A odontofobia é real. Mesmo com a facilitação do acesso à informação, o medo de ir ao consultório do dentista persiste quase como um fator cultural entre brasileiros. Talvez isso ajude a explicar como, mesmo sendo um dos países com maior número de dentistas por habitante no mundo, o Brasil tem cerca de 16 milhões de pessoas vivendo sem nenhum dente. É o que mostra o levantamento mais recente do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), que apurou ainda que outros 34 milhões já perderam 13 ou mais dos 32 dentes (28 se forem retirados os sisos) que um adulto tem.
Como reforça o cirurgião-dentista e Doutor em Endodontia, Vinícius Caixeta, a higiene em casa é fundamental, mas só ela não é suficiente para garantir a saúde bucal plena. “É apenas no consultório que nós conseguimos uma higienização melhor, uma limpeza especializada. É ela que vai prevenir problemas como cáries, gengivite, hipersensibilidades e evitar o desfecho mais drástico que é a perda do dente”, pontua.
Medo sem fundamento?
Como qualquer tratamento de saúde, os procedimentos dentários também podem ter um período de recuperação e desconforto, mas o especialista explica que, em grande medida, o medo desses tratamentos está mais ancorado em crenças populares.
“Os pacientes já chegam com um conceito prévio com relação a esse tipo de tratamento porque ouviram de alguém que não é agradável, que é doloroso ou que já fez um tratamento de canal que deu errado e o dente teve que ser extraído”, relata o endodontista.
Diante disso, Vinícius Caixeta explica que é papel do dentista desfazer esse temor que ainda persiste entre os brasileiros. Segundo ele, o primeiro passo é ter empatia com esses pacientes e estabelecer um laço de confiança por meio da boa comunicação e clareza sobre cada tratamento dentário. “Por exemplo, é preciso explicar que ele vai ser anestesiado e que, ao contrário da crença comum, o procedimento não deve ser doloroso”, salienta. Por isso mesmo, o especialista conta que mantém a proximidade com seus pacientes durante todo o processo e checa sua recuperação após os tratamentos para garantir que tudo correu bem.
Além da dor
Contudo, Vinícius lembra que a odontofobia vai além do medo da dor e tem manifestações mais específicas como a aversão à agulha usada na anestesia e dos aparelhos odontológicos em geral, o receio com relação ao custo do tratamento e até mesmo o medo de ser malvisto pela condição de seus dentes.
“Há até mesmo um medo de julgamento, de ouvir do profissional que sua saúde bucal está muito ruim. Geralmente esses pacientes já chegam ao consultório traumatizados”, explica. Também por isso, ele reforça a importância da empatia dos profissionais de odontologia.
Evasão do consultório
O odontólogo e Doutor em Endodontia, Vinícius Caixeta reforça que a visita regular ao dentista é indispensável. “A boca é a porta de entrada de microrganismos e dali podemos ter uma potencialização de problemas bucais e também sistêmicos, pois estão todos interrelacionados”, argumenta.
Porém, dados do Ministério da Saúde apontam que mais da metade da população brasileira não vai ao dentista sequer uma vez ao ano. Ainda que essa seja a frequência mínima recomendada pelo órgão federal, Vinícius explica que aconselhável fazer uma visita a cada seis meses. Já pessoas que com predisposição a problemas dentários, especialmente periodontais, podem precisar de intervalos ainda mais curtos.
O mesmo vale para pessoas que já fizeram algum tratamento dentário. “É necessário manter essas visitas regulares para não ter o agravamento das alterações que surgiram anteriormente e já foram tratadas, pois podem ocorrer recidivas”, finaliza o especialista.