Segundo estudo realizado pelo psicólogo e escritor Andrew Solomon, que é ativista da causa homossexual e um dos principais estudiosos do mundo sobre depressão e outras doenças mentais do mundo, 7,3% da população LGBTQ+s tentam cometer suicídio quatro vezes ou mais, enquanto essa estatística ocorre somente em 1% da população heterossexual. Atualmente, a falta de aceitação, exclusão, discriminação e violência em locais de convivência são as principais queixas dos indivíduos pertencentes à comunidade em questão.
Dentre os motivos citados, o mais importante de se trabalhar é a autoaceitação. Esse processo nem sempre é o mais fácil ou até mesmo o menos traumático. A pessoa vai se percebendo, e, com isso, vai falando a respeito dos sentimentos, tentando não reprimir seus desejos e vontades. Muitos não se aceitam, se culpam, e a culpa é o pior dos algozes.
Em meio a tantas dificuldades, no mês de maio, ocorreram dois grandes acontecimentos para a população LGBTQ+. No dia 20, a OMS oficializou a retirada da classificação da transexualidade como transtorno mental da 11º versão da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas de Saúde (CID). Três dias depois, seis dos 11 ministros do STF votaram a favor da criminalização da homofobia. Por isso, o mês do orgulho LGBTQ+ se inicia em clima de vitória. Junho é a época em que o movimento sai às ruas, em vários municípios brasileiros, para reivindicar cidadania e direitos pela luta contra a lgbtfobia, dentro do evento da Parada Gay.
Conforme argumenta o médico Dráuzio Varella, a orientação sexual não é uma escolha e sim uma característica de nossa personalidade que nos é imposta. Prova disso é que a homossexualidade não é característica exclusiva aos seres humanos. Por isso, quem trata os indivíduos LGBTQ+ como pessoas que têm desvios psicológicos, e, por conta disso, propaga um preconceito, o faz por ignorância.
Dentre os pacientes LGBTQ+, os principais motivos que levam ao desenvolvimento de transtornos psicológicos são a pressão da sociedade e o que a mesma classifica como padrões éticos e morais. Essa resistência de aceitação por parte da sociedade quando se trata dessa minoria se afirmar majoritariamente, por questões fundamentalmente religiosas. Conforme estudo conduzido pela equipe de Emmanuele A. Jannini, professor de Endocrinologia e Sexologia Médica na Universidade de Roma Tor Vergata, na Itália, culturas fortemente permeadas pela hipermasculinidade, misoginia e atitudes moralistas, estão ligadas à homofobia. Em outras palavras, os indivíduos são moldados pelo que a sociedade prega ao seu redor.
Portanto, é importante buscarmos, primeiramente, o conhecimento necessário para entendermos a diferença do outro e ter empatia. Aceitar é um processo, uma situação que não nos é cobrada, mas respeitar é, e recentemente por lei, obrigação de todos. Quando compreendermos que devemos agir com menos preconceitos, bullying e exclusão; e com mais escuta e amor, teremos um mundo muito mais sadio mentalmente e, consequentemente, mais seguro de se viver.
(*) Source: jornal.usp.br/atualidades/colunista-explica-por-que-junho-e-o-mes-do-orgulho-gay
**Sabrina Ferrer é psicóloga-chefe do FalaFreud. Possui 14 anos de experiência na área de psicoterapia e Gestão de Pessoas. Sua abordagem é baseada na Psicanálise e Teoria Cognitivo Comportamental. Atua em clínicas atendendo adolescentes com questões emocionais, autoconhecimento, adultos com os mais variados sintomas e situações, além de idosos em casos de depressão e falta de motivação.