Tem sido comum depararmo-nos com pequenos grupos de amigos, unidos de certa forma por liames com teor romântico, seguro e benigno para utilizar o narguilé, naguilê, nargue, hookah, shisha ou como preferir denominar. Certo é que ele realmente se transforma no centro das atenções, quando as pessoas começam a ilusionarem e soltar fumaça pelo nariz ou fazer anéis no ar.
Historicamente encontramos no livro: Aventuras de Alice no País das Maravilhas” (1865), de Lewis Carrol, a personagem Lagarta Azul, sentada sobre um cogumelo, de braços cruzados, fumava tranquilamente um longo narguilé, quando Alice a encontrou. Entre uma tragada e outra, a Lagarta Azul, com voz lânguida e espreguiçando-se, conversava com Alice, de maneira temperada.
Atualmente algumas variações nos componentes: fumo de limão com cachaça em lugar da água ou fumo de cappuccino e café gelado; ou ainda fumo de frutas (laranja, pêssego, limão e uva) com vinho ou espumante no lugar da água fazem a alegria dos jovens. Outras variações já na forma de consumir, como por exemplo a ?peruana? que consiste no ato de puxar uma quantidade razoável de fumaça e soprar na boca do homem amado.
Na verdade, o “narguilé” teve origem no Oriente, onde é largamente usado, e é um “cachimbo de água”. Além desse nome, de origem árabe, também é chamado de hookah (na Índia e outros países que falam inglês), shisha (nos países do norte da África), e independente das variações de nome há diferenças regionais no formato e no funcionamento, mas o princípio comum é o fato de a fumaça passar pela água antes de chegar ao fumante. Uma das versões é a de que o narguilé teria sido inventado na Índia do século XVII, pelo médico Hakim Abul Fath, como um método para retirar as impurezas da fumaça. O funcionamento desse cachimbo é bem simples: ao aspirar o ar pela mangueira, o ar aquecido pelo carvão passa pelo tabaco, produzindo a fumaça que passa pela água onde é resfriada e segue pela mangueira até ser aspirada pelo usuário.
O alerta a ser feito é que o artefato conduz também substâncias tóxicas, idem ao cigarro, e torna-se perigoso por conta do compartilhamento (costuma ser fumado em grupo) e das substâncias liberadas na queima do carvão. Desta forma, existe o risco de se contrair doenças infectocontagiosas, como herpes e hepatite C, por exemplo. Não obstante, como o segundo derivado de tabaco mais consumido entre os jovens, o narguilé pode levar ao câncer, enfarte, aneurisma e doenças respiratórias, além de ser considerado uma porta de entrada para o cigarro.
A Câmara de Campo Grande, já havia aprovado o projeto de lei, apresentado pelo vereador Ayrton Araújo que instituiu campanha permanente de orientação sobre os malefícios de seu uso, e essa semana, por 19 votos a 4, os vereadores aprovaram, restrições ao “Narguilé” em locais públicos. O Projeto de Lei 9.157/18, recebeu emenda, autorizando o uso em tabacarias e congêneres, espetáculos e shows musicais, com ambientes específicos para a prática, ficando vendada a permanência de crianças ou adolescentes nestes locais. O descumprimento da lei implicará em multa de R$ 500, dobrado o valor, em caso de reincidência.
Reitero que, apesar de ser mais atraente do que o cigarro comum, por apresentar sabor e odor mais agradáveis, e por unir grupos afins, ao seu redor, o “narguilé” pode ser ainda mais invasivo a saúde, do que o próprio fumo tradicional. É pra se pensar. A discussão está a mesa e segue para apreciação do Prefeito Municipal Marcos Trad.
*Articulista