Corumbá (MS) – Começou na manhã desta quinta-feira (24.05) a Oficina Arte de Aguapé, ministrada pelas Mulheres de Fibra de Ladário, na Sede da Associação dos Militares da Reserva da Marinha. A oficina vai até sexta como parte da programação do 14º Festival América do Sul Pantanal.
O público alvo são mulheres em situação de vulnerabilidade econômica e social, vítimas de violência doméstica e beneficiárias do programa de renda do governo. O objetivo principal é fornecer uma alternativa de geração de renda para as mulheres e fortalecer a autoestima por meio da arte, além de proporcionar uma oportunidade de convivência e socialização.
Uma das ministrantes da oficina, a presidente da Associação Mulheres de Fibra de Ladário, Lúcia da Costa Vieira, explica que a matéria-prima, a fibra de aguapé, ou camalote, é retirada diretamente do Rio Paraguai. Nós entramos no rio, recolhemos a fibra e deixamos secar por uma semana, para depois tingir com tinta cilíaco a álcool ou trabalhar no cru mesmo. Um dia depois já pode trabalhar. É melhor trabalhar com a fibra úmida, para não quebrar”.
As possibilidades de produtos são inúmeras. Dá para fazer bolsas, blusas, saias, chapéus, bijuterias, suporte para panelas, leques, tapetes, porta-retratos, cortinas, guirlandas de Natal. Todo o material para a oficina é cedido gratuitamente pela associação para as participantes.
Fermina Velasquez, pensionista, e sua filha Elizete Márcia de Assis, diarista, ficaram sabendo do curso por meio da presidente da Associação. Elas têm contato com o artesanato de fibra de aguapé pela primeira vez durante o Fasp. “Achei lindo o artesanato delas, quero também começar a vender. É um dinheirinho que vai entrar. Além disso, distrai, você vai se interessando cada vez mais”, diz Fermina.
“Toda vez que tem curso aqui em Ladário em faço”, falou Elizete. “Com o tempo, a gente pode fazer pra vender, ter nossa própria renda. Acho muito interessante o trabalho, me sinto aliviada, é uma terapia. Cada vez a gente progride mais”.
A vendedora e estudante do Ensino Médio Jociara dos Santos Albertone está confeccionando um suporte para panelas, que ela pretende deixar na Associação para vender. “Esta é a peça básica, para começar. Achei interessante, tem muitas coisas boas para aprender, você tem sua criatividade, você faz”.
A presidente da Associação diz que a entidade surgiu a partir de um curso que foi ministrado no Moinho Cultural, em 2010, com convênio com a Prefeitura. “Eles trouxeram um professor de Brasília que trabalha com capim dourado para repassar a técnica para dez mulheres no curso. Com incentivo, fundamos a Associação em 2011. Tudo o que nós fazemos, vende. O trabalho é em conjunto, a renda é dividida entre as artesãs e o que eu faço, eu separo uma parte para a entidade.
Delari Maria Bottega é a orientadora da entidade. É ela que cuida da parte burocrática, cuida da conta bancária, da papelada para regularização, das atas, participação em projetos e prestação de contas. “Desde que estou como orientadora sinto que as mulheres procuram principalmente por uma ocupação e ter uma renda extra. As pessoas às vezes estão doentes, algumas fazem quimioterapia, hemodiálise ou estão com depressão, e procuram uma forma de convivência com outras pessoas. É o lado familiar, mesmo, a melhora da autoestima fica evidente”.
A Associação conseguiu uma parceria com a empresa francesa de cosméticos l’Occitane, que extrai a essência do perfume da folha e do talo do aguapé para confecção de produtos. “Estamos conhecidas até na França. O convênio vai até 2020, e a empresa devolve uma parte da venda para nós. Temos participação nos lucros, mas só podemos investir este recurso com atividades da Associação”.
Os produtos que forem confeccionados durante a oficina e outros produzidos pelas demais artesãs da Associação vão estar expostos e comercializados neste sábado à noite, no estande do Festival na Avenida 14 de Março, em Ladário. Compareça e venha conhecer o trabalho destas Mulheres de Fibra.