Por que a Fiat desistiu do 500 e de outros carros pequenos na Europa?

Modelos subcompactos serão substituídos por outros maiores, baixa lucratividade e vendas são razões

Simpático e pequeno, Fiat 500 não terá substituto (Foto: Divulgação)

Simpático e pequeno, Fiat 500 não terá substituto (Foto: Divulgação)

Aquela imagem de carrinhos pequenos e fofos andando pelas estreitas ruas da Europa vai ficar cada vez mais rara. A Fiat admitiu que vai parar de fazer carros nessa classe, o que significa o fim do 500 e do igualmente tradicional Panda.

A notícia foi dada pelo pessoal do Automotive News. Em apresentação dos lucros do terceiro trimestre a analistas de mercado, Mike Manley, CEO da Fiat Chrysler Automobiles, afirmou: “Em um futuro muito próximo vocês verão que nós vamos focar novamente em segmentos de volume de vendas e margem maiores. E isso envolve a nossa retirada do segmento dos minicarros”.

Subcompactos estão cada vez mais raros. Mesmo os últimos foram viabilizados apenas por meio de parcerias entre os fabricantes. O próprio 500 tem projeto compartilhado com o Ford Ka europeu.

Ford Ka europeu dividiu projeto com o 500 para ser viabilizado (Foto: Divulgação)

Ford Ka europeu dividiu projeto com o 500 para ser viabilizado (Foto: Divulgação)

As atuais exigências de segurança e de conteúdo levariam a um aumento significativo nos preços, comprometendo ainda mais o (já combalido) volume de vendas do segmento.

O Volkswagen Up vive o mesmo dilema na Europa e no Brasil – ainda que a nossa variante seja maior. Sem substituto previsto, o carrinho alemão será substituído por um novo modelo elétrico.

Ambos carros da Fiat já estavam envelhecidos. O Fiat 500 tem 12 anos de idade – o lançamento original foi em 2007. O subcompacto nem sequer é oferecido nos Estados Unidos e também foi descontinuado no Brasil.

Mesmo na Europa, onde as ruas apertadas e combustível caro incentivam a compra de carrinhos do tipo, as vendas caíram 9% somente no primeiro semestre de 2019.

Por sua vez, o Panda de terceira geração começou a ser vendido em 2012. Diferentemente do 500, o “Uno” europeu teve vendas ampliadas em 15% no mesmo período.

Mas nada disso muda o fato de que ambos precisarão mudar de geração em breve, um investimento alto para um pequeno retorno em termos de lucratividade e participação de mercado. A Fiat não está disposta a isso.

A situação do fabricante é diferente no Brasil. Por aqui, os carros pequenos têm menos conteúdo agregado que por lá e são bem mais baratos para serem projetados e produzidos.

Fiat Panda é bem parecido com o Uno brasileiro (Foto: Divulgação)

Fiat Panda é bem parecido com o Uno brasileiro (Foto: Divulgação)

As datas de retirada do mercado dos carros ainda não foram anunciadas, mas, segundo o Automotive News, o movimento de mudança de subcompactos para novos compactos acontecerá até 2024.

Será que alguns dos novos projetos já serão feitos sob o guarda-chuva da aliança entre FCA e Peugeot Citroën (PSA)? O timing indica que sim. Esperar frutos imediatos da parceria seria demais.

Esse tipo de acordo demora muito a gerar carros em comum. Mas até 2024 seria mais do que possível. Esperamos por um Argo à europeia. Com base de Peugeot 208.

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