Indígenas LGBTs existem e a diversidade também é uma realidade presente entre os povos originários do Brasil, seja nas aldeias ou em centros urbanos. Essa é a mensagem principal por trás do Tibira, projeto de mídia social, independente e colaborativo, presente no Instagram e Facebook.
À frente da iniciativa, apresentada como inédita, estão sete jovens, com idades entre 19 e 32 anos, pertencentes a territórios tradicionais nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Espírito Santo, Bahia, Pará, São Paulo e Maranhão. São três mulheres (duas lésbicas e uma bissexual), três homens gays e uma pessoa que foge ao binarismo sexual e de gênero, se identificando como queer.
Trata-se de um coletivo representado por membros das etnias Terena, Tupinikim, Tuxá, Boe Bororo e Guajajara. Uma cabocla paraense, com raízes no Baixo Tocantins, completa a lista de integrantes. A maioria tem nível superior e está na pós-graduação, desenvolvendo pesquisas de ações afirmativas entre seus povos. Juntos neste projeto, eles querem discutir questões colonizadoras e dar visibilidade à causa, abrindo espaço para outros integrantes da sigla. O objetivo do grupo é promover a troca de experiências e informações, fortalecer protagonismos entre indígenas e aliados, na tentativa de construir um movimento social solidificado, levando em conta, sempre, aspectos próprios da cultura em que estão inseridos.
Boe Bororo, natural da aldeia Meruri, reserva indígena de General Carneiro (MT), o designer e mestrando em antropologia social pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Neimar Leandro Marido Kiga, de 23 anos, que hoje mora em Campo Grande (MS) para estudar, resume a proposta em entrevista ao Dois Iguais.