Resgatar a história para servir de exemplo para as novas gerações que estão chegando. Em cada edição do A Tribuna de Surf Colegial, surfistas que ajudaram a escrever a história do esporte são lembrados e homenageados. A iniciativa é do diretor-presidente da TV Tribuna e idealizador do evento, Roberto Clemente Santini. “Hoje o surf é uma potência, mas para chegar a esse nível o esporte teve seus pioneiros que ajudaram muito a construir essa imagem”, comenta.
Um dos primeiros surfistas de Guarujá, Ronaldo Hipólito, o Pardal, será o homenageado no 22º A Tribuna de Surf Colegial. Ele receberá uma placa durante a premiação do evento, neste domingo, na Praia do Tombo. “Sem dúvida será uma emoção e tanto”, destaca o surfista de 64 anos, 50 dedicados à paixão pelo surf. “Surfo sempre que posso e a frequência nunca é quanto eu gostaria”, diz.
O primeiro contato com o surf ocorreu por meio de uma publicação do Reader’s Digest – ‘Cavaleiros das ondas do mar’, apresentando pioneiros do surf no Havaí, em 1965. “Na época, o surf já era praticado por três esportistas de Guarujá, Guaracy Pedro Moraes, Carlos Almerindo Fabris e Silvio Maria Daige (os dois últimos já falecidos), meus mentores, que além de nadadores de competição, tinham pranchas de surf”, lembra.
Pardal, na época, já tinha contato com o mar, praticando o skimboard. “Porém a convivência na praia e a admiração pelo esporte dos reis havaianos logo despertou o interesse em ter uma prancha, fato que na época não era tão fácil como hoje”, conta o surfista.
Influenciado por um colega de escola, Eduardo Faggiano, de São Vicente, que já produzia suas pranchas, decidiu fabricar seu próprio equipamento. “A princípio de madeira, os Madeirites, e posteriormente as pranchas de eps e fibra de vidro”, recorda Pardal, elogiando a iniciativa do Sistema A Tribuna em promover o Colegial. “Nobre iniciativa que atrelando o esporte ao desempenho escolar, não só favorece os atletas dedicados com bolsas de estudo de suas instituições escolares, como evita a evasão escolar com tal motivação”, completa.
O 22º A Tribuna de Surf Colegial tem início no domingo, às 8 horas, com as finais realizadas das 15h30 às 17h. Em ação, as categorias iniciante (no máximo 14 anos), mirim (até 16 anos), júnior e feminina (ambas com limite de 18 anos), além da disputa por escolas.
Depoimento de Ronaldo Hipólito, o Pardal
A época era de convulsão mundial, a contracultura influenciava o Mundo com os festivais de música, os hippies e tudo mais e a Califórnia, onde tudo acontecia, ditava os novos conceitos comportamentais. Os filmes como “Ride The Wild Surf” e “Endless Summer” alimentavam mais ainda a paixão pelo esporte das ondas. Clubes de praia como o Caiçara Clube, em Santos, e Clube da Orla, em Guarujá, promoviam os primeiros campeonatos, atraindo praticantes do Rio de Janeiro, onde o Surf já estava em estágio mais avançado, incentivando mais ainda o desenvolvimento do esporte.
A fabricação de pranchas de modo artesanal proliferava e logo apareceram várias marcas, como a Twin, dos irmãos Argento, a Surf Champion, de Christian Frutig, e Homero Surfboards. Nessa época, final da década de 60, as pranchas em sua constante evolução começaram a diminuir de tamanho e os astros do surf internacional mostravam as novas possibilidades nas ondas. Os pranchões deram lugar às “mini models” e os pranchões eram descascados de seu revestimento de fibra de vidro para a reutilização do núcleo de poliuretano ou eps na modelagem de novas pranchas.
A vida era a praia, o ranking não era estabelecido pelos esporádicos campeonatos e sim pela habilidade e coragem nas ondas e o respeito era estabelecido por esse critério. Havia a rivalidade entre os integrantes dessa tribo, mas era fundamentado unicamente no desempenho nas ondas.
Ao observar a evolução do Surf, não me espanto ao constatar o progresso do esporte, seja em equipamentos ou desempenho nas ondas. Essa é a tônica desse esporte de evolução constante. A prática esportiva do surf elevou o surfista atual a um patamar no qual o atleta além da habilidade natural, desenvolveu táticas de competição, preparação física e conduta social, fatores que forjaram novos profissionais técnicos na modalidade esportiva que contribuíram para um novo e melhor conceito sobre os praticantes do surf.
Meu nome é Ronaldo Hipólito, apelido Pardal, meus ídolos são muitos e cito alguns que me influenciaram no início, como o professor Guaracy, o amigo Eduardo Faggiano, o Cocó, meus contemporâneos que continuam surfando como os irmãos Mansur, Elias, Wady e Fuad, os surfistas fabricantes de pranchas dentre eles meu filho Roni Hipolito que além de ter sido um dos campeões da cidade, produz as pranchas The Kryp, em parceria com surfistas shapers da região, e os astros do surf, como Slater, Florence, Medina, Matos, Mendes e muitos outros, que são ídolos de todos nós surfistas. Aloha e viva o Surf!