Uma parábola antiga é a do sapo e o escorpião.
Ela conta que, certa vez, o escorpião pediu ao sapo que o levasse à outra margem do rio.
“Não vou te carregar porque se no meio da travessia você me der uma ferroada, eu vou morrer”, respondeu o sapo.
“Mas se isso acontecesse, eu também morreria, porque não sei nadar”, argumentou o escorpião.
Convencido, o sapo aceitou a proposta.
No meio do rio, o escorpião mordeu o sapo e ambos começaram a afundar.
“Por que você me fez isso? Agora vamos morrer os dois”, disse o sapo.
“Lamento, mas é da minha natureza. Sou um escorpião”, foi a resposta.
Esta parábola é lembrada aqui porque, mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro atacou nesta sexta-feira a imprensa e a democracia, numa solenidade de formatura de policiais militares no Rio de Janeiro.
Segundo ele, a imprensa “defende canalhas” e o persegue, referindo-se a informações sobre a suposta ajuda da Abin à defesa de seu filho Flávio, envolvido no escândalo de corrupção das “rachadinhas”. O discurso foi feito numa cerimônia de formatura de policiais militares no Rio.
O episódio confirma, mais uma vez, que no que diz respeito à liberdade de expressão e ao compromisso com a democracia, o presidente se assemelha ao escorpião da parábola: é irrecuperável.
A ABI, por sua vez, não arredará pé de seus compromissos com a defesa da liberdade de imprensa e os direitos garantidos na Constituição.
*Paulo Jeronimo – Presidente da ABI