Infinita gratidão por Você e pela apaixonante população de seu País, Presidente Lula! Enquanto seus desafetos torcem para que a nave em que estão exploda, como escorpião que prefere sucumbir a conter a maldita sina de cravar sua peçonha nas costas de quem generosamente o tentar salvar, Você mostra o seu coração imenso, a sua competência ímpar de brasileiro formado na adversidade da Vida e alimentado no generoso leite da Mãe guerreira do trópico exuberante e acolhedor, tal qual o ventre materno.
Grande como Você, é o País que escolheu Você três vezes, não por acaso. O único cidadão brasileiro três vezes Presidente da República em eleições diretas, secretas e universais, sem censura, sem fraudes, sem favorecimento. ‘Órfãos’ e ‘viúvos’ da (mal)ditadura vivem a proferir impropérios, porque não têm argumentos. É a falta de argumentos que os leva ao delírio, ao devaneio, ao escárnio. Tiveram, por meio de vias tortuosas, quatro anos para mostrar a que vieram, mas a falta de objetividade, de competência e, sobretudo, de amor verdadeiro pelo Brasil e pelo Povo Brasileiro fez com que o País fosse à deriva.
Coube a Você, Presidente Lula, a tarefa histórica de, após um período de perseguição não visto com outro dignitário (nem Getúlio Vargas suportou a avalanche que se projetou sobre ele, 69 anos atrás), reconstruir o Brasil em ruínas pelos ‘patriotas’ de araque e, sobretudo, reerguer a autoestima do altivo Povo Brasileiro, sábio e justo em seu proceder cidadão.
Nem Jesus, o Cristo, nascido em Belém, na Palestina, dois milênios atrás, foi unanimidade entre os seus contemporâneos. Quando Pilatos deu a eles a escolha entre o Messias e o ladrão, não titubearam em traí-Lo. Entre os 12 apóstolos houve um que acintosamente o traísse, sem qualquer hesitação, e por 30 moedas! Hoje, 1990 anos de sua condenação pelo império romano, depois de denunciado por Anás e Caifás, os grandes rabinos que se incomodavam pelo santo legado de Cristo, ainda há os que usando o Seu nome teimam em traí-lo, tergiversando seu legado de caridade, humildade, amor e paz.
Mas como bom cristão, Você, Presidente Lula, sabe oferecer a outra face, jamais usou da vingança, a Lei de Talião, ‘olho por olho, dente por dente’, para lidar com seus detratores. São outros os que se autoproclamam ‘cristãos sionistas’, e tentam confundir os verdadeiros cristãos com uma exegese bizarra, fora da Doutrina Cristã, erigida sobre o santo legado de Cristo, de jamais recorrer ao ódio e à vingança. Parece não quererem aceitar o Novo Testamento. Parece quererem recorrer a interpretações outras que não cristãs.
Mas nosso reconhecimento, sincero e profundo, Presidente Lula, nasce de um convívio, ainda que à distância, iniciado em um inesquecível encontro na Mitra Diocesana de Corumbá, quando o querido e saudoso Dom José Alves da Costa, então Bispo Diocesano no coração do Pantanal e da América do Sul, em fins de setembro de 1998, me convidou a acompanhá-lo em uma memorável agenda com os então candidatos Luiz Inácio Lula da Silva e José Orcírio Miranda dos Santos. Com a sabedoria e humildade peculiares, Dom José, durante o encontro, me pediu que fizesse uma síntese das demandas sociais de Corumbá, constantes da Agenda 1998 do Pacto Pela Cidadania, ao que Você, Presidente Lula, também humildemente observou que o Zeca do PT estava na iminência de ir para o segundo-turno e vir a ser, como foi, governador de Mato Grosso do Sul, e então pediu que as demandas das que o Pacto Pela Cidadania era porta-voz fossem endereçadas para o Zeca, cabendo a Você, Lula, ser articulador, como foi, junto à bancada do PT no Congresso Nacional a repercussão dessas reivindicações.
Desde então, pude constatar que Você não era ‘qualquer’ agente político, mas um efetivo ativista social transformador, o que se confirmou com seu desempenho como Presidente da República a partir de 2003. Além da capacidade inesgotável de governar para todos em um país cuja história é marcada pela exclusão, seu proceder de quem acredita e respeita de fato em sua Nação tornou este país-continente um importante Estado respeitado no concerto das nações. Essa foi, aliás, a verdadeira razão pela qual recalcados e recalcadas de todos os quadrantes do País se mobilizaram a partir de 2013 contra Dilma Rousseff e Você.
Como diria o saudoso Cecílio Gaeta, cuja biografia o genial Jornalista e Escritor Edson Moraes haverá de nos presentear qualquer dia, não tenho dúvida: “Canta, canta, Nilton César, que cada verso seu é uma punhalada no coração de meus inimigos…” Pois é. Cecílio Gaeta se foi, dias atrás, e seus ‘inimigos’, em sua maioria, também já partiram desta. Mas o recalque permanece nos olhos estatelados das hordas raivosas a perambular pelos quatro cantos deste país que, para felicidade de todos e todas, tem uma considerável parcela de pessoas lúcidas e cheias de empatia que teimam manter a Nação em seu lugar.
Quando as ratazanas do ‘centrão’, cínica e acintosamente, ‘enquadram’ seu Governo, sob qualquer pretexto, saudosos das emendas secretas do inominável (e agora inelegível), os porta-vozes do apocalipse (GAFE: Globo, Abril, Folha e Estadão) silenciam coniventes. Mas é só Você, o maior Estadista do século XXI, elevar o tom ante as atrocidades no cruel massacre de inocentes da história da humanidade cometidos sob as câmeras, ao vivo, que surgem uníssonos, feito hordas de hienas, para atacá-lo e aos mais importantes membros de seu gabinete ministerial pelas razões mais pífias.
O inominável não só recebia, inclusive fora da agenda, todo tipo de gente, inclusive líderes milicianos conhecidos, mas a imprensa embolorada do eixo Rio-Sampa não cobria, no máximo dava uma nota em suas colunas do tipo Informe JB. Não, com Você tem que ser diferente, pois Você, Presidente Lula, é suspeito até provar sua inocência. Não veem que mesmo depois de a Justiça ter reconhecido os descaminhos da ‘Leva Jeito’ e desmascarado a quadrilha de Curitiba, ainda os malucos de todas as tribos insistem que Você é culpado e tem que permanecer preso. Mas é por ser a única forma de os golpistas continuarem a saquear o País, essa é a pura verdade.
Lembra-se de ‘Geni e o Zepelin’, do querido Chico Buarque (1979)? “Joga pedra na Geni! / Joga pedra na Geni! / Ela é feita pra apanhar! / Ela é boa de cuspir! / Ela dá pra qualquer um! / Maldita Geni!” Pois é, quando o inominável (tão odiento quanto o barão do Zepelin) atentava contra as instituições nacionais, Você, Lula, era lembrado, mas agora que está a recolocar o País no concerto das nações, não, não é mais digno de confiança: vamos de Alckmin… (Ainda bem que seu Vice, Geraldo Alckmin, tem dignidade, diferentemente do também ‘patrício’ Michel Temer, pois é abissal o assédio pra cima dele.)
Uma anedota do tempo da ‘O Cruzeiro’, preconceituosa mas representativa da conduta dos ‘penas de aluguel’ nos traz esta pérola (transcreverei apenas a parte que vem ao caso): certa ocasião um renomado jagunço que em vez de pistola usava a pena de escrevinhador a ‘serviço do cliente’) foi procurado por um poderoso para que ‘fizesse um serviço’. Feita a oferta em dinheiro e a identificação da vítima do crime de difamação, o jagunço, para espanto do cliente, recusou-se peremptoriamente: “Não, patrão. Não posso aceitar, esse rapaz é meu Amigo, e eu não difamo Amigo, não. Nem adianta aumentar o valor do serviço, que não posso aceitar.” Mas o ‘coronelzão’ não se deu por vencido, e dobrou a proposta, aliás, um valor para ele irrecusável: “Não, patrão. Já disse que não vou aceitar, esse rapaz é meu Amigo.” Acostumado a ter tudo o que queria, não hesitou em quintuplicar o valor, e, diante da soma incontável, o jagunço, trêmulo, balbuciou: “Estou começando a sentir raiva desse meu Amigo…” Mas aí o coronelzão não mais quis que fosse o ‘Amigo’ do jagunço a vítima de difamação, mas a própria mãe do jagunço metido a besta.
É como funciona o mercado ‘paralelo’ da etiqueta da jagunçada, segundo David Nasser, renomado diretor da revista e autor célebre de “Falta alguém em Nuremberg”, a propósito do empoderado cuiabano do tempo de Getúlio Vargas, homem forte também do regime de 1964, morto em desastre aéreo em julho de 1973, quando o Boeing 707 da Varig incendiou e explodiu próximo ao Aeroporto Internacional de Orly, em Paris.
Gostem ou não, Você, Presidente Lula, é o nosso Charles De Gaulle, grande Estadista, o maior do primeiro quartel do século XXI. Embora De Gaulle fosse conservador, foi grande nacionalista e, para desespero do ocidente, anti-imperialista. Incomodou muito enquanto foi o chefe de Estado da França, em plena guerra fria. E Você tem todo o direito de dizer o que pensa, sim, parabéns, e obrigado pela solidariedade à população da Palestina!
Grande abraço, Presidente Lula, sorte e bênçãos em sua trajetória! Vida longa e muita saúde a Você, à Janja e toda a sua querida Família!
*Ahmad Schabib Hany