“O ‘Campão’ celebra com orgulho os 45 anos de MS”

Entrevista com Eduardo Romero, secretário de Cidadania e Cultura de Mato Grosso do Sul

Eduardo Romero, secretário de Cidadania e Cultura de MS – Crédito: Marithê do Céu

O secretário de Cidadania e Cultura, Eduardo Romero, afirma que a segunda edição do “Campão Cultural” vem para reforçar a colocação de Mato Grosso do Sul em um lugar de destaque no panorama dos festivais brasileiros. Além disso, o “Campão Cultural” também comemora os 45 anos de criação do Estado.

Eduardo Romero também ressalta que um dos desafios é fazer a junção entre a cidadania e cultura e não deixar que o festival seja apenas um local de shows artísticos. Para ele, o fato de MS ter três festivais multiculturais de grande porte também é motivo de orgulho para todo sul-mato-grossense. Confira abaixo a entrevista.

COMO É COMEMORAR OS 45 ANOS DE MS NO DIA 11 DE OUTUBRO COM O CAMPÁO ACONTECENDO?

EDUARDO ROMERO – São 45 anos de construção deste Estado. Mato Grosso do Sul é um Estado jovem, mas que já mostrou que é diferenciado. Até pouco tempo nós éramos confundidos com outro Estado e hoje somos referência nacional em gestão, nosso plano de vacinação eficiente, que foi o que permitiu a gente retomar os eventos presenciais, criar o “Campão Cultural” e chegarmos hoje a segunda edição.  Mato Grosso do Sul tem se despontado como um espaço no Brasil onde grandes empresas tem tido interesses de investir aqui os seus recursos, trazer as suas unidades pra cá e a gente tem também o orgulho de ser o Estado do Brasil que mais investiu em pesquisa científica, que mais concedeu bolsas para as universidades, para os estudantes do ensino médio, graduação e pós-graduação. Então, comemorar 45 anos de Mato Grosso do Sul com a segunda edição do “Campão Cultural” é celebrar a energia, a festa e o orgulho de ser sul-mato-grossense. É um grande presente para Mato Grosso do Sul este festival, justamente na semana de seu aniversário, porque é a oportunidade de todos os sul-mato-grossenses se reunirem, estarem juntos, desfrutarem da melhor produção regional, nacional e saberem que a gente tem muito orgulho de ser sul-mato-grossense, um Estado que, cada vez mais, está ocupando um lugar de destaque no Brasil.

COMO VOCÊ ANALISA A INICIATIVA DA CRIAÇÃO EM 2021 DO ‘CAMPÃO CULTURAL’ DEPOIS DE LONGOS ANOS SEM UM NOVO FESTIVAL DE GRANDE PORTE NO ESTADO?

EDUARDO ROMERO – O “Campão” é um marco na história cultural do Mato Grosso do Sul. Há muitos anos a Capital merecia, pedia e necessitava desse festival que é um grande encontro de arte, cultura e cidadania. Em 2021, por meio da Secretaria de Cidadania e Cultura junto com a Fundação de Cultura de MS e o governo do estado de Mato Grosso do Sul, resolvemos criar um festival voltado pra Capital e nasce o “Campão Cultural” justamente pra atender esse desejo antigo, essa característica de Campo Grande de ser a Capital dos encontros, a Capital da miscigenação, mas que ainda faltava um grande festival pra coroar e pra poder ter esse grande momento festivo com a arte e cultura. E o festival vem justamente depois de um período pandêmico que foi muito sofrido pra todos nós. Ficamos dois anos presos em nossas casas, sem poder ter convívio social, sem poder desfrutar dos espaços públicos, sem poder estar junto com as pessoas que amamos e sem poder desfrutar do que o é melhor que as cidades e os espaços oferecem. Então o “Campão” vem, justamente pra isso, pra ser esse marco nessa retomada dos eventos presenciais, nesse reencontro dos espaços públicos, nessa reafirmação de nossas identidades, das nossas culturas, dessa pluralidade, multi culturalidade que faz parte do Mato Grosso do Sul. Ele surge justamente pra trazer esse novo clima, esse novo significado da vida em sociedade no período de pós-pandemia.

O MATO GROSSO DO SUL ATUALMENTE É UM DOS POUCOS ESTADOS DO PAÍS A TER TRÊS FESTIVAIS MULTIARTISTICOS TODOS OS ANOS: FESTIVAL DE INVERNO DE BONITO, FESTIVAL AMÉRICA DO SUL PANTANAL E O CAMPÃO CULTURAL. QUAL A IMPORTANCIA PARA O GOVERNO EM PRODUZIR ESTES TRES FESTIVAIS?

EDUARDO ROMERO – A importância primeiro é ser o momento dos encontros, depois de é ser o espaço das trocas das nossas produções culturais, das nossas relações fronteiriças, nacionais, internacionais, onde a gente tem mostrado que para a cultura não existem fronteiras e sim movimentos que precisam ser assegurados e incentivados. E o Poder Público, em especial o governo de Mato Grosso do Sul, a Secretaria de Cidadania e Cultura, nós temos muito orgulho de ter três grandes festivais em Mato Grosso do Sul que são referências nacional e internacional. Cada um com a sua característica, cada um com seu estilo, cada um com a sua própria identidade, com seu formato de ser, mas os três tendo em comum essa realização de ter a cidadania, a arte e a cultura, onde os eventos não se resumem única e exclusivamente as apresentações de palco. Eles perpassam todos os espaços das cidades, a interação com os espaços públicos das praças, dos bairros, das escolas, das associações, as formações onde os artistas podem trocar experiências, fazer rodas de conversa, conversar com produtores. Onde a população pode se servir também das oficinas que são oferecidas e despertar os seus próprios talentos. Então é uma troca intensa, são três grandes festivais que têm uma grande sinergia e uma grande dedicação. Porque eles trazem esse conceito da cultura como um todo. A cultura como uma grande manifestação da vida e da vida em sociedade. Então essa é uma característica dos nossos festivais e é um orgulho pra Mato Grosso do Sul ser um Estado que, até pouco tempo, era tido como um Estado periférico no cenário dos grandes festivais nacionais. Nossos três festivais trazem os olhares de todos os cantos para o Mato Grosso do Sul.

COMO O “CAMPAO” SE DIFERENCIA DO FESTIVAL DE BONITO E CORUMBA?

EDUARDO ROMERO – O “Campão” ele se diferencia muito dos festivais de Bonito e Corumbá primeiro por ele ser o maior. Em termos de duração, na primeira edição, foram 15 dias e essa segunda edição tem oito dias. Ele é um festival extremamente urbano, voltado pra arte contemporânea, então ele traz a linguagem da cultura de rua. A mistura dessa ocupação dos espaços públicos, no sentido de não só levar as atividades pros bairros, para as comunidades, mas deixar nos bairros e as comunidades as impressões e os resultados dessas intervenções que são muitas no “Campão”, como o muralismo, a batalha de banda, uma apresentação de teatro, com oficinas e rodas de conversa. O “Campão” tem essa característica de ocupar esse espaço urbano, de trazer um olhar pra Campo Grande de metrópole, de uma Capital, olhar pra cidade enquanto as manifestações culturais que pulsam no seu dia a dia, no seu cotidiano, entre o seu trânsito, entre as atividades rotineiras da cidade, despertando um olhar pra que a arte e a cultura seja sempre esse alimento da alma, esse alimento do espírito.

QUAIS AS AÇÕES QUE A SECIC ESTÁ REALIZANDO DENTRO DO FESTIVAL EM 2022?

EDUARDO ROMERO – A SECIC não está separada da Fundação de Cultura. A Fundação de Cultura é uma autarquia ligada a SECIC e todo o planejamento, o pensamento do “Campão Cultural” é feito em conjunto. Tanto a Secretaria quanto a Fundação planejam as ações em conjunto a programação. As ações que serão realizadas de atividades, formato do evento, os lugares públicos que serão ocupados e a SECIC que, para além de pensar e planejar todo do evento junto com a fundação, ela também oferece serviços. Por exemplo, ela leva o Programa Cidadania Viva, que são os jovens desse programa ocupando esses espaços e mostrando seus talentos com a arte do muralismo, que inclusive esse ano acontecerá nos tapumes da obra do Centro Cultural José Otávio Guizzo, e ao mesmo tempo, em um bairro, na associação Mãe Águia que presta serviços pra famílias vulneráveis e ao mesmo tempo o espaço para as comunidades tradicionais, nossas oito etnias indígenas, como elas são, como elas vivem e as suas características culturais. Também a SECIC oferece as rodas de conversa, suas oito subsecretarias que trabalham com as Políticas de Direito. Mas o principal fato da SECIC é fazer com que o festival não seja só artístico, mas uma extensão do que a gente entende por cidadania. Você pode falar em cidadania quando as pessoas tem direito pleno a ser quem elas são, a viver como elas gostariam de viver e a ter os seus espaços garantidos para suas manifestações sejam elas artísticas, culturais ou de qualquer natureza. Então, esse é o grande diferencial, é colocar o tema cidadania e cultura juntos, porque eles nunca foram separados e nem tem como separar porque ou você é um cidadão que tem todos os seus aspectos garantidos ou você não consegue exercer a sua cidadania em nenhuma forma.

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