Um dos grandes vilões na luta contra o COVID-19 é o pânico coletivo que ele tem gerado. Apesar dos especialistas alertarem que não é necessário ter pânico, não é da escolha racional do indivíduo comum tê-lo ou não. Na realidade, o pânico é tão contagioso quanto qualquer vírus e isso pode acarretar em um grande problema social, promovendo violências generalizadas.
Quando um grupo é acometido pelo pânico, ele acaba por regredir a um estado mental mais infantilizado, gerando duas situações: a primeira, uma grande ansiedade e furor, a qual deixa atônito cada indivíduo do grupo; e a segunda, promove atitudes de violência generalizadas. Esses estados mentais levam a três consequências principais:
Primeiro, quem fica atônito perante ao objeto fóbico, neste caso o novo coronavírus, tende à desistência. O que pode acarretar em um descuido com a própria prevenção do vírus, levando o indivíduo a se contaminar e transmitir para outros. Quem desiste acredita que todos irão contrair o vírus e que pode ser o fim de tudo; contudo, assim como as crianças da Itália mostraram que há esperança, não é hora de desistir, é hora de prevenir.
A segunda consequência é a já conhecida reação de fuga diante do pânico. Isso faz com que os indivíduos queiram abastecer suas casas com mantimentos e se isolarem. É verdade que o isolamento social é recomendado, mas o estoque de mantimentos pode acarretar tanto em violências, saques e furtos nos estabelecimentos, quanto deixar outros indivíduos passando necessidades.
A terceira e última consequência é o enfrentamento, na psicanálise denominada de contrafóbico, ou seja, o indivíduo vai tentar enfrentar o que lhe dá medo, pois o medo do objeto fóbico é pior do que o próprio objeto. Isso acarreta, assim como a primeira consequência, na não prevenção. O indivíduo no estado de enfrentamento fica tentado a ir em aglomerações para se sentir mais forte que o vírus, bem como promover contato físico com conhecidos, o que aumenta as chances de contágio e transmissão do vírus.
O que a população necessita neste momento é bom senso. Seguir os conselhos oficiais, fazer a sua parte na prevenção, pois, com certeza, os danos do novo coronavírus serão aplacados.
*Leonardo Torres, Professor e Palestrante, Doutorando em Comunicação e Pós-graduando em Psicologia Junguiana