Em razão dos impactos econômicos da pandemia de Covid-19, o empreendedorismo avançou neste ano em Mato Grosso do Sul. É o que comprova a 5ª edição do estudo Impactos do Coronavírus sobre o Comércio de Bens e Serviços de Mato Grosso do Sul, realizado pelo Sebrae/MS e o Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Fecomércio-MS (IPF-MS), com o apoio do Sindivarejo Campo Grande.
Segundo o estudo, o empreendedorismo atingiu o maior patamar desde o início da pandemia, com um crescimento de 5% para a categoria formal e de 21% para a informal neste mês de maio. Para a analista-técnica do Sebrae/MS, Vanessa Schmidt, o resultado demonstra uma escalada do empreendedorismo por necessidade. “Para muitas pessoas que perderam seus empregos, ou que estavam trabalhando como informais, o empreendedorismo veio como uma opção forte de manutenção e recuperação da renda, nesse cenário incerto da pandemia”, explica.
Em meio a esse cenário de empreendedorismo, a pesquisa aponta ainda uma tendência dos empresários em demitirem menos nos próximos três meses. Conforme o estudo, o acesso ao crédito e a utilização de estratégias para a atratividade de consumidores foram fatores que podem ter contribuído para essa perspectiva. Além disso, os principais mecanismos de retomada da economia foram a vacinação (20%), o acesso ao crédito (16%), normalidade (15%), divulgação e vendas on-line (13%) e redução tributária e desburocratização (11%).
Otimismo no segmento empresarial
Para mitigar os efeitos econômicos da pandemia, os empresários adotaram diferentes estratégias visando manter as vendas e adequar-se ao novo cenário, com a implementação de medidas de redução de custos (44%), a obrigatoriedade do uso de máscaras (34%), o controle da lotação (25%), adequações na estrutura física (24%) e o atendimento agendado (10%).
Os empresários também estão com uma perspectiva mais positiva para este ano – a maioria (48%) está otimista e, o início da campanha de vacinação é apontado como um dos principais fatores. Os empreendedores mais confiantes com a medida de saúde estão na região do Pantanal (80%), seguidos pelos da região Leste (75%), Sudoeste (71%) e Centro-Norte (62%). Em todo o Estado, 69% dos empresários estão animados com a imunização da população.
“Ainda temos quedas de faturamento em alguns segmentos, mas temos outros que estão despontando. Com o início da vacinação, percebemos um clima de otimismo bem maior. E esse otimismo todo consegue influenciar de certa forma as tomadas de decisões e as questões relacionadas às intenções de consumo”, analisa a economista do IPF-MS, Daniela Dias.
Apesar do otimismo dos empreendedores, a pesquisa aponta que houve um crescimento do nível de medo entre os consumidores. “Provavelmente impulsionado pelo aumento de números de casos de Covid-19 que tivemos em MS”, aponta Vanessa Schmidt. “Já entre os empresários, existe uma visão mais positiva, impulsionada pelas questões de biossegurança, do fato de que as empresas já tiveram uma curva de aprendizado do que podem fazer para operar de forma segura, e elas também usaram outras estratégias, como negociação com os fornecedores, alteração nos canais de comercialização, adequação no formato de comunicação, entrega e venda com o cliente”, complementa.
Mudanças de hábito nos consumidores
O estudo também aponta mudanças de hábitos entre os consumidores sul-mato-grossenses em decorrência da pandemia, principalmente em relação à saúde física e mental: 38% da população passou a se alimentar melhor; 27% passou a praticar mais exercícios físicos; 26% ficou com problemas psicológicos/emocionais; 23% ficou mais ociosa e 17% passou a consumir suplementos e/ou vitaminas.
“A pandemia continua trazendo os seus reflexos negativos para a vida das pessoas e os negócios, mas não podemos olhar apenas para este ponto de vista, justamente porque tivemos diversas alterações comportamentais que foram consideradas positivas, e também um período de aprendizagem que deve ser considerado no pós-pandemia. Temos um percentual maior de pessoas praticando exercícios físicos, tendo uma alimentação considerada mais saudável”, destaca a economista do IPF-MS, Daniela Dias.
Os consumidores também apontaram preferências no momento das compras: 73% preferem comprar presencialmente de uma loja física, 20% preferem os canais virtuais, 17% preferem comprar de pequenas empresas para evitar aglomeração, 15% preferem compras de empresas próximas de casa para evitar aglomerações e 13% comprariam vouchers, com preços especiais, das empresas que já são clientes.
Sobre a pesquisa
O estudo Impactos do Coronavírus sobre o Comércio de Bens e Serviços de Mato Grosso do Sul ouviu 1.696 consumidores entre os dias 30 de março a 15 de abril de 2021, com 95% de nível de confiança e 3% de margem de erro. Também foram entrevistados 103 empresários entre 26 de abril a 05 de maio, com 95% de nível de confiança e 8% de margem de erro.
A pesquisa contemplou a participação de 18 municípios de MS: Amambai, Aquidauana, Bandeirantes, Bonito, Campo Grande, Chapadão do Sul, Corumbá, Costa Rica, Dourados, Ivinhema, Jardim, Maracaju, Naviraí, Nova Andradina, Paranaíba, Ponta Porã, São Gabriel do Oeste, Três Lagoas. O levantamento completo está disponível no DataSebrae.