Não é que 2023 começa com o retorno à normalidade, uma verdadeira volta à Vida, à alegria reinante em meio a uma população que, sobretudo a partir de 2018, se sentia na contramão de tudo, acuada e sem perspectivas?
O dia 1º de janeiro de 2023 passa a ser marco do reingresso do Brasil ao concerto das nações, depois de mais de quatro anos de vergonhosa exclusão do papel proativo e altivo da política externa brasileira, bem como do histórico reencontro do Governo Federal (com maiúsculas, por favor) com a Sociedade Civil (idem). Apesar de a familícia que tomou de assalto os destinos do País ter feito de tudo para impor-lhe um papel menor, subalterno e caudatário, a vocação brasileira é de vanguarda.
Apesar do luto oficial pela eternização de Edson Arantes do Nascimento, o eterno Pelé, e do Cardeal Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento XVI, cujos velórios sabiamente se iniciaram em 2 de janeiro, esta nação majoritariamente católica soube guardar o devido respeito sem abrir mão de celebrar, comemorar, festejar o triufo da Democracia, do Estado de Direito, respeito à diversidade e garantia à pluralidade. E assim cidadãos de todas as regiões deste país-continente desafiaram as ameaças recorrentes dos galinhas verdes e tonton macoutes e se permitiram prestigiar e participar do Festival do Futuro, com a participação de artistas de todo o País.
Não houve uma nação do mundo que não tenha repercutido, dias atrás, a eternização de Pelé e, no primeiro dia do Ano Novo, a posse de Lula. Dois filhos de Famílias proletárias, saídos do interior e à procura de novos horizontes. Pertencentes à mesma geração, cada qual em seu universo, mas com a mesma determinação e percepção: se não houvesse a censura nas décadas de 1960 e 1970, teríamos conhecido Pelé e Lula da maneira mais real, não nas ‘quatro linhas’ (sic) de seu contexto, de seu ofício.
Pelé sempre foi santista, ainda que tivesse contraído suas primeiras núpcias com Rose, em 1966, uma corintiana fanática, que foi até a sede do Santos F.C. para pedir a Pelé e demais craques santistas que não ‘surrassem’ o Corinthians. O próprio Pelé disse que foi amor à primeira vista, tanto que acabou em casamento, que durou 12 anos. Já Lula, um corintiano não fanático, que sempre admirou o talento de Pelé e a garra do ‘Peixe’, sofreu o famoso ‘jejum’ de mais de 15 anos de seu time, mas que nem por isso guardou alguma mágoa dos craques santistas, que tornaram o Brasil tricampeão em 1970, além de respeitado em todo o Mundo.
As novas gerações não imaginam, mas no tempo da (mal)ditadura, este era o ‘mantra’ reinante: ‘estudante deve estudar’, ‘trabalhador deve trabalhar’, ‘padre/freira deve rezar’, ‘jogador deve jogar’… Só arenistas e militares podiam fazer de tudo, desde que não saíssem do ‘combinado’ com os generais de plantão (vejam-se os ocorridos com Pedro Aleixo, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, Djalma Marinho, Flávio Marcílio, Célio Borja, Severo Gomes e Euler Bentes Monteiro, para citar os casos mais conhecidos). Arenistas e militares (de alta patente), podiam tudo, inclusive atrapalhar a vida de todos e todas, basta ver a biografia de gente íntegra como o Doutor Wilson Fadul (ex-ministro da Saúde), Doutor Amorésio de Oliveira (advogado e grande patriota que, nas palavras do ex-governador José Fragelli, “amava mais o Brasil que a Deus”) e do Doutor Francisco Pecy de Barros Por Deus (advogado, pecuarista e brilhante deputado estadual), além dos Irmãos Wilson e Plínio Barbosa Martins, segregados da vida política nesse período.
Resguardadas as proporções, o mesmo Povo Brasileiro que generosamente ofereceu à humanidade atletas com o talento de Pelé — aquele menino pobre, afrodescendente e de talento único que tornou o Brasil reconhecido e amado em todos os quadrantes da Terra –, com igual desenvoltura revelou ao concerto das nações um estadista que conquistou respeito e admiração de todos os povos.
Em síntese: Pelé é Rei no Planeta, seja do futebol, da Concórdia, do Armistício, do Amor e da Paz. Lula é o Estadista da Humanidade, tanto no combate à fome quanto na luta pela Igualdade e Amizade entre os povos, pela Soberania e a Paz Mundial. Ainda que vira -latas de muitas torcidas, de muitas ideologias, teimem em apequenar o altivez do Povo Brasileiro, os dois são a prova eloquente da genialidade, da generosidade e da grandeza desta nação-continente fruto da miscigenação.
É que o recalque, a inveja, expressão maior da falta de caráter e de atributos maiores, costuma ser pródiga em nossas extensas plagas. Alguém se lembra, por dizer, do nome do carrasco que ceifou em 1792 a Vida de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes? Ou do nome do capitão do mato que em 1695 assassinou Zumbi dos Palmares? Diferente, é claro, no nome dos mandantes/assassinos de Marçal de Souza em 1983, Chico Mendes em 1988, Irmã Dorothy Stang em 2005, Marielle Franco e Anderson Gomes em 2018, e Dom Philips e Bruno Pereira em 2022. Aliás, todos esses crimes cometidos para atender aos interesses das elites, que sempre tiveram um, senão os dois, pés na lama…
Daqui a alguns anos ninguém se lembrará do nome de Sérgio Moro e de outros sequazes, como Dalton Dallagnol, e da alcateia que eles produziram na política, verdadeiro(a)s fascistas que só perversidades produziram no brevíssimo tempo em que tomaram de assalto os destinos deste país-continente. Não citarei seus nomes porque são indignos de serem mencionados. Por isso, inomináveis. Na ótica das elites que padecem do complexo de vira-latas, a sua falsa verdade, para fazer jus a Joseph Goebbels, aparentará sempre ser hegemônica, mas no devir do tempo, esse senhor da razão, a verdade sempre haverá de vir à tona.
O Povo Brasileiro, de onde Pelé, Lula e tantos outros filhos proletários vieram para fazer o Brasil triunfar, é maior que quaisquer facínoras travestidos de mito, herói, justiceiro ou cinicamente patriota. A História, esta com letra maiúscula, é realizada pelos feitos sinceros e reais do proletariado, gostem ou não os feitores e seus amos e senhores. Felizes e transformadores 2023, 2024, 2025, 2026, 2027, 2028, 2029, 2030, 2031, 2032…
*Ahmad Schabib Hany