Mesmo possuindo um dos maiores rebanhos comerciais de gado do mundo e fazer parte dos líderes mundiais em exportações de carne, o comércio e a qualidade dos produtos bovinos brasileiros voltaram a ser amplamente discutidos em todo território nacional, desde a deflagração da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que, entre outras instituições, investigou a JBS, empresa pertencente aos irmãos Joesley e Wesley Batista, que também participaram de um processo de delação premiada referente a irregularidades no governo Temer.
Com essa sucessão de crises, a confiança da população brasileira e dos compradores internacionais tem se abalado cada dia mais, impactando diretamente no rendimento dos pequenos pecuaristas, que estão sendo obrigados a vender seus produtos a um preço abaixo da média do mercado. Em entrevista a web rádio Agromundi, o médico e prefeito de São Miguel do Araguaia, Nélio Pontes da Cunha (PSDB), explica que toda a região do Vale do Araguaia se tornou refém dos preços extremamente baixos, além de possuírem, praticamente, apenas uma opção de comprador, que é justamente um frigorífico da JBS, localizado em Mozarlândia, distante 180 km da cidade.
“Em média, é preciso gastar R$ 180,00 para produzir uma arroba de boi, mas a JBS nos obriga a vender para eles por um valor que gira em torno de R$ 130,00, fazendo com que o mercado local de carne se torne insustentável. Eles tomaram conta de quase 100% do mercado regional de produção bovina, estamos vivendo uma situação muito preocupante, não só na economia, mas também no âmbito social, pois a geração de empregos acaba caindo em nossa região”, declarou Nélio.
De acordo com o gestor, a melhor solução para a atual crise seria uma união entre produtores e gestores locais para forçar a JBS a vender ou reabrir os inúmeros frigoríficos comprados pela companhia e que nunca foram abertos. “Eles são donos de construções frigoríficas em diversas cidades do Estado, mas que continuam fechados, obrigando os produtores a venderem seus bois apenas para eles. A classe precisa se unir e pressionar com mais força o governo e a própria JBS, para que reabram ou vendam os frigoríficos, assim teremos mais diversidade nos preços e um mercado mais saudável”, explicou o prefeito.
Para mais informações sobre a situação dos produtores da região de São Miguel do Araguaia e ouvir a entrevista completa com o médico e prefeito da cidade, Nélio Pontes da Cunha, basta acessar o portal Agromundi (http://www.agromundi.com.br/), e clicar na aba “Podcast”.