à origem da palavra “Líbano” ou “Lubnam”, a versão mais discrepante das demais é aquela segundo a qual o termo deriva da raiz árabe “Lbn”, que significa “branco” ou “ser branco”, em referência ao cume do monte de mesmo nome, que fica coberto de neve até o começo do verão.
Outrossim, a simbiose do homem da montanha e do homem do mar moldou o libanês com nítidos contornos de humanismo, propiciando-lhe as condições necessárias para a edificação de uma civilização expansiva e liberal, acessível a outros povos, muitos dos quais a assimilaram em função de uma real identificação com ela. Olhando por este prisma, ser libanês espelha-se no supedâneo do reconhecimento cabal da condição de País dos Cedros; de ponto de equilíbrio e encruzilhada da cultura ocidental com várias culturas orientais de países de língua árabe, de assimilador de raças e de harmonizador de credos religiosos
É mister ressaltar que a imigração libanesa para o Brasil começou há mais de 140 anos, quando no porto de Santos desembarcaram as primeiras famílias. Aliás, para se ter uma ideia a cidade de Lucy, é uma cidade libanesa onde mais se fala português do que árabe. Ao fugir das perseguições econômicas e políticas, das guerras e da falta de oportunidades que lhe eram oferecidas na época, os libaneses encontraram o Brasil eivado de generosidade e hospitalidade, fato que propiciou-nos a chance de construir juntos um País diferente para os nossos filhos; com expectativa de vida, trabalho e lazer. Fato vivenciado pelo paulista de Tietê Michel Miguel Elias Temer Lulia, Presidente da República Federativa do Brasil, filho de Nahul Temer, que cultivava azeitonas em seu país de origem; e com os descendentes de Assaf Trad e Margarida Maksoud, Marcos Marcelo Trad, (cujo nome homenageia o tio, comercialino ícone como cronista esportivo) que na gestão atual administra a capital do Estado de Mato Grosso do Sul.
Urge inferir, que a integração do imigrante não se limitou à sua adaptação aos costumes e ao estabelecimento de laços familiares, posto que o Brasil devolveu aos libaneses a oportunidade de poderem sonhar novamente. E essa essência não pode ser mudada. Se continuarmos nesse norte, fatalmente teremos uma nação mais unida e essa união, essa vontade de ser livre é que faz do nosso país um celeiro para a humanidade.
*Articulista